O inverno também facilita a instalação de doenças em nossos cachorros. Conheça as doenças de inverno mais comuns em nossos cães.
As baixas temperaturas também podem afetar a saúde dos cachorros. Assim como ocorre conosco, alguns vírus se tornam mais ativos no inverno e podem infectar os pets. A maior parte dos casos é de problemas respiratórios. É o caso das gripes, resfriados, tosse dos canis, etc.
Os tutores precisam ficar atentos, porque estas condições podem evoluir rapidamente para quadros mais graves, como pneumonias virais e bacterianas. Os primeiros sinais são espirros e tosse, quase sempre acompanhados por uma apatia que pode ser confundida com preguiça. Afinal, os dias frios são um convite para passar mais um tempinho na cama.
01. A gripe
A gripe canina é causada pelo vírus Influenza A, assemelhado aos vírus que provocam as gripes humanas. Os subtipos mais comuns são o H3N8, surgido nos EUA, e o H3N2, que apareceu na China, provavelmente tendo sofrido mutações a partir de vírus que infectam aves.
A doença é geralmente leve e apresenta bom prognóstico. Estima-se que a taxa de letalidade fique entre 1% e 4%. Os animais mais prejudicados são os idosos e os imunodeprimidos. Nos demais, a gripe evolui e rapidamente o organismo começa a produzir anticorpos para combater os vírus. Seja como for, toda doença requer atenção dos tutores.
Os sintomas da gripe canina são bem semelhantes aos que surgem nas viroses humanas – e nós sabemos como é incômodo ficar gripado. Os indícios mais comuns são os seguintes:
- tosse (seca ou com secreção);
- espirros;
- febre (acima dos 39ºC);
- coriza;
- lacrimejamento dos olhos;
- falta de apetite;
- cansaço e apatia;
- respiração rápida e barulhenta.
Os resfriados, transmitidos por rinovírus, podem apresentar estes mesmos sintomas. O que muda é a intensidade com que eles se manifestam. Um resfriado tende a ser mais ameno e muitas vezes passa despercebido dos tutores.
A gripe canina causa muito desconforto, mas pode ser tratada em casa. O cachorro precisa se manter aquecido e hidratado, apesar de muitos animais gripados se recusarem a beber água. Se necessário, use um chumaço de algodão embebido para forçá-lo a tomar líquidos.
Não existem medicamentos antivirais específicos para combater a gripe canina. Os sintomas podem ser atenuados, mas o ideal é não medicar os animais gripados. O próprio organismo se encarrega de identificar o vírus invasor e providenciar os anticorpos para destruí-lo.
Caso o pet apresente febre alta (acima dos 40ºC) ou letargia extrema, é preciso procurar um veterinário. Lembre-se de que o contágio é relativamente alto e pode ser indireto: o vírus sobrevive por alguns dias em coleiras, tigelas, roupas de cama e brinquedos.
O diagnóstico quase sempre é definido com base na análise clínica e nas informações do tutor. Caso o veterinário suspeite de complicações, ele pode solicitar exames de imagem, como radiografias, para avaliar o estado das vias aéreas.
Não são realizadas culturas para identificar os vírus, porque a doença é superada em poucos dias – provavelmente, antes que haja tempo hábil para o laboratório processar o material.
O tratamento consiste em deixar o animal confortável, aquecido e longe de outros pets. A proliferação da doença, no entanto, é típica do inverno. Mesmo antes de apresentar os sintomas, os cachorros já podem transmitir a gripe, em passeios e outros contatos.
A gripe canina é relacionada à espécie, não se espalhando para gatos e outros animais domésticos. Seja como for, é importante deixar o animal doente isolado, para que a cadeia de transmissão viral seja enfraquecida.
E, mesmo que humanos não contraiam a doença dos cães, nós podemos transportar os vírus em nossas roupas, calçados e até mesmo na nossa pele. Nos meses mais frios do ano, especialmente, é recomendado não entrar em contato com os pets antes de trocar as roupas e higienizar as mãos.
No Brasil, não existe vacina contra a Influenza A, porque o inverno não é tão rigoroso e o prognóstico quase sempre é positivo, sem evolução para quadros comprometedores. A melhor forma de prevenção é evitar locais de risco, como canis e hotéis para pets, mas isto nem sempre é possível.
02. A tosse dos canis
A traqueobronquite infecciosa canina, também conhecida como tosse dos canis, é uma doença de múltiplos fatores. A enfermidade é determinada por uma associação entre a bactéria Bordetella bronchiseptica e o vírus da parainfluenza canina.
