Com ou sem planejamento, cachorras dão sinais de que estão grávidas. Descubra como saber.
Caso não sejam esterilizadas, as cachorras entram no cio de duas a quatro vezes por ano e podem ficar grávidas, se conviverem com machos em casa, se tiverem acesso às ruas ou se os cachorros da vizinhança conseguirem invadir o terreno em que elas são mantidas. Mas, como saber se uma cachorra está grávida?
O primeiro sinal que faz suspeitar de uma gravidez é a mudança súbita de comportamento, especialmente entre as cachorras que normalmente são ativas e brincalhonas. Se a sua cachorra parece sempre cansada e não tem disposição para brincar, é necessário descobrir o que está acontecendo.
Os sinais da gravidez em cadelas
Além do cansaço sem motivo aparente e da recusa a brincadeiras que sempre fizeram a alegria das cachorras, o apetite das cachorras grávidas também é alterado. No início da gestação, a cadela dá sinais de falta de apetite e pode inclusive recusar a ração diária.
Mesmo assim, caso haja bebês a bordo, ela começa a engordar- inicialmente, de forma quase imperceptível. Se o cruzamento não tiver sido planejado, mas a cachorra tiver acesso aos pretendentes (que sempre são muitos), é preciso levá-la ao veterinário, porque estes sintomas são difusos: alguns problemas hormonais podem igualmente levar ao ganho rápido de peso.
Entre as mulheres, o primeiro sinal de gravidez é o atraso na menstruação. As cachorras, no entanto, liberam um número maior de óvulos a cada cio (ou estro), que podem ter sido fecundados enquanto outros são expelidos continuam sendo expelidos com o sangue menstrual.
Portanto, a presença de sangue nos locais em que a cachorra descansa não é um indicativo de que ela não esteja grávida. Além disso, as cadelas costumam lamber a vulva e quase sempre eliminam os traços da menstruação.
Os primeiros sinais de que uma ninhada está sendo gerada são os seguintes:
• falta de apetite – uma cadela grávida recusa totalmente o alimento ou come menos do que o habitual;
• aumento dos mamilos – é igualmente possível verificar que a pele dos mamilos fica mais escura e a região, mais sensível ao toque. Algumas cadelas passam a excretar um líquido quase transparente pelas mamas;
• aumento da barriga – este é um sintoma bastante notável nas cadelas esgalgadas, mas a dilatação do abdômen fica perceptível em uma semana;
• cansaço – sem motivo aparente;
• apatia – a cachorra recusa brincadeiras e pode querer ficar isolada ou escondida;
• vômitos – assim como acontece entre as mulheres, as cachorras também podem sofrer com náuseas e vômitos no início da gestação.
A gravidez das cachorras pode ser diagnosticada, por exames de imagens, a partir do 20º dia da gestação. A partir dos 30 dias, os fetos já podem ser apalpados sob a pele do ventre. Nos casos mais avançados, caso tenham sido ignorados pelos tutores, a cadela passa a procurar locais escondidos, aquecidos e livres de correntes de ar.
A barriga saliente, um sinal bastante esperado entre as mulheres, não é fácil de ser identificado entre as cachorras. Normalmente, a dilatação abdominal é discreta e surge apenas depois de seis semanas da concepção. Mesmo assim, as mães de primeira viagem demoram ainda mais para exibir a barriguinha. O mesmo ocorre quando poucos filhotes (dois ou três) estão se desenvolvendo no útero das cachorras.
O ganho de peso se torna evidente a partir dos 35 dias de gestação, mas as cachorras esgalgadas, magras e pequenas podem exibir mudanças na silhueta antes disso. Ao fim da gestação, as cachorras podem ter um aumento de 50% do peso físico.
Se o apetite quase desaparece na primeira metade da gestação, ele ressurge com força na metade final. É preciso alterar a dieta, cuidando sempre para que a cachorra não ganhe muito peso, fator de diversas doenças.
