Cachorro é tudo de bom: companheiro, brincalhão, devotado, leal e esperto. Por outro lado, quem pretende adotar um peludo deve se preparar, porque os cães dão trabalho. Além de onerar o orçamento doméstico, eles precisam aprender pelo menos os comandos básicos: entre eles, o lugar certo para fazer xixi e cocô.
Muitos tutores se desesperam ou ficam desanimados ao se depararem com rodinhas de xixi espalhadas pela casa, mas ensinar o lugar certo das necessidades fisiológicas não é nenhum bicho de sete cabeças. Os cachorros são inteligentes e aprendem rápido, mesmo que não entendam muito bem os motivos das regras da casa.
Isso acontece porque os cachorros, além de inteligentes, são muito devotados aos seus tutores e querem sempre agradar. Talvez as razões caninas não sejam determinadas apenas pelo devotamento – eles sabem que tutores satisfeitos distribuem petiscos, afagos e brinquedos –, mas, de qualquer maneira, o aprendizado do lugar certo é uma tarefa bastante simples.
Seja como for, antes de ensinar qualquer coisa, é preciso lembrar que o aprendizado é gradual e depende de tentativas e erros. De maneira geral, um cachorro não precisa de mais de duas ou três repetições para entender o que se espera dele, mas podem ocorrer imprevistos, como veremos mais à frente.
Como ensinar o cachorro a fazer xixi e cocô no lugar certo
Não importa se o cão foi adotado filhote ou já adulto, ele sempre é capaz de aprender. Os cachorros adultos, especialmente os resgatados das ruas e de abrigos, apresentam inclusive um motivo a mais para contentar os tutores: eles se sentem agradecidos pela “mudança de vida”.
Mesmo os animais idosos, a partir dos seis ou sete anos, são capazes de aprender coisas novas – e também de adaptar coisas que já sabem (como acontece em casos de mudança de residência). Com os filhotes e adultos saudáveis, contudo, a tarefa é sempre mais fácil.
Ensinar seu cachorro a fazer xixi e cocô no lugar certo e um aprendizado de passos, sempre tendo em vista o método da tentativa e erro. É importante lembrar que o melhor método de ensino consiste no reforço positivo, com a oferta inicial de algum tipo de recompensa, como um petisco ou um afago.
Uma vez assimilada a conduta esperada pelos tutores (no caso, de fazer xixi e cocô no lugar certo), os prêmios materiais podem ser dispensados, mas é preciso continuar incentivando os peludos, com carinhos e palavras de encorajamento, para fixação do aprendizado.
O treinamento precisa ser feito logo que o cachorro é recebido em casa e os tutores devem zelar pela estabilidade: se o cachorro faz as necessidades no tapete da sala, às vezes é repreendido e às vezes, ignorado, ele não consegue entender o que está sendo proposto.
As etapas do aprendizado são fáceis e simples. Xixi e cocô no lugar certo fazem parte da rotina diária do cachorro e o aprendizado pode ser obtido juntamente com o ensino dos comandos básicos: “sim”, “não”, “fica”, “vai”, etc.
Um passo a passo para fazer xixi e cocô no lugar certo
1) Comece indicando o “lugar certo”. Como os cachorros não têm conceitos de higidez e limpeza, para eles, tanto faz o xixi e cocô no meio da sala, na cozinha, na rua, etc. Mostre o local e indique o que você espera do seu melhor amigo.
2) Não é preciso gritar e dar bronca não adianta. Os filhotes costumam fazer cocô de cinco a 15 minutos depois da primeira refeição do dia (no caso dos adultos, o intervalo pode ser de até meia hora).
3) Leve-o para o “lugar certo” quando este prazo estiver se encerrando. Pode ser a área de serviço, o quintal ou um cantinho qualquer. Você pode forrar o local com papel-jornal (dê preferência a folhas não impressas), usar um tapete higiênico ou apenas levar o cachorro para a área externa.
4) Espere que a natureza siga o seu ritmo. Tente não distrair o cachorro neste momento, apenas impeça que ele se afaste. Trata-se de uma aula, que não pode ser prejudicada com brincadeiras e outras distrações.
5) Uma vez que o cachorro tenha feito as necessidades, elogie o comportamento esperado. Ofereça carinho, elogie com palavras de estímulo e, se ele não assimilar imediatamente, a conduta pode ser reforçada com um biscoito.
É preciso considerar ainda algumas questões:
- em espaços pequenos, o cachorro pode se confundir sobre o lugar certo. Os cães conseguem compreender com facilidade o “lá dentro” e o “lá fora”, mas, se a família mora em um apartamento, fica um pouco mais difícil, mas nada que não possa ser assimilado com algumas repetições;
- o local escolhido para as necessidades não deve ficar próximo a comedouros e bebedouros. Ninguém gosta de fazer as refeições em um lugar “poluído” e, com os cachorros, não é diferente. Determine ambientes diferentes para a sala de jantar e o banheiro (uma distância de dois a três metros é suficiente);
- alguns cães são mais independentes e teimosos. Nestes casos, é possível “ampliar as opções”, forrando alguns locais estratégicos com papel-jornal, até que ele estabeleça a relação entre o xixi e o papel. Gradativamente, as opções devem ser reduzidas, até que o peludo assimile que deve fazer as necessidades em um local específico.
