Eles são extremamente leais, mas precisam aprender alguns truques e normas. Veja algumas dicas para adestrar os cães.
Cães e humanos mantêm uma relação de amizade bastante produtiva há milênios. Estes animais nos acompanham em diversas atividades, ou apenas deitam-se aos nossos pés para alguns momentos de descanso. É difícil resistir a um filhote na vitrine de uma pet shop, ou solto, perdido na rua, talvez abandonado.
O encanto da adoção de um cão pode durar alguns dias, até que ele, mais familiarizado com a nova casa, começa a demonstrar o temperamento real. Este é um momento crucial para dar início ao adestramento de cães, que não é uma tarefa difícil.
As regras da casa
Em primeiro lugar, é importante que os cães aprendam em quais ambientes podem permanecer, o local correto para fazer as necessidades fisiológicas, a necessária ausência no momento das refeições da família, a obedecer a alguns comandos básicos. É muito mais difícil eliminar um hábito nocivo de um animal, do que ensiná-lo desde a chegada o que ele pode e não pode fazer. Para isto, o adestramento de cachorros é fundamental.
Mas, antes de falar sobre dicas para o adestramento de cães, é importante salientar que gritos e castigos não têm nenhuma eficácia. A violência física também está definitivamente descartada. Um animal maltratado pode ficar estressado e, com isto, irá exibir exatamente as condutas que querem ser suprimidas pelos donos.
Reforço positivo
É uma técnica utilizada em diversos processos educativos. Durante o adestramento, os cães devem ser elogiados sempre que fizerem o esperado – um repertório de ações que vai do “não roer os chinelos” ao “não roubar a peça de picanha colocada na churrasqueira”.
Sempre que o animal observar a presença de um estranho na rua (ou no corredor do prédio), mas não exibir conduta agressiva, ele deve receber um carinho ou um mimo, que pode ser um biscoito específico para cães, já que os cães não devem se alimentar com sal e açúcar refinado; o consumo do açúcar das frutas é bem vindo, porque amplia a quantidade dos nutrientes absorvidos, e pode ser ensinado desde o primeiro dia do novo membro da família em casa.
Os pedidos dos cães, desde que não sejam absurdos, devem ser atendidos: os donos precisam ter alguma disponibilidade para os seus pets. Uma coçadinha na barriga ou um carinho na cabeça estreita os laços de afeto e aumenta a sensação de segurança. Um dono que espera seu cão latir e ganir até conseguir atenção simplesmente está ensinando que este é o “jeito certo” de pedir as coisas.
O que ensinar?
É importante que os donos se compenetrem de que, no adestramento do pet, eles também estarão aprendendo. Algumas raças se adaptam melhor ao agility, uma prova realizada em circuitos que envolve correr, saltar obstáculos, atravessar pontes e túneis.
O agility possui três categorias (standard, míni e mídi) e os treinadores recomendam especialmente o border collie, pastor de shetland, poodle, Jack Russel, entre outras. Para as provas de corrida e resistência, os mais indicados são os galgos e whippets.
O agility, no entanto, é um adestramento profissional, que exige treinamentos em clubes e academias. Isto não significa, porém, que qualquer cão aprenda diversos truques, como apanhar o chinelo ou o jornal, alcançar bolinhas e frisbees arremessados, oferecer a pata, fingir-se de morto, deitar-se, sentar-se sobre as patas traseiras, parar, ficar junto, etc.
Os cachorros também aprendem por imitação. Se o dono levantar o braço e disser o comando (dê a para), ficará mais fácil para o animal entender o que se está esperando dele. O adestramento de corridas e paradas ocorre de forma semelhante, mas não é necessário chegar ao ponto de ficar de quatro para agarrar bolinhas e ossos.
Cães de grande porte – os chamados molossoides – não se interessam por atividades físicas de explosão, mas são excelentes companheiros para caminhadas, corridas leves, escaladas e também para acompanhar bicicletas. É preciso ensiná-los a respeitar os comandos de “parar” e “ir”, para evitar acidentes em vias movimentadas.
Independentemente da raça, porém, um dos primeiros comandos do adestramento de cães é impedi-los de escavar buracos no jardim da casa (ou no vizinho). Os cachorros instintivamente enterram ossos para os períodos de escassez. O comportamento continua se repetindo, mesmo que o saco de ração esteja “repousando” na despensa. Em alguns casos, as covas surgem quando o cão está entediado.
Esta atitude deve ser repreendida com veemência. Os cães entendem apenas poucas palavras, mas apreendem as mensagens quando elas vêm acompanhadas de linguagem corporal de censura e uma ligeira elevação do tom de voz. As repreensões devem se repetir sempre que o cachorro tentar encontrar um esconderijo para os seus tesouros. Os buracos desaparecerão em pouco tempo.
Repetição e obediência
A repetição é a chave do sucesso: o treinamento deve persistir por vários dias, talvez por meses, sempre com o método de repreensão e recompensa, até que os truques sejam perfeitamente entendidos. Algumas raças caninas não se prestam a um adestramento mais sofisticado.
Isto, contudo, não ocorre porque eles são menos inteligentes, mas porque são mais independentes. Antes de adotar um cãozinho, é fundamental conhecer as características da raça, consultando sites especializados, veterinários e criadores. Ao visitar um canil, é importante observar o comportamento dos pais – que provavelmente vai se repetir nos filhotes.
Quando o cão se torna chefe
Um dos principais erros das pessoas que adotam cães e mimá-los excessivamente. Cachorros que passam muito tempo sozinho devem ser deixados com brinquedos e, no caso dos filhotes, com uma peça de roupa do dono, para que eles possam evocá-lo de tempos em tempos.
As despedidas precisam ser breves: pegue as suas coisas, faça um breve afago e saia, sem olhar para trás (caso faça isto, a carinha de tristeza por provocar sentimentos de remorso). No retorno a casa, não dê atenção imediata ao pet: guarde suas coisas, troque de roupas, guarde as compras e só então dedique alguns minutos a festejar com o companheiro.
Os cachorros estabelecem apenas dois tipos de relacionamento com os humanos: o de submissão e o de liderança. Se ele perceber fragilidades no relacionamento, certamente entenderá que é “o macho alfa da matilha”. Em casos de ferocidade, com avanços e mordidas, o ideal é aconselhar-se com um especialista em comportamento canino.