Ela instintivamente começa a preparar um lugar seguro para os filhotes. No último terço da gestação, a cachorra pode se mostrar mais agressiva e possessiva, especialmente com os objetos que escolheu para agasalhar a ninhada.
O cio
Quase sempre encarado como um transtorno pelos tutores, o cio pode ser ainda mais incômodo para as cadelas, que se veem em uma montanha russa de alterações físicas e emocionais determinadas pelos hormônios sexuais. A natureza provê as fêmeas dos mamíferos para ovular, acasalar, gerar filhotes, amamentá-los e, depois de um prazo de descanso (o anestro), repetir o ciclo.
No caso das cachorras, o primeiro cio, que indica a maturidade sexual, pode surgir aos seis meses de vida, comprometendo, em alguns casos, o desenvolvimento físico. As cadelas não entram na menopausa. Por isso, se não forem esterilizadas, o ciclo reprodutivo será repetido até quatro vezes por ano, durante dez, doze ou quinze anos.
Por isso, quando uma cachorra não é destinada à reprodução, os veterinários recomendam a esterilização assim que é encerrado o primeiro ciclo de vacinas, por volta dos seis meses de vida. A castração evita uma série de doenças, como endometriose, piometra e canceres no sistema reprodutor e nas mamas.
As cachorras de pequeno porte tendem a entrar no cio pela primeira vez mais precocemente, enquanto as “grandalhonas” podem atingir a maturidade sexual apenas com 22 meses de idade (é o caso, por exemplo, do São Bernardo e do dogue alemão).
O cio não é um evento isolado: ele faz parte do chamado ciclo estral. Depois de encerrado o anestro, a cadela não castrada passa pelas seguintes etapas deste ciclo:
• proestro – é a fase inicial da estimulação hormonal. A produção de estrogênio é ampliando, tornando as cadelas mais ativas e ágeis. Nesta fase, elas começam a liberar feromônios, substâncias capazes de atrair os machos.
Elas ainda não estão aptas ao acasalamento, mas a vulva se mostra inchada e surge uma secreção levemente avermelhada, muitas vezes confundida com menstruação. O proestro dura de cinco a 15 dias;
• estro – este é o período fértil das cadelas, em que elas procuram a companhia dos machos. Em geral, a secreção avermelhada desaparece e o inchaço da vulva permanece estável. Os cães podem identificar o estro a distâncias superiores a um quilômetro.
O estro dura de três e dez dias e a cadela pode acasalar com machos diferentes durante todo o período. As brigas entre machos, que querem ser escolhidos como parceiros sexuais, são comuns nessa época;
• diestro – a produção de estrogênio é reduzida e a da progesterona, ampliada. Em caso de fecundação, as alterações hormonais garantem a manutenção e o desenvolvimento da gravidez das cadelas. A vulva volta ao tamanho normal e as mamas aumentam;
O diestro compreende a gestação, parto e amamentação, com as alterações físicas e comportamentais características do período. Com o desmame dos filhotes, a cadela volta a entrar no anestro, e assim sucessivamente.
A gravidez das cachorras
A gestação das cadelas dura de 58 a 68 dias – as fêmeas de pequeno porte tendem a dar à luz os filhotes mais cedo. Os primeiros sinais de gravidez começam a surgir cerca de 20 dias depois do acasalamento.
É importante confirmar a gravidez o quanto antes, para que os cuidados necessários sejam adotados pelos tutores. Uma cachorra grávida não precisa de grandes alterações na rotina, mas ela provavelmente estará menos disposta a brincadeiras e passeios.
O comportamento muda sensivelmente. Cachorras grávidas não gostam de se expor, porque elas sabem que os filhotes não devem correr riscos desnecessários. Não há “testes de farmácia” para identificar a gravidez das cachorras. Os sinais se tornam cada vez mais evidentes, mas apenas o veterinário pode detectar com certeza.
