Nem todos: há os preguiçosos e os de fôlego curto. Mas todos os cachorros devem caminhar.
Todos os cães gostam de caminhadas? Um dos principais pontos a serem considerados no momento de adotar um cachorro é a disponibilidade para caminhadas e brincadeiras. Quem não tem tempo para passear e brincar deve escolher outro animal de estimação, porque estas atividades são fundamentais para a saúde física e emocional dos peludos.
O tempo das caminhadas, no entanto, varia de acordo com a raça e o temperamento de cada cachorro. Por exemplo, os animais de pequeno porte, filhotes, idosos e convalescentes devem passear por 30 minutos diários.
As caminhadas são importantes por diferentes razões. Elas contribuem para o desenvolvimento físico, fortalecendo músculos, ossos e articulações. O exercício físico é igualmente importante para evitar sobrepeso e obesidade, que são sempre acompanhados por outros problemas de saúde.
Há outro aspecto a ser considerado: as caminhadas fortalecem os vínculos entre os cachorros e seus humanos. O momento do passeio é único, exclusivo, especial para aprender sobre o comportamento e as preferências.
Os cães que passeiam diariamente são menos ansiosos, medrosos e sujeitos ao estresse. Alguns distúrbios de comportamento, como agressividade excessiva, dominância e territorialidade, podem ser superados ou atenuados com as caminhadas.
Quais raças caninas gostam de caminhar e correr?
Cães de raças esportivas são excelentes companheiros para corridas e caminhadas. O retriever do labrador e o golden retriever são bons parceiros nos passeios – e eles também adoram nadar e mergulhar. Quem gosta de correr pode escolher entre galgos italianos, whippets e greyhounds.
Os cães pastores e boiadeiros, assim como os puxadores de trenós, são indicados para quem gosta de caminhadas longas, com obstáculos ou em trechos acidentados. Quem usa os passeios também para tonificar os músculos encontra ótimos colegas nos bulls. Quem prefere caminhar tranquilamente pode escolher um caçador solitário, como o weimaraner e o afghan hound. Outra boa escolha é o dálmata, um cão criado para acompanhar carruagens.
As regras da caminhada
Mesmo os cães tímidos e preguiçosos devem ser estimulados aos passeios diários. Alguns animais são naturalmente mais medrosos, mas estar na rua, no meio de pessoas e cães desconhecidos, é a melhor maneira de superar as dificuldades.
Quem é tutor de um cão braquicefálico (de focinho amassado) precisa tomar alguns cuidados. Esses cães têm o fôlego curto, justamente por causa da anatomia alterada (basta comparar o focinho de um pug com o de um lulu da Pomerânia para confirmar as diferenças).
As raças caninas braquicefálicas são as seguintes:
- shih tzu;
- lhasa apso;
- pequinês:
- maltês;
- cavalier king charles;
- pug;
- buldogue francês;
- buldogue inglês;
- boston terrier;
- dogue de Bordéus;
- boxer.
Os passeios devem ser interrompidos apenas com orientação do veterinário. As pausas geralmente acontecem nas convalescenças de doenças e traumas. Mesmo os cães idosos, com doenças degenerativas, devem ser estimulados a caminhar com regularidade.
Quando a caminhada deve ser feita?
Diariamente, preferencialmente sempre no mesmo horário, para que o relógio biológico do cachorro se adapte. A regularidade também ajuda a controlar a ansiedade. Os filhotes podem começar a passear assim que recebem a segunda dose da vacina múltipla (V8 ou V10). Antes do primeiro passeio, recomenda-se que o cachorro seja acostumado em casa com o uso da guia e da coleira.
Quem dispõe de tempo pode sair para caminhar duas vezes diárias – a maioria dos cachorros podem acumular até duas horas por dia de passeios. Os melhores horários são logo pela manhã e no final da tarde, antes do anoitecer.
Nos locais de clima quente, no horário entre 10h e 16h, os cachorros ficam mais expostos à radiação ultravioleta. O esgotamento físico é mais rápido e eles podem sofrer queimaduras de pele e nas patas.
Usar botas e protetor solar ajuda bastante. As botas não são “frescura”: elas impedem ferimentos nas patas, especialmente em animais de pequeno porte e mais delicados. O protetor solar é fundamental em países como o Brasil, especialmente para cães de pelo claro e curto.
A chuva e o frio não são justificativas válidas para a suspensão dos passeios. A menos em casos de tempestades com relâmpagos e trovões, os cães podem passear tranquilamente. A critério dos tutores, eles podem usar capas impermeáveis – ou apenas brincar com a água.
