Manter a saúde bucal é uma tarefa básica dos tutores. Confira como escovar os dentes do cachorro.
É preciso escovar os dentes dos cachorros regularmente, tanto para evitar o mau hálito, quanto para prevenir problemas que podem afetar a mastigação, a deglutição e até mesmo a digestão e aproveitamento dos alimentos.
Adotar um cachorro é um compromisso de longo prazo. Ele significa proteger, alimentar, dar carinho, praticar exercícios, cuidar da saúde e da higiene. Escovar os dentes é uma tarefa que deve ser encarada como os banhos, a escovação dos pelos, os passeios e brincadeiras, etc.
Cachorros são tudo de bom. Eles são brincalhões, fiéis, sempre dispostos para qualquer atividade com os tutores. Mas não é nada agradável quando, junto com os lambeijos, os peludos nos premiam com um belo “bafo de onça”.
Não se sabe, aliás, de onde surgiu esta expressão. Poucas pessoas que estiveram tão próximas a uma onça-pintada sobreviveram para contar sobre o hálito da rainha das selvas brasileiras. De qualquer maneira, se ocorrer um tête-à-tête com um felídeo desse porte, o menor dos problemas será o bafo.
Por que escovar os dentes?
Com os cachorros, a história é outra. Eles estão sempre próximos aos humanos da família – e, em muitas delas, os beijos e abraços não são apenas permitidos, mas também incentivados. A má higiene (ou a falta dela) é a principal causa das gengivites caninas, que podem provocar uma doença periodontal, que é grave e não tem cura.
A boca dos cachorros apresenta um pH mais alcalino do que a nossa. Por este motivo, e também por não comerem doces, eles correm menos riscos de desenvolver cáries. As fraturas dentais e a doença periodontal são os principais problemas.
Além da escovação, os tutores devem ficar atentos às atividades dos cachorros, que não podem morder objetos muito duros e resistentes – inclusive ossos de vaca ou porco. As consultas regulares com o veterinário também contribuem para manter a saúde em dia.
Como escovar os dentes dos cachorros?
Até surgir a dentição definitiva, não há necessidade de escovar os dentes dos cachorros, mesmo porque, durante a troca, eles ficam muito incomodados e roem qualquer coisa – o ideal é investir em alguns mordedores de borracha, que garantem a higiene bucal nesta etapa.
Os dentes permanentes surgem a partir dos quatro meses de idade e a troca completa leva cerca de três meses. A escovação pode ser introduzida logo no início desse período. A forma mais prática é envolver a tarefa em brincadeiras. Os tutores podem começar com afagos e cafunés, para que os peludos se sintam mais seguros.
Aos poucos, com cuidado para não pressionar demais, deve-se introduzir um dedo entre os dentes e as bochechas, massageando a parte interna. Para os cachorros, será um gesto natural. Os dentes devem ser escovados desde a raiz, incluindo as gengivas.
Os tutores podem envolver os dedos em gazes cirúrgicas (encontradas em farmácias). É igualmente possível usar mechas de algodão, desde que o material não solte fiapos que possam ficar presos na boca dos cachorros.
Para os cachorros maiores, é possível usar escovas de dentes, que são comercializadas em clínicas veterinárias e pet shops (mas as escovas infantis exercem a mesma função). A escolha deve recair sobre escovas de cerdas macias. O cabo de ser longo o suficiente para permitir a escovação dos dentes molares, no fundo da boca.
Para os cães de menor porte e também para os que não estão acostumados com a escovação, os tutores podem optar por dedeiras confeccionadas em látex. Elas são menos invasivas e deixam os cães mais tranquilos durante a higienização dos dentes.
Cuidados
A primeira condição para escovar os dentes do cachorro é ter paciência. Os tutores devem escolher um momento tranquilo, sem muito movimento. O peludo precisa estar confortável e confiante. A higienização, para ele, deve ser apenas mais uma brincadeira.
Com a escova ou a dedeira, o tutor deve fazer o movimento de vaivém nas laterais por cinco ou seis vezes. Os dentes incisivos tendem a acumular mais sujeira, mas é mais fácil conferir o progresso da escovação.
Os molares superiores (os dentes do fundo) merecem atenção especial, pois eles estão posicionados em uma região com muitas glândulas salivares e isto aumenta as chances de formação da placa bacteriana.
Os intervalos
Na maioria dos cães, a proliferação dos micro-organismos que provocam fermentação na boca e dão origem ao cálculo dental (que provoca o tártaro e, negligenciado, a doença periodontal) se torna excessiva de 48 a 72 horas depois da ingestão dos alimentos.
