O Davenport Memorial Glass, uma empresa sediada na Flórida (sudeste dos EUA) encontrou uma forma singela de atenuar a tristeza e a saudade de tutores que perderam os seus pets: ela crema os corpos e transforma as cinzas de cães, gatos e outros animais de estimação em esculturas, pendentes e objetos de decoração.
Todos os tutores são unânimes em dizer que o único defeito dos pets é viver muito pouco (existem outros, mas as alegrias da convivência nos fazem esquecer esses detalhes). O Davenport Memorial encontrou uma forma de manter a proximidade dos animais de estimação falecidos: não é uma parceria, mas ajuda a atenuar o luto.
A transformação das cinzas
O melhor de tudo é que os objetos criados pelos designers do Davenport Memorial não são figurativos: a ideia não é fazer uma escultura de um cão ou gato, por exemplo. Eles querem evocar a presença do bichinho querido e amenizar a tristeza.
Os objetos produzidos são variados. A empresa cria patas com as cinzas, que podem ser inseridas em anéis, medalhões e pingentes. Os tutores podem escolher outros formatos, como rosáceas, corações, ossinhos e esculturas de outros animais, como porquinhos, tartarugas, coelhos e peixes.
O Davenport Memorial é um serviço de sepultamento e incineração dos restos mortais de animais de estimação, mas a confecção das lembranças está fazendo muito sucesso entre os americanos. Os preços variam de US$ 80 a US$ 2.000 (de R$ 420 a R$ 10.600, pela cotação atual).
As esculturas estão fazendo grande sucesso. A empresa vem atendendo um número cada vez maior de tutores de diversos Estados americanos, interessados em criar uma lembrança exclusiva dos seus animais de estimação falecidos.
Os objetos produzidos pelo Davenport Memorial usam apenas pequena parte das cinzas do animal falecido: apenas um quarto ou meia colher de chá. A urna de flores, o artigo mais volumoso é a exceção, consumindo duas colheres de sopa.
As cinzas dos pets são misturadas à areia e aquecidas: o resultado é a produção de vidro, que é colorido de acordo com a peça desejada. A temperatura dos fornos, a quantidade de areia e o tempo de produção, no entanto, não são revelados pelo Davenport Memorial.
No Brasil
Até o momento da redação deste texto, não havia nenhum serviço parecido com o do serviço americano no Brasil. Os tutores daqui (que tenham condições financeiras e o desejo de criar uma lembrança) podem receber as cinzas do pet e usar a urna como recordação.
Por aqui, a maior parte dos restos mortais de cães e gatos é simplesmente descartada, muitas vezes em condições inadequadas. O ideal é procurar um serviço que se responsabilize por levar os corpos até um crematório (boa parte das pet shops oferece esta opção para os tutores).
De acordo com uma resolução de 2004, da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), os cadáveres de animais de estimação são classificados como resíduos comuns (como o lixo doméstico), podendo ser descartados em aterros sanitários.
Algumas cidades brasileiras permitem que os restos mortais dos peludos e aves sejam simplesmente colocados com o lixo comum nas ruas, à espera dos serviços de coleta. Muitos tutores, no entanto, não se sentem confortáveis com a ideia de “jogar o cachorro para um caminhão compactador”.
Em várias localidades, os tutores podem encontrar cemitérios (para inumação dos restos mortais dos pets) e crematórios (para incinerar os corpos). Esta segunda medida é a mais adequada, por causar menos impacto ao meio ambiente.
Enquanto o enterro custa em torno de R$ 500 e a cremação, R$ 350, a remoção (em casa ou no hospital veterinário) fica entre R$ 150 e R$ 200, mas a maioria das clínicas oferece o serviço gratuitamente para os tutores enlutados.
O valor cobrado para o envio dos cadáveres para aterros e crematórios praticado em muitas pet shops do país é menor, por volta de R$ 100. A maioria dos estabelecimentos, contudo, trabalha apenas com gatos e cães de pequeno porte.
As recordações, no entanto, não precisam se resumir às lembranças na memória e às cinzas em uma urna na estante. Os tutores podem tirar fotos dos seus animais de estimação, imprimi-las e colocá-las em local de destaque, ou apenas manter os arquivos salvos no celular, acessível a qualquer momento em que a saudade ficar mais forte.