Com algumas dicas simples, fica fácil cuidar bem dos cachorros e garantir a saúde e o bem-estar.
Cachorro é tudo de bom. Infelizmente, eles não vêm com manual de instrução e, para alguns tutores, especialmente os de primeira viagem, pode ser difícil cuidar bem dos melhores amigos. Algumas atitudes são tão corriqueiras que nem lembramos os prejuízos que causam: é o caso, por exemplo, de alimentar os peludos com restos de alimentação humana.
Mesmo assim, os cachorros são criaturas fáceis para conviver. Eles têm as suas exigências, é verdade, mas as necessidades de atenção, cuidado, proteção, educação e aconchego são os principais motivos para adotar um peludo.
Quem adota um cachorro precisa estar ciente de que está formalizando um relacionamento de longo prazo: a maioria dos cães vive de 12 a 15 anos, mas alguns ultrapassam os 20 com certa facilidade. É preciso estar disposto a renunciar a algumas coisas, para garantir o bem-estar dos filhos de quatro patas.
01. Forneça alimento adequado
Existem muitos alimentos disponíveis no mercado. De acordo com a disponibilidade financeira dos tutores, o ideal é optar pelas rações premium e super premium. Elas são mais caras, mas oferecem todo o necessário para a saúde e a qualidade de vida dos cachorros, nas diferentes etapas.
Os tutores também podem optar por comida caseira, mas é preciso ter disponibilidade para cozinhar diariamente, combinando gorduras, proteínas, açúcares, vitaminas e sais minerais na dosagem certa: uma comida gordurosa pode provocar obesidade, por exemplo.
Algumas rações rotuladas como “standard” podem ser oferecidas. O importante é conversar com o veterinário, que eventualmente pode sugerir alguns suplementos nutricionais.
02. Controle a quantidade de comida
Alguns cães são muito gulosos e vorazes – isto pode trazer problemas de sobrepeso e obesidade no médio prazo. Os grandões, que engolem tudo de uma vez, podem experimentar transtornos gastrointestinais (inclusive uma torção gástrica). A solução é oferecer porções menores, mais vezes por dia.
De qualquer maneira, a maioria dos cães nunca perde uma boquinha. Trata-se de um gesto instintivo – na natureza, nunca é possível saber quando a próxima refeição estará disponível. Os tutores precisam resistir aos pedidos insistentes, até que os peludos se conformem com a situação.
Se decidir troca a marca da ração, consulte o veterinário previamente. Leia os rótulos com atenção, para garantir que todas as necessidades nutricionais do cachorro sejam supridas pelo novo produto, que pode exigir a oferta de porções maiores ou menores.
Mantenha o cachorro afastado de alimentos humanos. Alguns são totalmente contraindicados, como alho e cebola, uvas, abacate e chocolate, enquanto a maioria não fornece os nutrientes necessários. Além disso, a nossa comida é sempre mais condimentada do que o recomendado para os peludos.
03. Não se esqueça da água
A água é uma substância fundamental para a vida. Ela não fornece nutrientes, mas garante a hidratação necessária para todas as células do organismo. Alguns cachorros não gostam muito de beber líquidos, mas precisam ser estimulados pelos tutores.
Nos dias quentes, por exemplo, pode-se fazer picolés para os peludos. Basta congelar um petisco qualquer em uma forma de gelo e oferecer o cubo. Mesmo que o petisco não seja o preferido do cachorro, a curiosidade o obrigará a lamber até descobrir o que está escondido.
Brincadeiras com água também são bem-vindas e a maioria dos peludos se diverte. Não é preciso ter uma piscina à disposição dos cachorros: basta uma bacia, uma mangueira ou mesmo um spray. Algumas raças adoram nadar e mergulhar, mas uma brincadeira de espirra-espirra diverte cães de todas as idades e portes.
04. Respeite o porte, a idade e o sexo
O relacionamento com os cachorros, como já foi dito, é uma experiência de longo prazo, na qual os tutores experimentam as diversas etapas dos melhores amigos – da curiosidade incansável dos filhotes à placidez e equilíbrio dos idosos.
É importante respeitar também o porte dos cachorros. Para um maltês ou shih tzu, por exemplo, subir um degrau é um verdadeiro desafio, enquanto um dogue alemão pode saltar um lance de escada sem desalinhar o pelo.
Para os cachorros pequenos, os tutores podem providenciar rampas de acesso e certificar-se de que eles não correm riscos de cair de janelas, escadarias ou mesmo de um sofá. Os grandões naturalmente exigem mais espaço e não é recomendado criar cães de raças grandes em apartamentos ou casas sem quintal.