A gravidez quase sempre transcorre sem problemas. Cadelas das raças mais “cabeçudas”, como rottweiler, mastim napolitano e buldogue inglês, podem ter dificuldades no parto – em alguns casos, é necessário submetê-las a uma cesariana.
Os tutores devem insistir em caminhadas leves, respeitando o ritmo da cachorra grávida. Para estimular o apetite, pode-se misturar ração úmida ao alimento seco, misturá-lo com caldo de carne ou legumes, iogurte natural ou mesmo água morna, que torna a ração mais aromática e muda a textura dos grãos.
A partir do 30º dia da gestação, é importante oferecer alimentação mais calórica, com maior teor de proteínas e de alguns minerais, como cálcio, fósforo e potássio, importantes para o desenvolvimento adequado dos filhotes. Existem rações e suplementos específicos para a gravidez canina.
O acompanhamento do veterinário é imprescindível. Cadelas jovens e saudáveis raramente apresentam problemas na gestação, mas é importante avaliar o desenvolvimento dos fetos e as condições gerais da futura mãe.
Uma cachorra grávida merece alguns mimos. Prepare uma cama confortável e segura – a cadela naturalmente irá elegê-la como local para proteger os filhotes. Evite ambientes barulhentos e estressantes, porque isso pode provocar aborto ou parto prematuro.
As cachorras grávidas não sabem exatamente o que está acontecendo e podem precisar do apoio e companhia dos tutores. É importante deixá-las confortáveis, respeitando o temperamento de cada animal. É fácil identificar os momentos em que elas querem companhia e aqueles em que elas preferem ficar sozinhas.
O parto
A maioria das cachorras pode dar à luz em casa, sem necessidade de internação hospitalar. Se o veterinário não observar problemas que possam complicar o parto, o ideal é deixá-la escolher o local e receber os filhotes de forma natural.
O local do nascimento e amamentação dos filhotes precisa ser silencioso, tranquilo, confortável e agasalhado. As crianças podem acompanhar a gravidez, parto e puerpério, mas é importante fazê-las entender que se trata de um momento especial, que não deve ser perturbado.
Os sinais do nascimento são evidentes. As contrações podem ser sentidas apalpando-se o abdômen da cadela e, em alguns casos, podem até mesmo ser visíveis. O primeiro filhote costuma vir à luz cerca de quatro horas depois do início das contrações.
O intervalo entre os nascimentos é de 15 a 20 minutos, mas as cadelas de pequeno porte costumam expulsar os fetos e a placenta com mais rapidez. Caso os tutores notem alguma dificuldade, devem levar a cadela para o veterinário imediatamente.
Gravidez psicológica
Algumas cachorras desenvolvem a chamada gravidez psicológica. Elas exibem os sinais da gestação (ganho de peso, aumento da circunferência abdominal, inchaço nas mamas, etc.), mesmo sem ter tido contato com um macho.
Nesta condição, as cadelas podem inclusive simular o parto e produzir leite para amamentar as crias, que podem ser “adotadas” – como um bichinho de pelúcia, um brinquedo de borracha ou simplesmente um pedaço de pano.
A gravidez psicológica parece ser uma estratégia evolutiva os animais do gênero Canis (além dos cachorros, o gênero engloba os lobos, chacais e coiotes). Na natureza, as fêmeas submissas destas espécies não se acasalam, mas a produção de leite ajuda nos cuidados com os filhotes das fêmeas dominantes do grupo.
Também chamada de pseudociese, a gravidez psicológica, entre as nossas cadelas, pode prejudicar a saúde. As cachorras podem desenvolver endometriose, piometra e até tumores no sistema reprodutor.
Esta condição é extremamente rara entre as cadelas castradas, mas, em qualquer caso, requer acompanhamento veterinário. Além dos problemas físicos, a gravidez psicológica pode levar a quadros de ansiedade e depressão.
Geralmente, a gravidez psicológica surge entre dois e quatro meses depois do cio e quase sempre desaparece em duas semanas. Se os sintomas continuarem se manifestando, é preciso levar a cachorra ao médico.