O tártaro é relativamente fácil de ser identificado: são as manchas amareladas junto à raiz dos dentes, que tendem a escurecer se nenhuma providência for tomada. As bactérias, no entanto, podem se alojar abaixo da linha da gengiva, comprometendo as estruturas internas dos dentes.
Portanto, os dentes dos cachorros precisam ser escovados pelo menos a cada dois dias, mas, se o tutor tiver tempo, pode escová-los diariamente. O intervalo máximo é de três dias, mas apenas no caso de cães sem mau hálito.
A doença periodontal é mais comum do que se imagina. Estima-se que cerca de 80% dos cães, a partir dos três anos de idade, já apresentam sinais de formação do cálculo dental. O problema dá início a uma série de desconfortos e incômodos, chegando progressivamente a comprometer a qualidade de vida dos peludos.
Os cremes dentais para cachorros
Os tutores também podem usar cremes dentais para atrair os peludos. Estes são produtos específicos – não se deve usar artigos de higiene fabricados para humanos. Vale lembrar, no entanto, que este é apenas um coadjuvante para a limpeza; para os cães já acostumados, a escovação pode ser feita apenas com água.
A função dos cremes é justamente chamar a atenção dos cachorros. Há produtos com aromas de carne e frango, mas alguns também apresentam odores de menta, hortelã, tutti-frutti, etc. – eles privilegiam as sensações humanas, mas os cães também ficam curiosos em experimentar as “novidades”.
Os tutores que decidirem usar o creme dental para facilitar a escovação precisam ficar atentos a algumas características dos produtos:
- eles não devem conter flúor, para evitar eventuais intoxicações;
- não podem produzir espuma na boca (os cães não sabem cuspir).
Além disso, os cremes não devem ter propilenoglicol na formulação. A substância é usada na desinfecção (é muito comum encontrá-la em enxaguantes bucais), mas o sabor adstringente manterá os cachorros bem afastados.
Alguns cremes dentais são formulados com enzimas que ajudam a prevenir e combater o tártaro, impedindo a formação de placas bacterianas. Para que eles causem os efeitos desejados, é preciso manter a escovação em dia: pelo menos três vezes por semana.
Complementos para a escovação
Para complementar a escovação, os tutores podem oferecer brinquedos rígidos para os cães: o atrito com os dentes ajuda a retirar impurezas e retarda a formação do cálculo dental (tártaro). Bolinhas e mordedores de borracha maciça são boas opções.
Em tempo: um cachorro não se torna destrutivo por “nocautear” um brinquedo. Na verdade, para os peludos, a brincadeira é justamente essa: “trucidar” os objetos. Comportamentos destrutivos são aqueles em que os cães atacam almofadas, vasos de plantas, pés de mesas, etc. Eles indicam que o animal está entediado, precisando de companhia e atividades mais intensas, etc.
Os brinquedos, portanto, precisam ser substituídos de tempos em tempos. Os tutores só precisam evitar objetos muito frágeis. De qualquer forma, eles não podem se reduzir e peças muito pequenas, que possam ser ingeridas ou inaladas.
Os petiscos também auxiliam na limpeza bucal. Biscoitos, bifinhos e ossinhos podem ser oferecidos durante o dia, para que o cachorro, ao mastigá-los, elimine naturalmente os restos deixados entre os dentes e na gengiva. O único cuidado é não exagerar, para não prejudicar a forma física dos peludos.
Os dentes dos cachorros
Com relação ao crânio, os cachorros são divididos em três tipos básicos:
• dolicocefálicos – cabeça longa e estreita, com testa inclinada e focinho comprido. Dachshund, afghan hound e greyhound são alguns exemplos;
• braquicefálicos – o focinho é encurtado, dando a impressão de cara achatada. É o caso do boxer, pug, lhasa apso, etc.;
• mesocefálicos – é o meio termo entre os dois tipos, como se pode observar no beagle, golden retriever e retriever do labrador. O comprimento do focinho é equivalente ao do topo do crânio, ou um pouco menor.
Escovar os dentes de cachorros braquicefálicos costuma ser uma tarefa mais fácil em relação aos demais. Pugs, buldogues e shih tzus também apresentam um número menor de dentes: a dentição canina completa é de 42 dentes, mas um pug pode ter apenas 30.
Mas muitos cães dessas raças (e de outras de pequeno porte, como maltês e yorkshire terrier) apresentam dentição dupla: os dentes de leite não caem e os permanentes acabam se sobrepondo. Isto torna a escovação um pouco mais difícil, mas ainda mais necessária.