Algumas raças caninas apresentam forte dimorfismo sexual (diferenças entre machos e fêmeas). É o caso do poodle e do husky siberiano, por exemplo. As fêmeas tendem a ser mais carinhosas, mas o comportamento é instável nas cadelas não castradas, justamente em função da produção hormonal.
Garantir a esterilização dos cachorros, aliás, é uma tarefa fundamental para os tutores responsáveis. A castração evita gestações indesejadas, brigas entre machos pelas fêmeas receptivas, fugas e os consequentes acidentes (quedas, atropelamentos, etc.).
05. Estabeleça uma rotina de visitas ao veterinário
Manter uma rotina de cuidados com a saúde não faz parte das preocupações da maioria dos brasileiros, que quase sempre procura um médico apenas quando está doente. Este é um hábito que precisa ser alterado – e os cães também precisam de atenção veterinária.
O desenvolvimento dos filhotes precisa ser acompanhado com cuidado. Além disso, os pequenos precisam receber todas as doses de vacinas e vermífugos. O veterinário também pode identificar eventuais problemas congênitos, que podem ser curados ou tratados para garantir a qualidade de vida.
A partir dos 18 meses de vida, os cachorros podem comparecer ao consultório médico apenas uma vez por ano, para manter a vacinação e a vermifugação em dia e também para acompanhar o surgimento de eventuais transtornos e distúrbios.
À medida que a idade avança, os cuidados se tornam mais frequentes. Os cães de grande porte atingem a terceira idade mais cedo, por volta dos seis anos (mas o dogue de Bordéus, por exemplo, já é “velhinho” aos quatro anos). Os pequenos, em geral, podem ser considerados adultos saudáveis até os dez ou 12 anos.
Machos e fêmeas intactos (não castrados) requerem cuidados com maior frequência, especialmente as cadelas. É bastante comum o desenvolvimento de doenças como a piometra (uma inflamação uterina). Além disso, os cachorros não esterilizados apresentam propensão muito maior para o desenvolvimento de cânceres no pênis, testículos, útero e ovários.
Não se esqueça de manter os dados do veterinário sempre à mão, para eventuais emergências: sempre podem ocorrer acidentes com traumas, ingestão acidental de produtos tóxicos, etc.
Se preciso, verifique a possibilidade de contratar um seguro de vida e saúde para o seu peludo. As despesas médicas podem surpreender os tutores, especialmente quando se torna necessária a realização de exames e procedimentos cirúrgicos.
Algumas faculdades de Medicina Veterinária oferecem serviços gratuitos (ou a preço de custo), mas geralmente são restritos a urgências e emergências. Raras cidades brasileiras são equipadas com equipamentos de saúde veterinária, mas os tutores devem verificar todas as possibilidades ao alcance.
06. Verifique alguns parâmetros diariamente
De maneira geral, os cachorros são muito resistentes à dor. Quando eles começam a exibir sintomas, quase sempre as doenças já estão avançadas. De qualquer maneira, os sinais são muito difusos: falta de apetite, desinteresse por brincadeiras, diarreias e vômitos leves, etc.
Os tutores podem observar o cocô, xixi diariamente, em busca de sinais. A urina deve ser amarelo-claro. As fezes quase sempre são compactas (secas), com pouco cheiro e a evacuação costuma ocorrer apenas uma ou duas vezes por dia.
É importante verificar também a temperatura corporal, especialmente quando surgem alguns sinais de que alguma coisa está errada. Lembre-se: a temperatura normal dos cachorros varia de 38,5ºC e deve ser tomada por via retal.
O focinho e as patas também podem fornecer algumas dicas. A trufa (a ponta do focinho, onde ficam as narinas) está praticamente o tempo todo úmida (naturalmente, quando o cachorro passa a manhã enrolado nas cobertas, a umidade tende a desaparecer), enquanto os coxins plantares (as almofadinhas embaixo dos dedos) são uniformes e sem rachaduras.
07. Providencie a identificação
Em algumas cidades brasileiras, o RGA (registro geral animal) é obrigatório para todos os cachorros e também para outros animais de estimação que tenham acesso às ruas, mesmo que de maneira eventual. Trata-se de uma plaquinha de identificação que pode ser afixada à coleira, com nome, número de identidade e um meio de contato com o tutor.
