Cachorros adoram a companhia dos tutores, mas um pouco de diversão na vida não faz mal a ninguém.
Cachorros são muito fáceis de agradar. Além das necessidades básicas – comida, cuidados com a saúde, abrigo e um lugar para dormir – eles não exigem quase nada dos tutores, além da companhia e de brincadeiras, que também são fundamentais. Mesmo assim, é possível colocar mais diversão na vida dos peludos.
Brinquedos, passeios e atividades com a família humana tornam o cachorro feliz, ajustado e equilibrado. Os cães são animais gregários, eles precisam de companhia. A primeira dica para tornar a vida mais divertida é justamente não deixá-los sozinhos por muito tempo.
A diversão – em forma de brincadeiras, correrias, caminhadas, adestramentos, etc. – é importante também para a sociabilização dos nossos peludos. nestas interações, eles aprendem a respeitar toda a família (os humanos e os outros pets), a obedecer às regras e a encontrar o seu lugar no universo doméstico.
O temperamento
Antes de tudo, é necessário conhecer o temperamento do cachorro, antes de pensar em quais atividades poderiam oferecer diversão para ele. Aliás, conhecer as características de personalidade deveria ser uma preocupação antes da adoção.
Um tutor atlético, cheio de energia, combina muito bem com um beagle ou um cocker spaniel, que estão sempre prontos para correr e brincar, mas provavelmente não teria um grande parceiro se escolhesse um buldogue inglês, por exemplo.
Quase todos os cachorros gostam de carinho. Uma exceção é o basenji, conhecido pelo mau humor (mesmo assim, ele tem seus momentos de ternura). Mas quem gosta de ficar com o peludo no colo precisa ficar atento.
Chihuahuas e malteses, entre os cães de pequeno porte, são ideais como chaveirinhos – um chihuahua chegou a roubar a cena em “Legalmente Loira”, de Robert Luketic (2001), ao ser transportado tranquilamente na bolsa da protagonista.
Dálmatas e boxers não podem ser carregados no colo, em função do tamanho, mas adoram ficar ao lado dos tutores, recebendo carinho (os dálmatas são mais ativos, enquanto os boxers têm fôlego curto). Já o yorkshire e o poodle (de qualquer tamanho) são animais ágeis e curiosos, estão sempre explorando e preferem uma aventura a um aconchego.
Quem gosta de adestramento terá o companheiro perfeito em um border collie. A raça é considerada a mais inteligente, quando se trata de aprender (e obedecer) novos comandos. Eles são excelentes para atividades intensas, como o agility. Pastores australianos, pastores de Shetland e mesmo os pequenos jack russel terriers também são boas opções para as atividades físicas.
Os animais braquicefálicos (de focinho achatado), como os buldogues, lhasa apsos, shih tzus, pequineses, boxers (e outras raças menos comuns no Brasil, como o dogue de Bordeaux) sempre apresentam problemas respiratórios e podem até desenvolver transtornos cardíacos. Correria e agitação intensa não são a ideia que eles fazem de diversão.
Evidentemente, a idade dos pets também precisa ser levada em consideração. Os filhotes são mais curiosos (e desengonçados), mas dormem a maior parte do dia. Os cães idosos (a partir dos sete anos) não apresentam a mesma vivacidade, mesmo quando não têm problemas de saúde.
Os brinquedos
Conhecendo a personalidade dos pets, os tutores podem encontrar diversos brinquedos para garantir a diversão dos peludos. Nem é preciso gastar dinheiro: um graveto, uma meia velha transformada em bolinha ou um banho de mangueira deixa a maioria dos cães felizes e equilibrados.
Os brinquedos são importantes também para fortalecer as unhas e dentes, tonificar a musculatura, desenvolver a inteligência e prevenir o tédio, que quase sempre transforma os cachorros em verdadeiras maquinas de destruição. Mas estamos falando de diversão e não de terapia.
A escolha dos brinquedos precisa levar alguns pontos em consideração, além da personalidade canina. Os tutores devem evitar objetos que tenham peças pequenas (que podem ser engolidas e causar asfixia) e os itens que soltam cerdas e felpas.
Os animais tranquilos e sossegados conseguem passar horas mordiscando uma bolinha ou um osso mais duro e resistente. Os hiperativos demandam um repertório maior de objetos, porque eles ficam trocando de brinquedo a toda hora.
