Cães são sempre agitados, mas alguns exageram. Confira dicas para acalmar cachorro agitado.
Muitos tutores vivem às voltas com cachorros sempre ligados nos 220V. Aparentemente, estes pets não precisam se um tempo para relaxar ou descansar: passam o dia inteiro pulando, correndo, tentando agarrar as nossas mãos com a boca. O que pode ser feito para acalmar cachorro agitado?
Esta é uma situação comum e quase sempre reflete o comportamento e o temperamento do tutor. Pessoas agitadas transferem esta “informação” para os pets, que reagem de forma parecida.
Mas outras condições podem determinar o comportamento inquieto dos cachorros. Os pets que passam muito tempo sozinhos, enquanto a família humana sai de casa para cuidar dos afazeres profissionais, naturalmente liberam a energia quando os tutores voltam.
A falta rotineira de atividade conduz ao tédio, que conduz à insegurança e à ansiedade. Cães saudáveis precisam gastar energia e, se não encontram canais adequados para isso, acabam revelando comportamentos considerados inadequados pelos tutores.
O relacionamento
Antes de adotar um cachorro, qualquer pessoa responsável precisa “preencher alguns requisitos”. Confira se você está preparado para assumir um compromisso de longo prazo – cachorros vivem de dez a 15 anos e até mais – e também se está disponível para:
• treinar o seu cachorro – são necessários de 30 a 60 minutos diários para educar um filhote;
• brincar com o seu cachorro – os pets devem passear diariamente, por não menos do que 20 minutos, de acordo com o porte e as condições físicas. Além disso, é necessário reservar um tempinho para brincadeiras – vários tempinhos, melhor dizendo – ao longo do dia;
• dar atenção para o seu cachorro – além dos treinamentos e brincadeiras, os peludos também precisam de companhia. Alguns são mais independentes, mas todos têm um momento de “discutir a relação”. Conversar, ouvir música ou apenas ficar sentado lado a lado são atividades fundamentais para o equilíbrio emocional dos pets;
• aceitar a bagunça – os cachorros aprendem rapidamente, mas, até aprenderem, é comum que os tutores encontrem uma poça de xixi fora do lugar, um chinelo roído ou um vaso de planta “explorado”. O aprendizado é um processo, não acontece da noite para o dia.
Veja também: Xixi no lugar certo: Como ensinar o cachorro
Além disso, os cachorros trazem despesas com alimentação, higiene, saúde, etc. Os tutores precisam renunciar a alguns hábitos. Por exemplo, não é possível ficar todos os dias até tarde fora de casa e, caso não haja pessoas de confiança com quem deixar os pets, a viagem do feriadão precisa ser cancelada.
A nossa rotina muda radicalmente quando adotamos um cachorro. Evidentemente, não é preciso parar de trabalhar, estudar, divertir-se com os amigos e amores, mas a parceria com o pet é um compromisso muito amplo.
E, quando as necessidades e vontades do peludo não são satisfeitas, surgem as condições perfeitas para os maus comportamentos, a conduta destrutiva, a ansiedade, a agitação. Felizmente, os cachorros são seres simples e sempre é possível acalmá-los, desde que haja compromisso com o bem-estar e a qualidade de vida.
Os cachorros agitados
Educar um cachorro não é exatamente uma tarefa simples, mas também não é um bicho de sete cabeças. Os tutores precisam ter em mente, em primeiro lugar, que, mesmo que os consideremos como filhos, eles são cães – animais de outra espécie, com características e necessidades específicas.
Nós devemos identificar o temperamento do pet. Muitos tutores escolhem cães de pequeno porte, na esperança de que eles sejam bebês para sempre, e esquecem que alguns deles foram desenvolvidos para ter uma vida muito ativa.
O yorkshire terrier, por exemplo, foi criado para caçar roedores nas minas de carvão da Inglaterra. Trata-se de um cãozinho ativo e naturalmente acelerado, que requer muita atividade física para “gastar energia”.
Quem prefere um cachorro mais tranquilo pode optar pelo shih tzu, criado para ser companheiro de monges do Tibete, ou um maltês, desenvolvido especificamente como um cachorro de companhia.
Mas, mesmo estes (e muitos outros, inclusive mestiços e sem raça definida), apesar de apresentarem um comportamento mais tranquilo, também gostam de brincar, explorar, interagir. Não existem cachorros eremitas, muito menos contemplativos: eles são gregários e sociáveis.
Não espere que o seu cão, ao se tornar adulto, fique mais “educado e cordial”. Se ele for deixado apenas com os instintos da espécie, ao crescer, será apenas um grandão bagunceiro, desengonçado e com maior poder de destruição.
Não é preciso usar “calmantes para cachorro”. Com exceção de alguns transtornos neurológicos específicos e muito raros, os pet não necessitam de ansiolíticos, nem mesmo de chá de água de melissa. Eles querem se sentir úteis, valorizados e amados.
A atividade física é imprescindível: quanto mais energia os pets consumirem, mais tranquilos ficarão nos momentos em que nós queremos uma pausa. Com caminhadas e brincadeiras – sempre respeitando o temperamento e as condições de saúde do pet –, eles passarão mais horas dormindo e descansando.
