Assim que chegam a casa, eles mudam a rotina. É preciso ensinar as novas regras: onde fazer as necessidades, onde eles estão autorizados (ou não) transitar e permanecer, a quem obedecer. Desde cedo, é preciso definir os exercícios diários: passeios, brincadeiras, etc.
Os exercícios físicos são fundamentais para a saúde física (ajudando a desenvolver e reconstituir os músculos e fortalecendo ossos e articulações). Eles também são importantes para o equilíbrio emocional: um cão sem atividades físicas tende a desenvolver hábitos destrutivos (como atacar almofadas, pés de móveis, tapetes) e transtornos (como apresentar medo excessivo, tendências agressivas, isolamento, etc.).
Os exercícios podem ser variados: retrievers, cães d’água e poodles adoram brincar na água. Os representantes da raça são bernardo são fascinados pelas caminhadas em terrenos irregulares. Yorkshires gostam de esgueirar-se por baixo de estruturas. Os whippets não perdem uma corrida por nada. E o agility é recomendado para cães de todos os portes e idades, desde que estejam em boas condições de saúde.
Os exercícios físicos, independentemente do porte e da idade, melhoram o comportamento no dia a dia, ressalvadas as características individuais de cada pet. Realizados adequadamente, os exercícios promovem um gasto extra de energia, o que leva a uma liberação maior de endorfina, neurotransmissor considerado o hormônio da felicidade.
Caso você não tenha tempo para caminhar diariamente com o seu cachorro, convém estudar a possibilidade de contratar um passeador de cães. Existem bons profissionais qualificados no mercado, especialmente nas grandes cidades. Porém, se você não tem tempo para um simples passeio, é melhor considerar se você quer mesmo adotar um pet.
Mas de quando tempo de exercícios um cachorro precisa? Muitos fatores devem ser levados em conta para definir o tempo de “malhação”. A idade, o porte físico, a raça, as condições gerais de saúde e até mesmo os hábitos da família precisam ser levados em conta.
Os rounds
Quando você decide se tornar tutor de um cão, é preciso levar em conta que ele vai precisar de exercícios. Desde que o veterinário libere (depois das primeiras vacinas) os passeios, é preciso ter em mente que eles serão diários, faça chuva, faça sol.
O primeiro round é: energia vs. idade. Quanto mais jovem for o cão, mais energia ele terá. Basta observar os filhotes: eles correm de um lado para outro, “escalam” sofás e poltronas, exibem movimento que parecem ser absolutamente desnecessários.
Com o passar do tempo, os cães passam a se mostrar mais equilibrados. Vale lembrar que isto pode nunca ocorrer, dependendo do temperamento dos pets. Alguns cães permanecem “arteiros” durante toda a vida: a natureza os fez assim.
O segundo round é: porte vs. espaço. Não espere que um dogue alemão ou um bloodhound possa ser feliz em um espaço limitado. Cães de grande porte precisam não apenas de passeios diários, mas também de espaços a serem explorados durante o dia inteiro.
Isto é ainda mais importante quando eles são empregados como animais de guarda e vigilância, atividades que envolvem algum nível de estresse. Os horários de trabalho precisam ser alternados com folgas para descanso e lazer, para manter o equilíbrio físico e emocional.
No entanto, nem todas as raças de pequeno e médio porte são indicadas para pequenos apartamentos. Enquanto o chihuahua e o pug se adaptam facilmente, poodles e yorskshires podem se ressentir da falta de espaço. Você já pensou em manter um retriever do labrador em uma kitinete? Pois é: o poodle e todos os retrievers foram desenvolvidos para a mesma função: recuperar, em lagos e mares, aves abatidas.
Vamos ao terceiro round: energia vs. idade. Todos nós sabemos que, quando estamos na infância e na adolescência, dependemos de um quantum de energia maior do que o despendido a partir da vida adulta. A vida dos cães é mais curta: dura por volta de 15 anos e um peludo é considerado idoso a partir dos sete ou oito anos.
Com o passar do tempo, a maioria dos cães tende a valorizar as brincadeiras mais tranquilas, até mesmo o simples estar ao lado da família. O organismo demanda menos energia para as diversas funções (respirar, digerir, excretar, etc.) e, por isto, a quantidade de energia produzida é menor.
Assim, se os passeios duravam meia hora, eles podem ser reduzidos para 20 minutos. Outra opção é encontrar um trajeto no qual seja possível parar para descansar a cada dez minutos. Isto é útil também para que o cão descubra outras possibilidades, como fuçar em um canteiro ou simplesmente observar o movimento de outros caninos e humanos.
A redução das atividades físicas também pode ser necessária no caso de alguns problemas de saúde. Os cães de grande porte apresentam grande possibilidade de desenvolver disfunções ósseas e articulares (uma delas é a displasia coxofemoral). Estes transtornos, porém, também ocorrem com cães pequenos, ainda que em menor número. As consultas regulares ao veterinário ajudam a detectar estes problemas e atenuar os sintomas.
“Pouco fôlego”
Os cães braquicefálicos são conhecidos pelo pouco fôlego. Cães destas raças apresentam o focinho achatado. Alguns exemplos: buldogue inglês, buldogue francês, pug, boston terrier, boxer, pequinês e shih tzu. Braquicefálicos vem do grego e significa “cabeça curta”.
A maioria destes cães foi desenvolvida para apresentar mandíbula normal (proporcional à cabeça) e maxilar recuado. O buldogue inglês, por exemplo, foi criado para lutar em rinhas (inclusive com touros) e esta característica anatômica era apreciada por criadores e apostadores.
As lutas foram proibidas ainda no século XIX (apesar de continuarem ocorrendo até hoje), mas os cães braquicefálicos mantêm as suas características. Alguns (como o buldogue francês) descendem de lutadores ingleses, mas, como nasceram mais frágeis, eram abandonados. Até que um grupo de marinheiros franceses decidiu levá-los para o continente.
A braquicefalia afeta diversas áreas do trato respiratório: é a síndrome respiratória braquicefálicas, que pode provocar:
• estenose nasal – aberturas das narinas estreitas demais para permitir a respiração adequada;
• palato mole – a estrutura que separa a abertura nasal e digestória fica solta até a garganta, prejudicando a respiração e a digestão;
• hipoplasia traqueal – é o estreitamento da traqueia em toda a sua extensão.
Estas condições impedem que os buldogues, pugs e boxers, entre os outros, consigam respirar de forma adequada. Nestes casos, a carga de exercícios físicos deve ser reduzida. Uma caminhada diária de 30 minutos pode incluir duas paradas estratégicas para que os pets recuperem o fôlego.
No caso de qualquer dessas doenças se agravarem, os exercícios terão de se adequar ao diagnóstico do veterinário. Enfermidades decorrentes da braquicefalia podem causar distúrbios cardíacos e cardiovasculares. Os tutores precisam ficar atentos.
Aviso importante: O nosso conteúdo tem caráter apenas informativo e nunca deve ser usado para definir diagnósticos ou substituir a consulta com um veterinário. Recomendamos que você consulte um profissional de confiança.