O RGA é útil em casos de perda ou fuga. Uma forma de identificação mais completa é a microchipagem. Um dispositivo digital minúsculo, do tamanho de um grão de arroz, é implantado sob a pele. Um scanner especial pode acessar os dados, como nome, endereço, telefone de contato e até condições de saúde do pet.
Os leitores de dados, no entanto, estão disponíveis por enquanto apenas em alguns abrigos, hospitais e consultórios veterinários. Os serviços de segurança pública não dispõem do equipamento. A identificação, desta forma, depende da disponibilidade dos scanners.
No caso dos cães de raça, a identificação é obrigatória para confirmar a procedência e fica a cargo dos criadores e tutores, que devem providenciar o pedigree. Sem este documento, os cães não podem participar de competições e exposições oficiais. O pedigree é emitido por associações oficiais, como Confederação Brasileira de Cinofilia (CBKC), Sociedade Brasileira de Cinofilia (SOBRACI) e clubes de raças.
08. Cuide dos banhos
Os cachorros não possuem glândulas sudoríparas distribuídas pelo corpo. Por isso, não suam no corpo inteiro e não ficam com mau cheiro. Eles também usam poucas roupas, fato que também reduz a concentração dos maus odores, como acontece conosco (principalmente na virilha, axilas, pés, etc.).
O suor canino é secretado quase exclusivamente pelos vãos dos dedos. Por isso, é comum que eles deixem rastros no chão por onde passam. Já a temperatura corporal é regulada pela saliva, fato verificável durante as brincadeiras mais intensas.
Algumas raças são conhecidas pelo excesso de saliva: são bernardos e dogues alemães são exemplos de cães babões, mas todos eles eliminam saliva, seja para se refrescar, seja quando estão muito excitados – no meio de uma brincadeira intensa ou quando estão em alerta.
Seja como for, o suor reduzido não dispensa os cachorros dos banhos regulares. Eles acumulam sujeira na pelagem (poeira, pólen, micropartículas, fuligem, etc.) e podem desenvolver problemas dermatológicos se ficarem muito tempo sem uma bela ducha.
A frequência depende da raça e das condições de cada cachorro. Um animal que tenha o costume de caminhar por locais enlameados provavelmente precisará de menos intervalos. Em geral, o banho deve ser dado a cada 15 dias, mas os muito peludos, especialmente dotados de subpelo (uma penugem que recobre o corpo), podem ter este prazo dilatado para dois meses.
Os banhos também podem ser adiados nos períodos mais frios do ano, a menos que seja possível garantir água morna e secagem livre de correntes de vento. Antes de confiar a tarefa a um salão especializado, os tutores devem verificar a seriedade do trabalho.
Não use produtos formulados para humanos nos banhos dos cachorros: na dúvida, consulte o veterinário (e leve a embalagem para que ele possa avaliar os rótulos). Vez por outra, um xampu o condicionador para uso humano se torna moda entre os tutores, por deixar o pelo mais brilhante.
O brilho intenso, no entanto, no caso dos cachorros, está associado quase sempre à maior oleosidade da pele, o que quase sempre significa a presença de alergias e outras dermatites. Além disso, o pelo brilhante não costuma resistir a uma correria mais intensa.
09. Não se esqueça de higienizar camas, comedouros e bebedouros
Da mesma forma que a limpeza da pele e pelos, os espaços dos cachorros também precisam ser higienizados. Colchonetes e roupas de cama podem ser lavados a cada 15 ou 20 dias, mas devem ser inspecionados diariamente, porque é comum que os cachorros escondam os seus tesouros na caminha – isso inclui petiscos e biscoitos, além dos brinquedos.
As tigelas de ração precisam ser lavadas antes de cada refeição. É importante que elas estejam secas, para não umedecer o alimento, que pode ser rejeitado pelo cachorro, caso ele perceba uma alteração desagradável na textura.
Os bebedouros devem ser limpos várias vezes ao dia, quando a água é trocada. Especialmente nos dias mais quentes – a maioria, no Brasil, a água toma a temperatura ambiente, fica desagradável e pode ser desprezada pelos peludos. Além disso, as larvas de alguns mosquitos requerem apenas algumas horas para se tornarem adultas e saírem voando (e picando) por aí.
10. Escove os pelos
A pelagem dos cachorros é uma das principais características, quando se pensa no aspecto estético. Algumas raças são tosadas especialmente para realçar a estrutura anatômica, como é o caso dos poodles e dos rough collies.