As interações regulares com os tutores ajudam a tranquilizar os pets. O esforço estimula o sistema nervoso a liberar endorfinas, substâncias químicas naturais (produzidas pelo próprio organismo) que são relacionadas ao prazer e ao bem-estar. Quer acalmar o seu cachorro? Deixe-o ficar bem cansado, todos os dias.
Quem não tem disponibilidade para brincar com o pet pode avaliar a oportunidade de contratar um passeador ou adestrador (existem bons profissionais disponíveis). Se você passa muitas horas longe de casa, também é possível considerar a possibilidade de deixar o cachorro em um hotel-dia.
O adestramento
A educação é fundamental. Muitos tutores reclamam do comportamento dos pets durante as caminhadas: eles agem como se estivessem conduzindo o líder, e não o contrário. Realmente, isto acontece, mas apenas quando os pets não introjetam os comandos básicos (“fica”, “vai”, “sim”, “não”) que devem ser ensinados desde o momento em que os peludos chegam à casa nova.
Os comportamentos adequados devem ser incentivados e premiados, enquanto os “erros” precisam ser reprimidos com firmeza, mas sem gritos nem maus tratos físicos. Um cachorro aprende com estímulos positivos: algum tipo de recompensa (apenas na fase inicial do treinamento), agrados e palavras de estímulo.
Dá trabalho, mas não existe outro jeito. Dar uma bronca no pet porque ele sujou o tapete, latiu, uivou ou ganiu demais ou arrancou as violetas do vaso funciona apenas no momento da infração, quando o peludo é pego em flagrante. Cinco ou dez minutos depois, ele não se lembra mais do erro.
Os tutores, durante a convivência, precisam ter em mente que algumas das nossas formas de organização não fazem nenhum sentido para os pets. Uma almofada é mais útil para afiar e limpar os dentes do que para servir de decoração, pensam eles.
Isto não significa que eles não consigam aprender o que queremos ensinar. Eles aprendem rapidamente, porque querem nos agradar. Os cachorros identificam os tutores como os líderes da matilha (para eles, todos nós fazemos parte de uma mesma matilha).
Eles se tornam submissos ao “macho alfa” da matilha – mesmo que a liderança esteja a cargo de uma mulher, e não de um homem: cachorros não são machistas. A forma de demonstrar a sujeição ao líder está em respeitar os limites, quaisquer que sejam (dentro de uma margem de lógica).
No convívio com os humanos, os cachorros aceitar abrir mão da independência e da liderança em troca de carinhos, atenção, segurança, alimento, etc.
Felizmente, os cachorros adultos também aprendem com facilidade. Mesmo animais idosos podem aprender coisas novas, desde que sejam incentivados positivamente. Assim, sempre é possível corrigir um cão agitado, apesar de prevenir ser sempre melhor do que remediar.
As urgências
Em algumas situações, mesmo os cães ajustados e equilibrados podem se mostrar agitados, inseguros ou intranquilos. Isto pode ser uma resposta a uma situação de estresse, como barulhos e explosões – na época das festas juninas ou quando um vizinho realiza obras na casa ao lado.
Os pets também podem precisar ser acalmados em situações de perigo iminente, de acordo com a percepção deles. Ouvir os passos de um estranho no corredor, observar um carro se aproximando em alta velocidade, perceber a presença de um eletricista no alto de um poste em frente à casa são condições de alerta máximo.
Se o seu peludo se assusta com barulhos altos, a solução é levá-lo o mais perto possível da origem do problema e deixá-lo inspecionar o local. Um terreno em obras, uma praça com motoqueiros fazendo manobras, uma festa popular em plena rua. Tudo isso deve ser “investigado” pelo pet, para que ele mesmo conclua a ausência de perigo.
Se as ameaças são fogos de artifício ou uma torcida barulhenta de futebol, resta ao tutor permanecer ao lado do cachorro, brincando, oferecendo um petisco, desviando a atenção. Em situações frequentes, a companhia do tutor servirá para acrescentar algo positivo ao barulho ameaçador. O pet continuará agitado, mas um pouco mais tranquilo com a companhia do “humano predileto”.
Em casa, uma boa ideia é providenciar gravações em áudio do estouro de bombas e rojões (é possível baixar arquivos na internet) e reproduzi-las, em volume mais baixo, quando o cachorro estiver em uma atividade prazerosa – beber água na mangueira, buscar a bolinha atirada, ganhar um cafuné.
Com o tempo, é possível aumentar o volume, porque o pet terá associado o som a uma experiência positiva. Isto vale também para o barulho de trovões. O tempo de treinamento varia de cachorro para cachorro: os mais medrosos e ansiosos precisam de mais tempo para se acalmar.
Os cachorros dificilmente ficam assustados com outras pessoas. As exceções ficam por conta dos pets que convivem regularmente apenas com um ou dois tutores e com os animais resgatados das ruas, que provavelmente sofreram maus tratos e associam humanos a violências e agressões.