Nos dias mais frios, também de acordo com as características dos cachorros e a vontade dos tutores, podem ser utilizadas roupas para aquecer os peludos. Vale lembrar que, se as atividades físicas forem intensas, os agasalhos são dispensáveis (e até contraindicados).
Quem deve estar nas caminhadas?
Idealmente, os passeios devem ser realizados pelo cachorro e o seu tutor, além de outros membros da família humana. Quem tem mais de um cachorro precisa avaliar o comportamento dos peludos nas ruas, para verificar a viabilidade de caminhar com os dois ao mesmo tempo.
Eventualmente, quando não há tempo disponível, a família humana pode contratar um passeador – quase sempre, este profissional também é especialista em adestramento e pode ser muito útil para corrigir hábitos inadequados dos peludos.
Assim que a rotina permitir, o tutor deve voltar a fazer parte dos passeios. Durante as caminhadas, é mais fácil fortalecer a “hierarquia da matilha”: a liderança do tutor e a submissão do cachorro. Esta forma de encarar o relacionamento é imprescindível para o equilíbrio emocional dos peludos.
O ritmo dos passeios é determinado por uma série de fatores, tais como temperamento, idade, estado geral de saúde e as preferências de cada animal. É importante manter os cachorros guiados com coleira e corrente, tanto para evitar escapadas e extravios, quanto para prevenir acidentes com carros e pedestres.
O que levar nas caminhadas?
Alguns cães são mais atléticos e podem se interessar por jogos com bastões, bolas, discos, etc., que podem ser carregados em mochilas às costas, para deixar as mãos livres. Mas os brinquedos podem ser improvisados com galhos de plantas e mesmo com o mobiliário de parques e praças.
É importante, especialmente nos dias quentes, levar uma garrafa de água para manter os cães hidratados. Roupas e acessórios ficam a critério dos tutores, mas pode ser necessário algum tipo de traje para garantir o conforto dos peludos.
Um tutor responsável nunca sai de casa com o cachorro sem uma sacola plástica, para recolher as fezes que o peludo fizer na rua. É uma questão tanto de saúde pública, quanto de cidadania.
No caso de caminhadas que envolvem algum tipo de risco, como trilhas, cachoeiras, praias, lagoas, etc., os tutores podem providenciar um kit de emergência, mas é importante obter orientação profissional antes de se prestar a aplicar os primeiros socorros.
E se o cachorro não gosta de caminhadas?
Apesar de a atividade ser altamente recomendada em função dos muitos benefícios que proporciona, ela não é automática: os cachorros não nascem gostando de caminhar e podem apresentar alguns problemas nas primeiras tentativas.
Muitos peludos não gostam das caminhadas na rua. Eles sentem medo do movimento, dos pedestres, dos carros que passam fazendo barulho, dos outros animais. Efetivamente, para um filhote (ou um adulto não acostumado), o ambiente urbano pode ser bastante ameaçador.
O ideal é experimentar trajetos mais tranquilos – até mesmo as áreas comuns do condomínio, por exemplo. O tutor precisa seguir o ritmo do cachorro, pegá-lo no colo (no caso de animais pequenos) e não insistir.
A insistência, aliás, pode provocar efeitos contrários: o cachorro fica cada vez mais incomodado, intimidado e amedrontado com o movimento, a ponto de o desconforto acabar se tornando uma fobia.
Escolher horários com menos pessoas nas ruas é uma possibilidade a ser avaliada. Para alguns cachorros, é importante não perder a casa de vista; por isso, os primeiros passeios devem se limitar à quadra em que vivem.
Aos poucos, devem ser introduzidos alguns incentivos às caminhadas: brinquedos, petiscos, afagos e palavras de atenção e estímulo. Os cães, por conta própria, também podem “descobrir” coisas novas e apaixonantes – pode ser um gramado, uma ladeira, um jardim para espiar passarinhos, etc.
Se nada der certo, é possível que o cachorro simplesmente não goste de passear na rua. Nesse caso, para substituir as caminhadas, os tutores precisam providenciar atividades físicas em casa: trazer uma bolinha, subir uma escada, brincar com uma criança, etc.
Em geral, no entanto, os cães superam as impressões negativas iniciais. Os tutores também devem ficar atentos para mudanças de hábitos que podem estar associadas a doenças, mas também a mudanças climáticas, surtos de ansiedade, etc.
O importante é que a dupla se sinta feliz. Um da raça pug provavelmente estará exausto depois de caminhar um quarteirão; um yorkshire terrier poderá ter de ser carregado na volta do passeio. Mas mesmo um cachorro grande, ágil e saudável pode preferir a segurança do quintal – ou até mesmo do sofá, ao lado do melhor amigo.