A saúde dos cachorros, como regra geral, é bastante forte, mas certos incômodos podem obrigar os tutores a darem alguns remédios a eles. O ideal, sempre que possível, é recorrer aos tabletes mastigáveis, mas, com algumas dicas simples, pode-se dar comprimidos sem que os peludos cuspam e desperdicem boa parte do princípio ativo.
Em algum momento da vida, por mais saudáveis e resistentes que os peludos sejam, eles terão de tomar algum comprimido. Inflamações, reações alérgicas mais intensas, transtornos gastrointestinais e até mesmo as dores causadas por pequenos acidentes domésticos obrigam o veterinário a receitar anti-inflamatórios e analgésicos, além de casos que exigem medicações que exigem dosagens e horários rígidos.

Para alívio dos tutores, existem vários truques e dicas para tornar mais fácil a “ingrata tarefa” de dar comprimidos para os nossos melhores amigos. Confira a seguir.
Dicas e truques para dar comprimidos aos cachorros
Para quem está adotando um filhote, uma boa dica é acostumá-lo a ter a boca manuseada desde pequeno. A higiene bucal, que pode ser feita em dias alternados, deve ser envolvida em brincadeiras, facilita a tarefa e é meio caminho andado para quando for necessário dar algum comprimido.
Para os cães adotados adultos – e também para os que não têm o hábito de escovar os dentes –, o processo pode ser um pouco mais trabalhoso, já que os cães são predadores e sabem que não devem ter a boca manuseada: nas matas, este é um ponto fraco nas caçadas e brigas por território.
Envolvendo a atividade em brincadeiras e carinhos, quase todos os cães encaram a higiene bucal como um “momento a dois” com os tutores: são raros os animais que resistem de forma agressiva ou amedrontada depois de três ou quatro experiências.
Além disso, a higiene previne o mau hálito causado pela proliferação excessiva das bactérias que vivem na boca dos peludos. A escovação impede a formação da placa bacteriana, o tártaro que escurece as raízes dos dentes, causando gengivite e doenças periodontais mais graves, que também podem desencadear processos inflamatórios secundários.
A forma mais simples de dar comprimidos para o cachorro é abrir a boca, colocar a drágea na raiz da língua e segurar a mandíbula para impedir que o peludo ponha a medicação para fora. A tarefa fica bastante facilitada em animais familiarizados com a higiene dos dentes.
Na sequência, é importante oferecer água ou algum petisco para facilitar a ingestão. Para nossa sorte, os cachorros não sabem cuspir, mas a tarefa pode ser dificultada entre os animais de pequeno porte, especialmente quando eles reagem com náuseas. É importante ser firme, ágil e rápido.
Alguns tutores, no entanto, não se sentem confortáveis em usar este método, que pode ser desaconselhado nos cães braquicefálicos, de focinho achatado. Estes apresentam o palato muito curto, que pode ser machucado ao dar os comprimidos, ou predispor a ânsias e vômitos.
Um passo a passo

- Se o cachorro for pequeno, ele deve ser colocado no colo. Os animais de porte médio ou grande podem precisar de duas pessoas para tomar comprimidos: uma para segurá-los e outra para manusear a boca e dar o remédio.
- Com uma mão, faça pressão nas bochechas logo atrás das presas (os dentes caninos superiores): o cachorro será obrigado a abrir levemente os lábios.
- Use o polegar da mão livre para pressionar a mandíbula, empurrando-a para baixo e forçando uma abertura maior.
- Coloque o comprimido no fundo da boca (o mais fundo possível, junto a abertura da faringe). Não deixe a medicação na ponta da língua, nem nas laterais. Isto evita que o cachorro movimente a língua para expulsar o objeto que ele considera estranho.
- Com o comprimido encaixado na abertura da garganta, feche os lábios do cachorro e faça pressão por alguns segundos, para que ele não possa abrir a boca.
- Massageie o pescoço do cachorro enquanto o comprimido é deslocado para o esôfago. O cachorro entenderá o gesto como um carinho e a associação facilitará bastante nos comprimidos seguintes.
- Ofereça um petisco para facilitar a deglutição. Faça toda a operação conversando com o cachorro, oferecendo estímulos e afagos. O peludo se sentirá mais seguro e não resistirá tanto nas próximas dosagens.
Enganando o cachorro
Alguns cães são mais agressivos e dar comprimidos pode se tornar uma operação de risco. Mesmo entre os pequenos, algumas vezes as mordidas são inevitáveis e os estragos – mesmo no caso de chihuahuas e pinschers miniatura, podem ser consideráveis e muito doloridos.
Nestes casos, e também com relação aos cães braquicefálicos, o ideal é buscar alternativas para os medicamentos. Os tutores devem conversar com o veterinário e substituir os comprimidos por medicamentos em gotas ou tabletes mastigáveis.
Os vermífugos, por exemplo, já são apresentados em forma de tabletes que atraem a atenção dos peludos com aromas e sabores de carne bovina, frango, vísceras, etc., de acordo com as preferências dos cães. Existem também algumas opções mastigáveis para analgésicos e anti-inflamatórios.
Misturando com a ração
Outra dica para enganar os cachorros é esmagar os comprimidos até reduzi-los a pó, misturá-los com a ração habitual ou mesmo apenas com aromatizantes naturais (um caldo feito com um pedaço de carne sem condimentos, por exemplo).