Nestes casos, é necessário dar tempo para a adaptação. Com a aproximação, eles naturalmente estabelecerão relações com estranhos, mas isto não significa que eles passem a gostar ou aceitem as brincadeiras de outras pessoas.
Vale o mesmo para atividades novas. Um cachorro urbano provavelmente ficará assustado na primeira vez em que se deparar com um campo livre, cheio de opções para serem exploradas. Nem todo peludo se atira em uma piscina, apesar de a maioria gostar de mergulhar. não é necessário tomar nenhuma providência, apenas deixar que eles investiguem as novas possibilidades.
E, se o seu cachorro tem o hábito de, algumas vezes, sem motivo aparente disparar e correr de um lado para outro, não se preocupe: ele apenas está extravasando energia e saúde. Apenas verifique se alguns objetos do ambiente podem causar acidentes e deixe o pet ser feliz: ele está se sentindo feliz, seguro, de bem com a vida.
Por que os cães são agitados?
Para entender por que um pequeno chihuahua e um gigantesco dogue alemão são agitados, é necessário voltar um pouco no tempo. Alguns séculos, para ser mais exato. Nosso relacionamento com os cachorros começou de forma utilitarista: eles eram úteis em algumas tarefas das quais nós não conseguíamos dar conta sozinhos, ou que apenas se tornavam mais fáceis quando feitas em grupo.
Atualmente, a maioria dos cachorros é adotada simplesmente como companhia, apesar de haver ainda muitos animais de trabalho. Há alguns séculos, no entanto, um dachshund – o popular salsicha – era empregado na caça, para desentocar coelhos e lebres.
Um poodle era um excelente companheiro para resgatar aves abatidas em pleno voo. Retrievers do Labrador eram auxiliares eficientes na pesca (retrieve significa resgate em inglês) e collies e sheepdogs impunham respeito a grandes rebanhos.
A agitação, resistência, perseverança e acuidade deixaram de ser necessárias, mas os cachorros continuam nascendo com estas características. Não por acaso, pets que se extraviam na mata retomam o comportamento dos lobos em muito pouco tempo.
Algumas raças, portanto, são mais agitadas em função do uso original para o qual elas foram desenvolvidas. Mais do que os instintos ancestrais, nós procuramos algumas características e desenvolvemos algumas raças.
Estimular fisicamente os cachorros, qualquer que seja a raça (ou misto de raças), reduz a agitação e facilita o adestramento. É mais fácil educar um peludo que gastou energia em meia hora de caminhada ou buscando objetos atirados.
Os cachorros passavam boa parte do dia procurando alimento – ou perseguindo o alimento quando este era encontrado. Hoje em dia, eles não precisam mais procurar, pois sabem onde está a tigela de ração. As características anatômicas, no entanto, continuam as mesmas.
A ansiedade em cachorros agitados
Esperar em uma fila por longos 15 minutos é uma condição entediante. O tempo parece ter menos pressa do que quando nós ocupamos os mesmos 15 minutos com uma atividade prazerosa, como trabalhar, namorar, conversar com amigos, etc.
Com os cachorros, acontece o mesmo, com um agravante: eles não sabem por que precisam esperar. Não há contas para pagar, nem inscrições e matrículas a serem feitas. Eles simplesmente se sentem abandonados e têm de esperar.
O tédio leva à ansiedade, com todos os prejuízos decorrentes. Passar o dia à toa estimula os pets a tentar descobrir formas de fazer o tempo passar mais rápido. Eles podem escolher roer os pés da mesa de jantar, trucidar almofadas e chinelos (e qualquer outra coisa que esteja à mão – ou à boca) até que chegue o momento de reencontrar a família.
A ansiedade da separação ocorre quando os pets começam a apresentar o comportamento agitado mesmo antes da situação entediante ser desencadeada. Eles podem perceber que está chegando a hora em que ficam sozinhos, mesmo que seja um domingo e a família não tenha compromissos fora de casa.
Os nossos preparativos também disparam avisos. Quando nos vestimos, recolhemos chaves, documentos, celulares e outros objetos, os pets sabem que serão “abandonados”. Portanto, é preciso encontrar formas de acalmá-los.
Os tutores podem facilitar a vida dos cachorros agitados:
• deixando brinquedos com que eles possam se entreter. Faça um rodízio dos brinquedos, para que sempre haja novidades a serem exploradas;
• deixando a TV ou o computador programados para serem ligados em horas determinadas. Os cachorros não entendem o que está passando na tela, mas podem ser atraídos (por alguns momentos) para o movimento, a alternância de cores, os sons, etc.;
• deixando uma peça de roupa nos locais em que o cachorro transita quando fica sozinho. O cheiro do dono desperta lembranças e acalma os pets. Não é necessário que a peça seja usada, porque o olfato canino é extremamente apurado;
• adotando um companheiro. Se o seu pet fica muito tempo sozinho, pode-se avaliar a oportunidade de adotar um segundo cachorro (ou um gato, de acordo com o temperamento do cachorro nº 1). Os dois animais farão companhia um ao outro.