Uma coçadinha aqui, outra ali é um fato normal. Afinal, cães escavam a terra, brincam na grama, cheiram outros cães. Mesmo em apartamentos, eles estão expostos à poeira, ao pólen, a sujeirinhas, etc. As coceiras são a “estratégia” para que os pets se livrem destes fatores externos, da mesma forma como nós nos livramos de alguns incômodos com uma “esfregada básica”. Até aí, nada de mais.
Quando as coceiras nos cães são excessivas, no entanto, é necessário prestar alguma atenção. Afinal, elas prejudicam a qualidade de vida dos pets – eles acabam gastando tempo demais se coçando, o que prejudica outras atividades – e pode indicar problemas mais sérios.
Alguns cães se coçam porque gostam; outros, porque não têm nada para fazer e estão entediados. Se a situação continuar, eles podem ter prejuízos na pele e nos pelos, com descamações e exposição direta da pele ao Sol. Além do fator estético, os pets perdem uma defesa natural, que é a pelagem mais ou menos densa, de acordo com cada cachorro.
Insetos e aracnídeos
Normalmente, associamos as coceiras em cães com a presença de parasitas (pulgas e carrapatos, mais frequentemente os primeiros). Este é um problema sério, já que as pulgas podem trazer consequências sérias, desde a perda de apetite – que acarreta perda de peso e vários transtornos de saúde – até infestações por vermes, como a dipilidose canina, que causa diarreia, vômitos e, em quadros graves, convulsões.
Existem mais de 800 espécies de carrapatos já catalogadas. Eles são aracnídeos – estão mais perto das aranhas e escorpiões do que das pulgas (que são insetos). Os carrapatos não voam nem saltam, apenas agarram-se à pelagem dos cães e caminham pela pele, sugando o sangue dos pets, aves e de animais rurais.
Pulgas e carrapatos também podem atacar humanos, mas são nocivos especialmente para os pets, podendo transmitir febre maculosa, babebiose e erliquiose. Os principais vetores de doenças são o carrapato-estrela e o carrapato-vermelho-do-cão. O micuim, ou carrapato-pólvora, é a larva do carrapato-estrela, que se mostra voraz desde a eclosão dos ovos.
Tratamentos contra parasitas
Existem diversas formas de tratamento para acabar com as infestações de pulgas nos pets e no ambiente, desde os inseticidas tradicionais até produtos específicos para cães e gatos, como coleiras especiais, talcos, sprays, sabonetes especiais para banho e pour-on (aquele líquido aplicado na cernelha dos pets).
Para eliminar os carrapatos, existem produtos equivalentes aos usados contra pulgas, mas provavelmente o mais eficaz seja a retirada manual dos aracnídeos. Utilize luvas, para evitar um possível contágio, e retire os parasitas com ajuda de uma pinça. Não se preocupe se a cabeça do carrapato se desprender: isto raramente causa problemas adicionais.
Lembre-se: carrapatos também podem aparecer em apartamentos. O carrapato-estrela tem capacidade de escalar paredes e muros. Na higienização dos ambientes, é preciso não se esquecer deste detalhe: eles se ocultam em frestas e falhas nas paredes. Alguns espécimes conseguem sobreviver por um ano mesmo se não encontrarem alimento.
É necessário ficar atento, porque alguns animais podem apresentar reações alérgicas aos inseticidas ou às substâncias presentes nas fórmulas dos produtos. Se isto ocorrer, as coceiras dos cães não desaparecerão, apesar de a transmissão de doenças estar neutralizada.
Alergias caninas
Diversas afecções alérgicas podem prejudicar a saúde e o bem-estar dos cães. Algumas raças são mais suscetíveis, mas todos os cães podem desenvolver alergias. Os cães mais sensíveis são o chow-chow e os de focinho amassado, como o boxer, pug e os buldogues. Os “orelhudos”, como o cocker spaniel e o basset hound, também sofrem com alergias. Os processos alérgicos são a causa mais comum que determinam as coceiras de cães.
• Dermatite de contato – provocada pelos mais diversos agentes alergênicos. Os cães, assim como nós, podem ser alérgicos a determinados produtos, como xampus, sabonetes, conservantes presentes na ração, partículas suspensas no ar e até mesmo pelo contato com alguns tecidos. O diagnóstico é feito por exclusão e, em casos mais graves, pela exposição dos animais ao agente.