Superando dificuldades
A regra de ouro para qualquer treinamento é: tenha paciência durante o ensino das regras. Lembre-se de que você (ou alguém muito próximo) é o responsável pela adoção e a convivência com pets implica o cumprimento de diversas tarefas específicas.
Preferencialmente, use espaços com diferenças táteis, como pisos diferentes, para o lugar certo de fazer xixi e cocô, para que o cachorro compreenda que não deve fazer as necessidades perto da cama ou do sofá, por exemplo. O papel-jornal também cumpre esta necessidade.
Mesmo assim, o cachorro pode se confundir e imaginar que qualquer espaço forrado é adequado para as necessidades fisiológicas. Se isto ocorrer, retire capachos e tapetes dos locais de circulação do peludo, enquanto ele estiver em treinamento.
Vale o mesmo para os “tapetes gelados“, que são uma boa opção para os dias quentes, especialmente para cachorros muito encalorados (uma dica: para saber se o seu amigo é assim, verifique se ele tenta apoiar o abdômen no chão para se refrescar, ou até mesmo esticar as pernas traseiras para aumentar a área de contato com o friozinho).
Os cachorros são conhecidos pelo excelente faro. Eles são capazes de captar cheiros a quilômetros de distância, mesmo quando os aromas estão mesclados uns aos outros. Você pode usar o olfato canino para treinar o seu melhor amigo.
Para tanto, basta reutilizar as folhas de papel-jornal que estão impregnadas do cheiro do xixi e do cocô. Sempre que possível, retire o excesso e coloque o banheiro no mesmo lugar, que, com algum tempo, será reconhecido apenas pelos odores.
Alguns tutores são mais tolerantes; outros, mais exigentes – e não há nada errado nisso: cada casa determina regras próprias. Mas, durante o aprendizado, é importante dosar as cobranças, sem recorrer a gritos (e muito menos a agressões físicas).
Contratempos
Os cachorros às vezes entendem que o “errado” está nas próprias necessidades fisiológicas e não no local escolhido para depositá-las. Em alguns casos, eles podem até mesmo engolir as fezes, para “eliminar as provas do crime”. A coprofagia é relativamente comum e também se manifesta em casos de alimentação deficiente e de competição, nas casas com dois pets ou mais.
Portanto, é muito importante que o treinamento seja agradável e prazeroso para os cachorros: se eles entenderem que o xixi e o cocô no lugar certo tornam o tutor mais satisfeito, não terão dificuldades para assimilar.
Em alguns casos, os tutores podem adotar apitos e clickers para facilitar o treinamento. Basta acionar os equipamentos. Os apitos são infrassônicos: o som não é perceptível para os nossos ouvidos. Os clickers, como o nome indica, emite um pequeno “clique”. Nos dois casos, eles devem ser acionados quando o cachorro ” não faz a coisa certa”. É importante não abusar, para não gerar ansiedade.
Outro problema comum é o fato de cachorros já adultos e adaptados à casa passarem a fazer as necessidades fisiológicas fora do lugar. Isto quase sempre acontece quando eles se sentem isolados e também quando permanecem ociosos por períodos prolongados.
É o caso, por exemplo, dos animais que passam o dia inteiro sozinhos, sem nada para fazer. É frequente o surgimento de sintomas de ansiedade – e fazer xixi e cocô no lugar errado é um deles. É uma advertência para os tutores de que a rotina está insatisfatória.
De qualquer forma, estas situações também podem ser corrigidas com facilidade. Basta enriquecer o cotidiano dos cachorros, nos momentos em que eles ficam sozinhos. Os tutores podem estabelecer um rodízio dos brinquedos, para que eles tenham sempre “cara de novidade”. Basta guardá-los e voltar a apresentá-los uma semana ou dez dias depois.
Em casos drásticos, nos quais o cachorro parece desaprender o que já tinha assimilado, os tutores podem:
- deixar uma peça de roupa para que eles sintam o cheiro (e a presença) dos familiares;
- manter uma janela entreaberta, para que os cachorros observem o movimento (se não houver acesso à rua, eles quase sempre se contentam observando o voo das aves, por exemplo);
- programar uma TV para ser ligada em alguns momentos do dia (ou do período de solidão), apenas para fazer barulho e atrair a atenção. Não é necessário identificar os programas preferidos dos peludos.
É importante considerar que especialmente os machos podem tentar demarcar o território (no caso de animais dominantes), para afastar outros animais. A forma mais eficaz, para eles, é eliminar pequenas quantidades de urina pelo ambiente (este é o motivo por que muitos cães param em todos os postes e troncos de árvores durante os passeios).
A territorialidade e dominância podem ser atenuadas com a castração. Este é mais um motivo para esterilizar os pets, caso você não queira dar início a uma criação de cães. A cirurgia é simples, requer poucos cuidados e é indicada também para as fêmeas.
Mais uma vez: a convivência com cachorros é excelente para nós nos mais diversos sentidos. Ela sempre requer alguns cuidados e atenções, mas o retorno dos peludos supera o trabalho dos tutores. A chave é ter paciência.