A escovação dos pelos, no entanto, não é apenas uma questão estética – que já seria um motivo importante para a tarefa. E prática elimina sujeiras, permite que o tutor vasculhe a pele em busca de parasitas, como pulgas e carrapatos, e também de ferimentos e lesões.
Além de deixar o cachorro mais bonito e saudável, a escovação dos pelos é mais um momento para fortalecer os vínculos com o tutor: é quase um carinho, em que a dupla se aproxima. Além de melhorar a saúde física, a escovação fortalece igualmente a saúde emocional dos peludos.
11. Escove os dentes
Muita gente ainda encara a tarefa de escovar os dentes dos cachorros como frescura, mas este é um grave engano. Parte dos alimentos é retida na boca, onde as bactérias que colonizam naturalmente a cavidade proliferam rapidamente, oferecendo condições propícias para inflamações e infecções.
A escovação dos dentes, que pode ser feita a cada dois dias, previne a formação do tártaro e da placa bacteriana, aquela área acinzentada (gradualmente mais escura) que se forma junto às raízes dos dentes. Os cachorros raramente sofrem com cáries (a menos que recebam alimentação inadequada), mas podem desenvolver gengivite e outras doenças.
Sem o tratamento adequado, no médio prazo, as gengivites podem comprometer o sistema digestório e também respiratório. Até mesmo distúrbios cardíacos podem ser provocados pela negligência com a saúde bucal.
Outra questão a ser considerada é que a retirada da placa bacteriana (limpeza dos dentes), no caso dos cachorros, precisa ser feita sob anestesia geral – nenhum peludo, por mais dócil que seja, permitiria que um estranho enfiasse instrumentos para na boca raspar os dentes.
O tártaro e a placa bacteriana são condições que se acumulam com o passar dos tempos. Além do mau hálito, os transtornos quase sempre se tornam patentes quando o animal já está idoso – e, muitas vezes, sem condições de receber anestesia geral.
12. Garanta o aconchego e a segurança
As regras de convivência variam de casa para casa, mas, independentemente disso, é preciso garantir condições de segurança e aconchego para os cachorros. Se o peludo passa as noites no quintal, vigiando a casa, é importante que ele tenha um local para se abrigar do frio e da chuva, por exemplo.
A abertura da casinha do cachorro precisa ficar voltada para o norte (na maior parte do território brasileiro, as frentes frias chegam pelo sul). A casa deve ser confortável e limpa, com espaço suficiente para que o cachorro possa se deitar sem ficar espremido.
13. Verifique a ventilação e a luminosidade
Para os cães que passam a maior parte do tempo dentro de casa, é importante verificar se o local em que a caminha está instalada recebe correntes que renovam o ar. Esta é uma forma simples para eliminar ácaros, por exemplo.
Os cachorros que vivem em ambientes internos precisam de luz solar pelo menos por alguns minutos durante o dia. O espaço também deve ser fresco – alguns animais encalorados chegam a esticar as pernas para trás, para deixar o abdômen diretamente sobre o piso frio. Existem tapetes gelados disponíveis no mercado.
Caso o ambiente não receba luz solar, os tutores precisam garantir que os passeios sejam feitos em momentos que também propiciem os banhos de sol. O ideal é caminhar das 7h às 10h ou depois das 16h, quando os raios ultravioleta incidem de maneira indireta.
Na primavera e no verão (e, em algumas regiões brasileiras, durante o ano inteiro), é importante evitar os passeios nos horários mais quentes. Lembre-se de que os cachorros passeiam com os pés tocando diretamente o solo – e podem até mesmo sofrer queimaduras no caso de um asfalto muito aquecido.
Existem protetores solares disponíveis para cachorros – e eles não são mais uma frescura. Especialmente para os cães de pelagem curta e clara, é importante evitar o sol forte, inclusive para prevenir o desenvolvimento de doenças de pele, inclusive o câncer.
14. Mantenha produtos tóxicos fora do alcance
Os cachorros são como crianças pequenas: estão sempre à procura de novidades. Apesar de as cores não chamarem muito a atenção dos peludos, os aromas são verdadeiras “atrações fatais”. Por isso, produtos de higiene e limpeza não devem ficar ao alcance deles. É raro que eles decidam experimentar alguns deles, mas, há casos em que a simples inalação pode causar problemas.
Nas eventuais reformas em casa, os cachorros precisam manter distância de tintas e vernizes. Outro cuidado importante é não deixar alimentos humanos em locais acessíveis aos cachorros, como mesinhas na sala de estar.
