Também denominada gastroenterite contagiosa, a coronavirose é uma infecção aguda que afeta cães, gatos, seres humanos e outros animais domésticos transmitida por vírus, quase sempre através de alimentos contaminados, fezes e outras secreções de animais doentes, cujos dejetos devem ser recolhidos imediatamente.
O ambiente e os objetos dos pets infectados também podem se tornar vetores da enfermidade; por isto, é importante isolar tigelas e brinquedos e esterilizá-los com produtos desinfetantes apropriados antes que outros animais tenham contato direto com eles.
Os micro-organismos atravessam o sistema digestório superior sem causar danos e se alojam nas vilosidades do intestino delgado, estruturas em forma cônica cuja função é absorver os nutrientes dos alimentos ingeridos. O coronavírus raramente infecta outros órgãos.
Quando estas células do intestino delgado infectadas morrem (elas são consideradas células lábeis, de curta duração, uma vez que são renovadas entre dois e cinco dias), ocorre a descamação da mucosa intestinal, prejudicando a absorção dos nutrientes.
Alguns animais, especialmente entre os adultos saudáveis, apresentam-se assintomáticos em relação a este vírus. Isto, no entanto, não significa que eles não possam transmitir a coronavirose. Além disto, uma queda na resistência causada por outros fatores pode desencadear a enfermidade.
No Brasil, a coronavirose foi identificada apenas na década de 1980, inicialmente em frangos e rebanhos bovinos. Os vírus (aparentados com os parvovírus, que provocam a parvovirose) infectam animais de todas as idades e raças, mas os cães e gatos sem raça definida parecem ter maior resistência.
Os sintomas da coronavirose
Os sinais clínicos da coronavirose são:
• diarreia em forma de jatos. As fezes se apresentam líquidas, de cor alaranjada, mas não são acompanhadas por maus odores;
• cólicas intestinais;
• vômito;
• perda de apetite;
• febre;
• desidratação;
• anemia;
• apatia;
• lacrimejamento.
O diagnóstico da coronavirose é confirmado através de exames específicos de laboratório, uma vez que os sintomas são muito semelhantes aos da parvovirose; portanto, é necessário um diagnóstico diferencial. A doença recebeu este nome em função de se instalar em forma de coroa (corona, em latim) nas células intestinais infectadas.
Os primeiros sintomas da coronavirose começam a se manifestar entre um e três da exposição dos cães e gatos aos vírus (os de maior porte podem levar até uma semana para apresentar a doença). A intensidade dos sinais varia de animal para animal: filhotes e idosos geralmente apresentam quadros mais severos. Em alguns casos, a doença desaparece naturalmente, sem necessidade de medicação.
O tratamento para coronavirose
No entanto, os casos mais graves podem levar cães e gatos à morte, principalmente em função da desnutrição e da desidratação que acompanham a coronavirose. O melhor tratamento, como sempre, é a imunização dos cães e gatos.
As vacinas polivalente – V6, V8 e V10 (esta última também protege contra cinomose, parvovirose, adenovirose, parainfluenza, hepatite infecciosa e quatro tipos de leptospirose; a V8 previne dois tipos de leptospirose e a V6 não neutraliza nenhuma família de vírus que causam esta enfermidade) deve ser aplicada aos 45 dias de idade (com uma segunda dose duas ou três semanas depois) e renovada uma vez por ano.
Recomenda-se a aplicação da vacina nas matrizes antes da cobertura, uma vez que as cadelas e gatas transmitem imunização relativa aos filhotes durante todo o período de amamentação.
Não existe uma medicação específica para combater a coronavirose. Os pets infectados com o coronavírus recebem basicamente tratamento para atenuar os sintomas e as eventuais complicações da doença. A ministração de soro fisiológico ou glicosado, para compensar a perda de líquidos, geralmente é a primeira medida adotada pelos veterinários.
Os animais também recebem medicamentos contra a febre, diarreia, náuseas e vômitos. Os veterinários aconselham que os pets recebam alimentos probióticos, para recompor a flora intestinal. Caso surjam infecções secundárias, é necessário ministrar antibióticos (quase sempre, de largo espectro).
O tratamento é complementado com as vitaminas C e do complexo B (por via oral ou parenteral), que apresentam eficácia comprovada como protetoras das células do sistema digestório, além de reduzir os vômitos.
A SARS
Outro micro-organismo pertencente à família dos coronavírus – o SARS-COV – é responsável pela SARS (sigla, em inglês, da síndrome respiratória aguda severa, que afeta humanos e outros animais), também conhecida como pneumonia atípica.
O vírus foi isolado apenas em 2003, quando ocorreu uma pandemia que se estendeu do Alasca à Nova Zelândia e estendeu-se por dois anos (foram registrados 8.422 casos, com quase mil mortes, a maioria na China, Sudeste Asiático e Canadá). Nestes casos, os sintomas são semelhantes aos de uma gripe forte, com febre alta, dificuldade de respiração e tosse.