Nunca use alimentos humanos para dar comprimidos para o cachorro. Embutido em um pedaço de salsicha, por exemplo, a medicação certamente seria engolida rapidamente, mas alimentos inadequados podem prejudicar os peludos – e, no caso dos remédios, eles já estão com a saúde debilitada.
Nestes casos, é igualmente importante contar com a orientação do veterinário, uma vez que pode ser necessário aumentar a dosagem, já que parte do princípio ativo pode ser perdida quando os comprimidos são esmagados.
Alguns medicamentos não podem ser esmagados. É o caso dos comprimidos encapados, que são formulados para garantir a absorção gradual dos princípios ativos, depois que o medicamento chega ao estômago.
Vale lembrar que, depois que o medicamento é retirado da embalagem, ele passa a sofrer um rápido processo de degradação. As substâncias gradualmente perdem o valor terapêutico, mesmo que não se tornem tóxicas para os cachorros. Misturar com a ração é uma alternativa válida apenas para os cães mais vorazes, que “limpam o prato” em poucos minutos depois que a refeição é servida.
O mesmo raciocínio vale para os cães mais espertos, que conseguem se livrar dos comprimidos, retirando-os da boca várias vezes, com a língua, os dentes e até com as patas. Ao expulsá-los, o teor do princípio ativo se torna cada vez menor. Além disso, as próprias bactérias da boca (a microbiota bucal) desencadeiam processos de fermentação que podem neutralizar os efeitos esperados com a medicação.
Os tutores devem tentar algumas formas mais sutis para garantir que o cachorro seja medicado corretamente, antes de elaborar “planos infalíveis”:
- em primeiro lugar, apresente o comprimido para o cachorro. Alguns peludos podem nos surpreender, engolindo-os rapidamente, seja por voracidade, seja por curiosidade;
- improvise um jogo para manter o cachorro interessado. Recompense os acertos com petiscos e, em uma das premiações, ofereça o comprimido. Em geral, eles estão tão envolvidos com a atividade que nem percebem a diferença;
- atraia a atenção do cachorro com petiscos e coma alguma coisa junto a ele. Em determinado momento, finja que a sua guloseima caiu no chão. A maioria dos cães adora competições e o peludo quase certamente correrá para abocanhar a porção perdida;
- dê o comprimido antes da refeição principal. Os cachorros gostam de rotinas e já estão acostumados com a hora da ração. Muitos deles engolem qualquer coisa quando estão com fome;
- para os cães com paladares mais refinados, uma boa dica é colocar os comprimidos em pratos que eles costumam receber apenas em ocasiões especiais. Tudo depende das preferências. Os cachorros podem tomar a medicação misturada com patês, iogurtes, ração úmida, etc.;
- misture as pílulas no comedouro, sem necessidade de esmagá-las. Mas não as deixe visíveis. Como já foi dito, os cachorros apreciam a rotina e não ficam satisfeitos ao encontrar objetos estranhos no prato. Eles tendem a encarar a oferta de alimento como um gesto de cuidado e carinho e, como confiam plenamente nos tutores, podem engolir os comprimidos sem perceber.
Se nada disso der certo, a solução possível é conversar com o veterinário para verificar a possibilidade de substituição do comprimido. Em casos extremos, pode ser necessário levar o cachorro ao veterinário, para que um profissional ministre a medicação de forma correta.
Aviso importante: O nosso conteúdo tem caráter apenas informativo e nunca deve ser usado para definir diagnósticos ou substituir a consulta com um veterinário. Recomendamos que você consulte um profissional de confiança.