Várias plantas são tóxicas para os cachorros. Entre elas, algumas bastante comuns no Brasil, como azaleia, filodendro, comigo-ninguém-pode, jiboia, lírio-da-paz, etc. Não é preciso eliminar os vasos: basta deixá-los em estantes que os cães não consigam atingir – e ficar de olho neles nos momentos de regar, transplantar, adubar, etc.
Alimentos humanos não devem ser oferecidos para os cachorros. Somos espécies diferentes e a maioria de nós não costuma servir-se de ração e petiscos caninos. Alguns itens do nosso cardápio são especialmente nocivos, tais como:
- uvas – frescas ou passas;
- alho e cebola;
- abacate;
- café, chá mate e chá preto (e qualquer infusão que contenha cafeína);
- bebidas alcoólicas;
- leite e derivados;
- chocolate e doces em geral;
- carne crua;
- massa (de trigo, aveia, centeio, etc.) crua;
- vegetais com brotos;
- frutas com sementes.
As reações a estas toxinas variam de um breve desconforto estomacal a vertigens, coma e óbito. Alguns animais passam a tolerar alguns desses alimentos, como é o caso do leite, mas ele não acrescenta nenhum nutriente à dieta canina e aumenta a oferta de gordura.
15. Ensine o básico
Para ser um bom tutor e cuidar bem do cachorro, não é necessário se tornar um adestrador profissional. Naturalmente, muitas pessoas ficam extasiadas quando se deparam com cães realizando truques incríveis, mas eles, na melhor das hipóteses, são apenas uma diversão a mais para os peludos.
Seja como for, os tutores precisam se armar de paciência e ensinar o básico: onde fazer as necessidades fisiológicas, onde dormir, em que espaços da casa circular. O aprendizado deve ter início logo no primeiro dia de convivência.
É importante ensinar os comandos básicos, que servem para diversas situações cotidianas. O cachorro precisa aprender o significado de termos como “sim”, “não”, “fica”, “vem”, “junto”, “parado”, etc. As palavras não são importantes, mas os comandos e ações dos cachorros.
Com essas pequenas assimilações, os cachorros aprendem o que fazer quando estão passeando na rua, quando a família recebe um visitante desconhecido, quando um prestador de serviços vem trabalhar em casa, quando um pacote de biscoitos cai no chão.
É importante usar sempre o reforço positivo, mostrando para o cachorro o que se espera dele e premiando todos os acertos – inicialmente, podem ser dados petiscos e biscoitos, mas o que os cachorros preferem são os afagos e palavras de incentivo. Gritos e agressões físicas não ajudam a ensinar nada e podem atrapalhar bastante o relacionamento.
16. Supervisione as atividades
Não deixe o cachorro sair sozinho na rua. Durante as caminhadas, mantenha o peludo preso à coleira e a guia, com exceção de alguns parques pet friendly, que sejam seguros para ele correr sozinho e explorar o ambiente.
Em casa, mantenha latas de lixo sempre bem fechadas e, nas caminhadas diárias, afaste o peludo de lixo, entulho e restos deixados no caminho. É um bom momento para reforçar os comandos “sim” e “não”.
Não esqueça: em algumas cidades brasileiras, a condução de cães de algumas raças, como rottweiler e pitbull, só é permitida com o uso de focinheira e guia curta. Por mais que o peludo seja dócil e acostumado a interagir com pessoas e cães, é importante seguir a legislação, para evitar incidentes e multas.
17. Nunca deixe o seu cachorro sozinho no carro
Os cachorros não devem ficar presos no carro, nem que seja “só por um minutinho, enquanto se pega uma encomenda logo ali”. Nunca é possível prever o que irá acontecer nos minutos seguintes. A temperatura canina sobe rapidamente e bastam alguns minutos para ele sofrer uma insolação, desidratação e ir a óbito.
Ainda falando sobre carros: nos passeios, nunca transporte o cachorro em bagageiros e resista à tentação de deixá-lo viajar “cheirando o vento”, com a cabeça para fora da janela. A maior parte dos cachorros gosta da sensação, mas são muito grandes os riscos de choque com um carro em sentido contrário, ou com um objeto perdido.
18. Estabeleça uma rotina de exercícios
Esta é uma dica para cuidar bem não apenas do seu cachorro, mas também de você. Os peludos precisam de passeios diários – entre 20 e 30 minutos – e também de alguns instantes de brincadeiras. A intensidade depende da idade, das condições gerais de saúde e do temperamento de cada peludo.