• Brinquedos educativos – são excelentes para aprimorar a inteligência canina. Alguns objetos podem ser recheados com ração (ou um petisco qualquer), mas existe uma maneira correta para serem abertos. Estes itens são interessantes também para os cães que passam horas sozinhos em casa, porque eles ficam ocupados e nem percebem o tempo passar.
• Bolinhas – são os brinquedos ideais para os peludos. Escolha os modelos que quicam no chão (como as bolinhas de tênis), obrigando o cachorro a se exercitar. O material precisa ser resistente, mas a diversão de alguns pets é justamente destruir o “brinquedo novo”. Nesse caso, uma bolinha de meia pode ser feita sem custo e garante cães entretidos por algum tempinho.
• Bichos de pelúcia – são indicados especialmente para os cães mais tranqüilos. Eles podem se transformar em companheiros inseparáveis ou apenas um passatempo para os momentos sem nada para fazer (um dia frio e chuvoso, por exemplo). Antes de entregar um brinquedo desses, certifique-se de que o enchimento não seja tóxico nem ofereça risco de sufocar.
• Lançador de bolas – cachorros adoram resgatar objetos atirados pelos tutores. Mas, com exceção dos pequenos, que apenas correm dois metros e retornam com o objeto, pode ser cansativo ficar jogando bolinhas e gravetos durante longos períodos. Um lançador de bolas resolve o problema. Ele pode ser acionado a qualquer momento e há diversos modelos, que podem inclusive ser usados na sala de estar. Diversão garantida.
• Piscina de bolinhas – quem tem espaço pode investir em uma piscina dessas, que fazem a festa dos cachorros. Eles conseguem mergulhar, esconder-se dos tutores (ou de outros pets da casa), morder as bolinhas plásticas e até aproveitar para tirar uma soneca. Tome cuidado com as peças frágeis e nunca use bolinhas de isopor.
• Mordedor – estes objetos são encontrados em diversas formas, mas cumprem a mesma função dos mordedores para bebês: fortalecer a dentição e aliviar o desconforto causado pelos dentes despontando nas gengivas. É pura diversão para os filhotes, que também “esquecem” de roer chinelos e pés de móveis, e também para os adultos mais bonachões.
• Recicláveis – é possível garantir a diversão dos cachorros e contribuir para a redução do lixo, um problemão especialmente nas grandes cidades. Reciclar pneus, cordas e roupas velhas, transformando estes itens em brinquedos, diverte os peludos e ajuda a natureza. Garrafas pet podem ser transformadas em brinquedos executivos: basta recheá-las com petiscos e observar os pets tentando encontrar um meio de abri-las.
Atividades físicas
Cachorros precisam se exercitar em todas as etapas da vida, sempre respeitando a idade e as condições físicas de cada animal. As atividades consomem energia, aliviam o estresse, fortalecem os ossos e músculos e melhoram a frequência cardiorrespiratória (entre outros benefícios), deixando os cães felizes e ajustados.
Um cachorro que não tem com que (ou com quem) brincar certamente irá procurar alguma coisa para se ocupar – que pode ser destruir almofadas e cortinas, mostrar-se agressivo com as visitas (e, em certos casos, até mesmo com a família) e, se tiver possibilidade, escapar para a rua.
Uma rotina de atividades também fortalece os vínculos entre o cachorro e o tutor. É um prazer e uma diversão para ambos. Vale lembrar, mais uma vez, que os exercícios devem ser condizentes com o temperamento e com as condições de saúde do pet.
Caminhadas, corridas, resgate de objetos (bolas, discos de arremesso e gravetos são os mais “desejados”), cabo-de-guerra estão entre as atividades mais bem aceitas. Alguns cães adoram nadar – retriever do Labrador, golden retriever e poodle são exemplos de raças desenvolvidas para o mergulho.
Outros gostam de se divertir simplesmente correndo – e quase todos os tutores já se viram envolvidos com um cãozinho se movimentando freneticamente, mesmo que seja apenas entre a sala e a cozinha. Whippets, greyhounds e borzois são cães desenvolvidos para corrida.
Alguns cães gostam de carregar (ou arrastar) peso. Os cães de trenó, como o husky siberiano, o samoieda e o malamute do Alasca, passaram séculos arrastando a bagagem dos seus tutores pelas pradarias do Ártico, enquanto os boiadeiros, como o border collie, kelpie australiano e o brasileiro pastor da Mantiqueira (raça ainda não reconhecida) conseguem “convencer” bois e vacas a retornar para o rebanho.
