Eles também ficam banguelas. Cachorros têm dentes de leite e trocam a primeira dentição.
Da mesma forma que a maioria dos mamíferos, nossos fiéis escudeiros, os cachorros nascem sem dentes. Aos poucos, surgem os dentes de leite (tecnicamente, dentição decídua). Esta primeira dentição é provisória e serve o animal por pouco tempo, apenas para as primeiras refeições. Entre 15 e 30 semanas, os “primeiros dentinhos” caem.
São 32 os dentes de leite dos cachorros (mesmo número da dentição humana adulta). Eles começam a despontar por volta do final do primeiro mês de vida, são afiados e pontiagudos. Parecem ser um lembrete da Mãe Natureza para a mãe canina: está chegando a hora de desmamar.
Por volta dos sete meses, os dentes de leite dos cachorros são apenas uma lembrança. A dentição definitiva, que pode chegar a 42 dentes, de acordo com o porte do animal, o formato da cabeça, focinho e mandíbula, já está pronta para ser a primeira arma destes animais: a mordida.
Em um cachorro de pequeno porte, são 26 dentes de leite, substituído 30 dentes permanentes. Em qualquer caso, a dentição definitiva é mais forte e bem maior – os dentes incisivos, em todos os casos, são os que apresentam maior diferença.
Não é preciso chamar a “fada dos dentes” para substituir os dentes de leite. Muitas vezes, eles são simplesmente engolidos e eliminados naturalmente nas fezes. Nos primeiros meses de vida, os veterinários aconselham a oferta de cenoura crua para os cãezinhos entre as refeições principais (ela pode ser deixada por algumas horas na geladeira, para que amorteça a gengiva enquanto o animal está roendo esta raiz, reduzindo o incômodo).
Oferecer frutas e legumes para os filhotes, aliás, auxilia no desenvolvimento de uma dentição forte e saudável (os vegetais são um excelente complemento nutricional, apesar de os cachorros serem essencialmente carnívoros).
Apenas é preciso ter cuidado com os produtos muito calóricos e doces. Banana, caqui, caju, maçã, pera, manga, kiwi, goiaba e morango são boas opções para complementar a nutrição canina, mas é preciso ter cuidado com os talos e sementes. Os da maçã, por exemplo, contêm ácido cianídrico, prejudicial à saúde e bem-estar dos cachorros.
Os petiscos naturais no formato “palitinho” (feitos principalmente com tutano do joelho de bois) também são úteis para a boa formação dos dentes permanentes – a qualidade dos dentes de leite depende basicamente da constituição genética dos pais. O ato de roer é a escovação naturais dos cachorros, apesar de, muitas vezes, ele não impedir o tártaro e o mau hálito.
Os permanentes
Um cachorro adulto apresenta seis dentes incisivos, dois caninos, oito pré-molares e quatro molares no maxilar. Na mandíbula, são oito molares (dois deles, de cada lado da boca são fusionados, ou unidos pelas coroas), oito pré-molares, dois caninos e quatro incisivos.
A dentição permanente é bem mais forte, arredondada e robusta – nas primeiras brincadeiras, os filhotes podem perder dentes de leite apenas mordendo brinquedos de borracha ou a mão dos novos membros de sua família.
Uma vez que “ser mãe é padecer no paraíso”, muitas cadelas sofrem uma experiência nada agradável: dentinhos encravados nas mamas. Os criadores precisam inspecionar as matrizes regularmente, para evitar infecções.
Em alguns casos, principalmente observados em cães de pequenos porte, os dentes de leite “convivem” com a dentição permanente. Em outras palavras, os dentinhos simplesmente “não caem”. Se esta condição permanecer em cachorros com um ano de vida ou mais, pode ser necessária a extração cirúrgica, para evitar problemas no ângulo da mordedura.
Raças pequenas, como o yorkshire, poodle toy, shih itzu e pinscher são especialmente inclinadas a não perder naturalmente os dentes de leite quando a arcada definitiva começa a nascer. Os “dentinhos” passam a conviver com os “dentões”, fato que exige a intervenção de um especialista.
Muitas pessoas acham “bonitinho” observar as duas linhas de dentes na boca de seus cachorrinhos – a dentição de leite e a definitiva. Esta condição, no entanto, favorece uma série de problemas de saúde: os animais podem desenvolver inflamações no sistema bucofaríngeo (e, no longo prazo, complicações em todo o aparelho digestório).
Limpeza
A higienização adequada da boca e dos dentes dos cachorros, durante toda a vida, é fundamental para garantir a saúde integral destes animais que fazem a alegria da família. Nos primeiros meses de vida, a escovação deve ser realizada de duas a quatro vezes por semana, de acordo com as orientações do veterinário.
Existem, no mercado, escovas e pastas de dente específicas para cachorros. Um chumaço de algodão com o creme dental é uma alternativa para cães que não se adaptam à escovação, que deve continuar a ser tentada, até que o animal se acostume a esta nova rotina.
Cremes dentais indicados para humanos são contraindicados, em função da concentração de flúor, cujo teor é maior nos produtos encontrados em farmácias e supermercados e bastante prejudiciais ao sistema digestório dos animais. As avaliações veterinárias periódicas precisam incluir o estado de saúde da boca e dos dentes.
Os cães apresentam forte tendência para o desenvolvimento do tártaro, a placa bacteriana (também chamada de biofilme dental) que endurece a superfície dos dentes, causa mau hálito, doenças periodontais e dificuldade na mastigação.
O tártaro também pode encobrir parte da gengiva, favorecendo a exposição da raiz. Isto pode levar a problemas sérios, tais como gengivite e cáries, sendo um fator importante para a perda precoce de dentes permanentes. Mais de 80% dos cachorros apresenta problemas bucais.
Pode parecer uma grande dor de cabeça, mas a troca de dentição entre os cães, na maior parte dos casos, acontece de forma natural e quase não notável para os humanos. O acompanhamento do desenvolvimento de um cachorro, por um veterinário, garante a saúde integral dos nossos animais de estimação.
Eu me lembro que encontrava os dentes provisórios do meu por todo canto. Bobeou tinha um dentinho perto da vasilha de comida ou de algum brinquedo… kkkk