Alguns cachorros não gostam de se exercitar, mas devem ser estimulados a caminhar, correr, saltar obstáculos, sempre na medida da capacidade física. Um buldogue inglês, por exemplo, passaria muito bem o dia inteiro cochilando no sofá, mas isto não faria nenhum bem à saúde: ao contrário, contribuiria para problemas cardíacos e respiratórios, que já são comuns aos cães da raça.
Ao escolher um roteiro para a caminhada diária, devem ser levadas em conta as condições gerais de cada cachorro. Um husky siberiano saudável sobe uma ladeira de 45 graus brincando, por exemplo. Resta saber se o tutor está nas mesmas condições físicas.
Se um dos dois não estiver em boas condições – com alguns quilos a mais, por exemplo – pode-se escalonar o nível de dificuldades. No primeiro dia, uma caminhada lenta até a esquina; no dia seguinte, um ritmo mais rápido até a pracinha; no terceiro, uma corrida na ladeira.
Todo o corpo agradece: ossos, músculos, articulações, o próprio metabolismo se acelera e entra em um ritmo mais adequado. A frequência cardiorrespiratória melhora gradualmente, a pele e os cabelos expostos ao sol e à umidade do ar se fortalecem. Tudo isso em apenas alguns instantes de brincadeiras e caminhadas.
O mais importante é que estes momentos a dois fortalecem os elos entre cachorro e tutor. A amizade se torna mais forte, o amor se expande e a alegria passa a ser a tônica (mesmo em momentos tristes). Tudo isso prolonga a vida e garante melhor qualidade.
19. Combata o tédio
Adotar um cachorro implica algumas renúncias. Não é possível, por exemplo, sair para viajar na sexta-feira e voltar no domingo, sem nenhum planejamento prévio. Afinal, um filho de quatro patas está esperando por nós em casa.
Isto não significa, no entanto, que tutores devam renunciar à vida social. Todas as atividades – trabalho, estudos, lazer, romance – devem continuar sendo executadas, com a diferença de que é preciso pensar também no cachorro.
Enquanto ele passa algumas horas sozinho, é importante que não se sinta entediado. Sem nada para fazer, de acordo com o temperamento, um cachorro pode se tornar agressivo, dominante, ansioso, deprimido, irritado, etc.
Para evitar isso, é importante que o cachorro tenha coisas interessantes com que se ocupar. O tutor pode deixar, por exemplo:
- uma janela entreaberta, para que ele possa espiar o movimento das ruas (ou dos passarinhos, no caso de viver em um apartamento);
- alguns brinquedos novos – não é preciso comprar coisas novas toda semana; basta fazer um rodízio e reapresentá-los semanalmente ou a cada dez dias, para que tenham cara de novidade;
- um aparelho de áudio programado para executar músicas e outros sons por alguns minutos;
- um desafio intelectual. Uma boa ideia é deixar uma garrafinha cheia de ração ou petiscos (não se esqueça de descontá-los nas outras refeições do dia), para que o cachorro encontre um jeito para abrir;
- uma peça de roupa do tutor, para o cachorro matar a saudade com o cheirinho do amigo.
Voltar para casa também é uma ocasião importante, que precisa ser celebrada. Muitas vezes, as reações dos cachorros parecem desproporcionais ao tempo de separação, mas é preciso pensar que o universo do peludo é justamente o tutor.
Por isso, ao voltar, é importante fazer festa, trocar beijos e abraços. Às vezes, os cachorros se mostram muito ansiosos e, nestes casos, os tutores devem manter alguma distância, até que eles percebam que o retorno é natural e sempre acontece.
20. Tenha paciência
Como já foi dito, os cachorros reagem como crianças pequenas. Eles são imediatistas, ciumentos, carentes, em tudo dependentes dos tutores. O relacionamento é um imenso caminho de ensino e aprendizagem; e, como todo aprendizado, não acontece em um piscar de olhos.
Muitas vezes, os cachorros poderão nos surpreender negativamente com algumas respostas erradas ou inadequadas. Este é o momento em que é importante rever as estratégias, identificar erros e recomeçar. É preciso ter muita paciência, mas os resultados certamente valem a pena.
21. Faça atividades prazerosas com o cachorro
Todas as atividades acima descritas podem ser divertidas e lúdicas, tanto para os peludos quanto para os tutores. É importante que a dupla se envolva nas tarefas diárias e sinta-se recompensada a cada dia. Afinal, é para isso que nós adotamos os cachorros.