• Dermatite atópica – provoca vermelhidão e protuberâncias na pele. As áreas mais afetadas são: orelhas, virilha, axilas, rosto e o espaço entre os dentes. Na região dos olhos, facilita a instalação de conjuntivites e nas orelhas, de otites.
• Alimentação – qualquer tipo de alimento pode causar alergias, de acordo com a sensibilidade de cada cão. Os pets podem ser alérgicos inclusive à carne bovina, de frango ou de peixe, presentes na maioria das rações. Estas afecções costumam aparecer principalmente entre os filhotes, mas animais idosos ou imunodeprimidos também são prejudicados. O veterinário pode identificar o problema e indicar os melhores substitutos.
• Plantas – apesar de ornamentais, algumas plantas são contraindicadas nas casas compartilhadas com cães. Entre as mais comuns, destacam-se: azaleia, lírio, glicínia, bico-de-papagaio, copo-de-leite, mandioca-brava, comigo-ninguém-pode, costela-de-adão, espada-de-são-jorge e espirradeira. As plantas espinhentas também devem ser mantidas à distância dos pets. O abacate não deve constar da dieta dos pets, por ser muito gorduroso. Consulte o veterinário para saber quais são as melhores frutas para os cães.
Perigo à vista!
A sarna é uma doença dermatológica transmitida por ácaros, que também pode afetar gatos e seres humanos. O nome técnico da sarna sarcóptica é escabiose, do latim “scabere”, que significa exatamente “coçar demais”. Não existe imunização contra este mal, mas é possível prevenir e tratar com sucesso.
Não se trata de uma enfermidade exclusiva dos cachorros de rua. Os ácaros responsáveis podem ser trazidos para casa aderidos a sapatos e roupas e migrar para brinquedos, almofadas e roupas de cama dos pets (e as nossas também).
Aparentemente, estes aracnídeos têm preferência por locais sedosos e quentes – bichos de pelúcia, por exemplo, são ambientes ideais para eles. Limpar os locais, lavar as peças e garantir ventilação e insolação reduzem sensivelmente as populações destes parasitas e, consequentemente, a possibilidade de transmissão de doenças.
A sarna sarcóptica afeta todas as partes do corpo dos pacientes. Outros tipos são a sarna otodécica, que se instala principalmente nas orelhas, e a sarna negra, que não é contagiosa, mas transmitida por hereditariedade (por isto, é muito importante conhecer canis e abrigos antes de levar um pet para casa).
Pelos e mais pelos
É preciso estar atento à estrutura da pelagem dos cães. Os pelos são extremamente importantes para os pets: eles oferecer proteção contra o frio, a umidade e os raios solares e também contribuem para manter a pele hidratada e saudável.
A pelagem se subdivide em:
• pelo principal – presente em todos os cães, é liso e grosso, sempre brilhante, apesar de ser áspero ao toque em algumas raças (como o schnauzer e o terrier escocês). Mesmo nos cães de pelo curto (como boxers e dálmatas), é sempre mais longo do que o subpelo;
• subpelo – é mais ondulado, fino e macio, mais claro e curto do que o pelo principal. Trata-se de uma proteção adicional para animais desenvolvidos em regiões de clima temperado ou frio, como o são-bernardo, husky siberiano e pastor alemão.
Em condições normais, os cães trocam a pelagem duas vezes por ano, no início do outono e da primavera. Perda excessiva de pelos pode indicar problemas dermatológicos. A alimentação inadequada também prejudica o aspecto, a textura e a espessura dos pelos.
Quase sempre, oferecer alimentos humanos prejudica a saúde e provoca coceiras – especialmente quando eles são ricos em gorduras, açúcares e sódio. O ambiente também altera a estrutura da pelagem: cães expostos à poluição perdem mais pelos, deixando a pele sem a proteção natural.
Doenças, alimentação inadequada e parasitas. Todo excesso de coceiras em cães têm causas específicas e, desta forma, o tratamento também deve ser específico. Com exceção das pequenas afecções, a automedicação precisa ser evitada. Em casos de alerta, consulte o veterinário e garanta a saúde dos pets.