Vamos repetir: tudo depende do porte, da idade e do temperamento do pet. Para alguns, como o pinscher miniatura, subir e descer alguns degraus (ou subir e descer do sofá) já é um uma atividade física intensa.
Os passeios
Todos os cachorros devem passear diariamente. A exceção é a contraindicação do veterinário, em função de doença ou trauma. Os passeios devem ter duração de 20 a 30 minutos, faça chuva ou faça sol. Aliás, o ideal é evitar os horários de sol quente, para que os peludos não se cansem demais nem queimem as patas no contato com o asfalto aquecido.
As caminhadas diárias devem ter início logo depois de completada a vacinação inicial. Os filhotes precisam ser acostumados com a guia e a coleira. Uma vez que todos eles precisam aprender os comandos básicos (“fica”, “senta”, “não”, etc.), o treino com a coleira é o momento ideal para o adestramento.
Cachorros são animais gregários. Na natureza, os lobos vivem em bandos sofisticados e hierarquizados: as alcatéias. Em casa, os nossos peludos reproduzem estas características – e o tutor deve ser identificado como o macho alfa (mesmo que seja mulher).
Os passeios são momentos de exploração, descoberta, fortalecimento da confiança, assimilação de regras (como não puxar a guia e parar nos cruzamentos). Os tutores precisam se armar com uma boa dose de confiança, já que os peludos terão de parar em todos os postes e árvores para identificar quem passou por ali anteriormente.
Muitas pessoas não têm tempo para passear com os cachorros. Quem nunca tem tempo deveria considerar a adoção de outro pet, como um gato ou um furão. Mas sempre há alguns períodos em que o trabalho e os estudos nos impedem de caminhar com os pets. Nessas ocasiões, pode-se contratar um dog walker. O que não se pode fazer é cancelar as caminhadas em função da nossa agenda.
Algumas dicas para tornar o passeio mais divertido e instrutivo:
• as caminhadas devem ser prazerosas. Antes de sair de casa, deixe claro para o cachorro que vocês estão saindo para se divertir, brincar e explorar. Alguns cachorros são naturalmente medrosos, mas quase sempre eles reproduzem o comportamento dos tutores. Se você se mostrar confiante e alegre, o peludo provavelmente passará a se sentir da mesma maneira;
• fique atento aos sinais. Cães latem, rosnam e uivam durante as caminhadas. Mas, caso perceba sons e comportamentos diferentes, o animal pode estar demonstrando que está dolorido ou desconfortável;
• sempre que possível, encontre um roteiro tranquilo e com algumas novidades. Uma avenida com tráfego intenso, buzinas, fumaça e mau cheiro não é exatamente um local divertido. Leve o peludo para uma pracinha ou uma rua de pouco movimento;
• se o seu cão é jovem, saudável e ágil, desafie-o com corridas, subidas por ladeiras íngremes e movimentos seriados (ziguezague, em degraus, ritmo alternado, etc.). Se o animal é idoso ou está doente, encontre um local plano, com sombra e espaços para o descanso. Isso vale também para os cachorros de focinho achatado de qualquer idade;
• reserve um tempo do passeio para as necessidades fisiológicas do peludo. Deixe que ele faça xixi e cocô no tempo dele, sem apressá-lo. Os machos, especialmente os dominantes, costumam urinar por todo o percurso – eles estão demarcando território. Algumas fêmeas exibem o mesmo comportamento;
• todos os cachorros são curiosos – e devem satisfazer a curiosidade. No entanto, eles não têm muita noção dos perigos à espreita. Por isso, fique atento para o movimento dos carros, de outros animais no caminho (tanto pode ser um encontro amistoso como uma briga), os restos jogados nas calçadas por pedestres mal educados, as fezes deixadas por outros animais;
• lembre-se de que o tutor é o condutor e está no comando da atividade. Não deixe o cachorro puxar a guia (se ele tentar, pare, repita o comando (“fica” ou “ao lado”) e espere até que o peludo se aquiete. Só permita as corridas em locais seguros – e apenas depois que o cão tiver aprendido a obedecer quando é chamado de volta;
• leve água para hidratar o cachorro durante o passeio. Isto é importante especialmente nos dias quentes, mas mesmo o frio seco pode prejudicar a saúde dos pets. É possível aproveitar os percursos para o adestramento: neste caso, leve também algumas recompensas;
• nas ruas, os cães estão expostos a parasitas, vírus e bactérias. Mantenha sempre a vacinação em dia, siga as instruções do veterinário sobre a vermifugação e use sempre uma coleira antipulgas.