Acidentes acontecem. Confira as melhores maneiras de socorrer um cachorro atropelado.
O trânsito nas grandes cidades está cada vez mais complicado, mas atropelamentos podem acontecer em qualquer lugar. Veja as melhores atitudes que devem ser tomadas ao encontrar um cachorro atropelado na via pública.
A situação é triste, mas é preciso agir rápido. Muitas pessoas deixam de socorrer cachorros atropelados, acreditando que nada mais pode ser feito. No entanto, como diz o ditado, enquanto há vida, há esperança. Com alguns cuidados urgentes, o peludo pode se recuperar, ser feliz e fazer muita gente feliz ao redor dele.
O ideal, em casos de atropelamento, é acionar as autoridades e mexer o mínimo possível com as vítimas, uma vez que um movimento errado pode prejudicar ainda mais. O problema é que, muitas vezes, os cachorros permanecem caídos na pista, correndo ainda mais riscos.
Cachorro atropelado: O que fazer?
Caso você veja um cachorro atropelado e machucado na pista, em primeiro lugar, não entre em pânico. Encontre um lugar seguro para estacionar o carro ou atravessar a pista e procure identificar as condições gerais do acidentado.
Retire o cachorro do local. Esteja a vítima consciente ou não, arraste-a para um lugar seguro – a calçada ou o canteiro central. Tome o máximo cuidado, não corra perigo nem exponha o cachorro a mais problemas.
Lembre-se: o animal está ferido, sentindo dor, não sabe exatamente o que aconteceu nem quais outras agressões ele pode vir a sofrer. Em um momento como esse, ele entende que tudo pode machucá-lo e fazê-lo sentir dor. Procure improvisar uma focinheira, caso não haja ferimentos no focinho. Basta amarrar um pedaço de barbante (ou um cadarço), para impossibilitar as mordidas.
Se ele continuar muito agressivo, ou se você estiver com muito medo, ligue para uma clínica veterinária e peça ajuda. O socorro pode demorar um pouco mais, mas quase sempre há profissionais qualificados para as remoções.
Converse com o cachorro enquanto presta o auxílio. Ele não entende as palavras que estão sendo ditas, mas o tom empregado pode acalmá-lo. Procure limpar restos de sangue do focinho e da boca, sem pressionar. É possível que o sangue, escorrendo boca e narinas adentro, esteja prejudicando a respiração.
Não faça movimentos bruscos. Você pode assustar o cachorro acidentado, mas o problema principal neste momento é que, ao tentar correr para retirá-lo da pista, você comprometa ainda mais possíveis fraturas que a vítima tenha sofrido.
Pernas e patas dobradas de forma não natural são indícios de que algum osso está quebrado, trincado ou luxado. Se o pescoço parecer em posição errada, faça o possível para não deslocar o animal. Pode ter ocorrido um trauma na coluna cervical, com comprometimentos que podem ser graves.
Caso haja cortes com sangramentos, tente estancar com um pedaço de pano limpo, exercendo pressão leve. Não se incomode em fazer curativos, apenas tente reduzir as hemorragias.
Mantenha o cachorro deitado sobre o lado direito, para evitar ou minimizar lesões internas. Caso seja possível, providencie uma coberta para o acidentado. A hipotermia é comum em traumas, mas, mesmo que não seja este o caso, o cachorro se sentirá mais confortável.
Se ele se deitar normalmente, com pernas e patas levemente flexionadas, é sinal de que o socorro está dando certo – mas também que ele pode tentar escapar a qualquer momento. Se o cachorro demonstrar dores no tórax ou abdômen, ele pode ter sofrido ferimentos internos. Não há muito que um leigo possa fazer neste caso, a não ser esperar o atendimento de urgência.
De qualquer forma, uma presença amiga, se não diminui as dores, reduz o medo. Fique atento aos movimentos do cachorro, especialmente a respiração, que deve estar o mais próximo possível do normal. Demonstre solidariedade: em algumas situações, isto já é um auxílio valioso.
Leve o cachorro atropelado ao hospital veterinário. Se for possível, socorra a vítima em seu próprio carro. Tente improvisar uma maca com uma prancha de madeira que consiga encontrar no local. Se decidir amarrar o cachorro, prenda-o pelas patas, para não pressionar o tronco (principalmente o tórax).
Peça ajuda para os passantes para acomodar o acidentado no porta-malas ou no banco traseiro. Não o coloque diretamente sobre o chão do automóvel, porque os sobressaltos do trajeto podem comprometer a integridade física.
Se isto não for possível, telefone para o serviço de emergências da sua cidade, faça um resumo do ocorrido e espere o resgate junto à vítima.
No Brasil, existem pouquíssimos hospitais veterinários públicos – é possível contá-los nos dedos. Clínicas veterinárias particulares, contudo, dificilmente se recusam a prestar os primeiros socorros e oferecer os cuidados mais urgentes.
Se houver uma faculdade de Medicina Veterinária por perto, é a melhor forma de obter ajuda para um cachorro atropelado. Os hospitais-escola são geralmente bem equipados e o atendimento é sempre supervisionado pelos professores da instituição. Além disso, os estudantes e residentes têm uma oportunidade para aplicar os conhecimentos aprendidos.
Cachorro atropelado: O que diz a lei
A legislação brasileira não é específica no que diz respeito ao socorro a cachorros atropelados ou vítimas de outros acidentes. Quem provoca o atropelamento está sujeito a multas e a prisão de um a quatro anos, caso seja enquadrado na lei de maus tratos contra animais de estimação, sancionada em 2018.
Por outro lado, não há nenhuma lei sobre a omissão ou negligência no auxílio a animais acidentados. As pessoas podem passar ao lado, lastimar e até sofrer intimamente, mas não há dispositivos que obriguem um cidadão a prestar socorro efetivo.
O Corpo de Bombeiros pode ser acionado em caso de acidentes, mas as prioridades de atendimento são definidas pela corporação. Um cachorro atropelado e um gato preso no alto de uma árvore serão socorridos desde que não haja outras ocorrências mais urgentes no momento em que a informação é recebida.
Outra opção é acionar o centro local de controle de zoonoses, responsável pelo atendimento e recolhimento de cachorros e gatos abandonados, as principais vítimas de atropelamento entre os animais de estimação. Existem centros excelentes no país; outros, nem tanto.
Cuidando e protegendo
Nós, humanos, convivemos com os cachorros há milênios. Pode-se dizer que a civilização não seria a mesma sem a contribuição dos nossos peludos na caça, defesa, ataque, controle, segurança e companhia. Nós somos o que somos, em parte, em função desta parceria.
Alguns de nós, porém, veem os cachorros a partir de uma visão extremamente utilitarista. Para estes seres humanos, os cachorros são pouco mais que objetos, que podem ser descartados quando não mais são “convenientes”.
“Cresceu demais”, “mudei e a casa é pequena demais”, “não tinha com quem deixar nas férias”, “ficou muito bravo”, “fugiu e voltou prenha”, são algumas das justificativas usadas para o simples descarte de um animal de estimação.
A racionalidade passa longe. Ninguém parece se lembrar de que o cachorro ficou bravo porque foi estimulado continuamente a exibir seus instintos agressivos, ou que a cadela fugiu e voltou prenha porque não foi castrada nem teve o acesso à rua interditado.
Crises podem acontecer, mas não podemos dispor de seres vivos como se fossem coisas. Em último caso, se não pudermos ficar com os nossos pets, temos a obrigação de encontrar uma família substituta, e não apenas soltá-los na rua ao deus-dará.
São os cachorros abandonados as principais vítimas de atropelamentos e maus tratos, além de também serem vítimas da fome, do frio e de várias doenças. É preciso que os tutores se conscientizem das suas responsabilidades. Com um pouco mais de amor e compromisso, acidentes com cachorros poderão se tornar, em pouco tempo, apenas uma triste lembrança do passado – um passado em que faltou uma boa dose de humanidade para nós.