Em casos de cinomose, causada pelos vírus CAV-1 e CAV-2, a tosse dos canis pode surgir como um dos sintomas.
Todos estes micro-organismos são extremamente contagiosos (mas não afetam a saúde humana, nem de outros animais de estimação). A doença recebeu o nome porque, nos canis, basta que haja um cão infectado, para que todos comecem a exibir, em menos de 24 horas, os sinais da doença – especialmente a tosse.
O fato de um cachorro viver sozinho em casa não elimina o risco de contágio, uma vez que ele pode ser contagiado nos passeios, nas idas à clínica veterinária e mesmo se houver um animal infectado morando na casa ao lado.
A tosse constante é o sintoma mais evidente da traqueobronquite infecciosa (os demais são semelhantes aos da gripe). Trata-se de uma tosse seca (sem secreção), com um som característico grave. Os acessos, que às vezes são acompanhados por ânsias e até pequenas convulsões, podem ser provocados com o simples toque na garganta do pet.
A tosse dos canis é mais comum entre os filhotes, em função do sistema imunológico ainda em formação, que podem desenvolver infecções oportunistas mais graves. O ciclo da doença dura cerca de cinco dias, do contágio à convalescença.
As vacinas com antígenos contra adenovírus e parainfluenza (V8) protegem os cães da tosse dos canis, mas os antígenos contra B. bronchiseptica (V10) são mais eficazes. Os animais infectados quase sempre conseguem superar a doença, mas a letalidade atinge cerca de 20% dos casos.
Muitos animais desenvolvem infecções secundárias. Caso sejam provocadas por bactérias oportunistas, é necessário o uso de antibióticos para combatê-las.
03. Cinomose
Trata-se de uma doença infectocontagiosa que pode se manifestar durante o ano inteiro, mas os vírus responsáveis são mais ativos no inverno. Até poucos anos, o diagnóstico de cinomose equivalia a uma sentença de morte.
Ainda hoje, mesmo com os tratamentos disponíveis, a letalidade da cinomose continua alta, especialmente entre filhotes de até um ano. Enquanto estão sendo amamentados, os anticorpos da mãe são suficientes para mantê-los protegidos.
Antes do fim da fase da lactação, no entanto, é preciso dar início à imunização, que ocorre em duas doses (ou três, no caso de animais de pequeno porte), a partir do quarto mês de vida.
É muito importante que, antes da segunda dose, os cãezinhos não mantenham contato com outros animais, nem com pessoas estranhas. A imunização deve ser renovada anualmente, juntamente com as demais vacinas.
Além disso, muitos animais infectados desenvolvem sequelas que prejudicam definitivamente a qualidade de vida. Alguns apresentam problemas de locomoção, enquanto outros desenvolvem transtornos gastrointestinais sérios.
04. Problemas de pele
Alguns cães desenvolvem alergias e quase sempre estão às voltas com problemas de pele e de pelo. Mas eles são mais comuns e intensos no inverno – e podem atingir mesmo os animais que não sofrem de alergias.
As afecções cutâneas quase sempre são determinadas pelo tempo seco e frio, que prejudica a aparência dos pets e pode permitir o desenvolvimento de lesões e ferimentos, que acabam servindo como porta de entrada para inflamações e infecções.
É preciso igualmente tomar cuidado nos banhos. Água em temperaturas elevadas prejudica a pele dos cachorros (e a nossa também), iniciando ou facilitando processos de descamação e irritação. Portanto, mesmo no inverno, o banho deve ser morno.
Aliás, cachorros praticamente não suam através da pele (o principal órgão do suor é a língua, coadjuvado pelas almofadas plantares). Por isso, eles não precisam de banhos muito frequentes. No inverno, a solução ideal é pular três ou quatro semanas inteiras e higienizar apenas a boca e as patas.
Os pelos precisam ser muito bem enxugados. O ideal é acostumar o pet desde filhote a usar o secador (com temperatura baixa), para impedir a proliferação, no ambiente úmido, de bactérias e fungos que danificam a pele e a pelagem.
O uso de roupas inadequadas também afeta a pele dos cachorros. Peças apertadas, de materiais sintéticos que impeçam a respiração cutânea ou favoreçam a umidade devem ser eliminadas do guarda-roupas.
As roupas confortáveis, que não impeçam os movimentos, preferencialmente de malha, são muito bem-vindas para os cachorros de pelo curto. Os demais já contam com uma proteção natural para manter o corpo aquecido.
A escovação dos pelos é importante para a aparência e para a saúde. Nos animais de pelo longo ou médio, o procedimento deve ser realizado, no mínimo, a cada dois dias, para retirar os fios mortos e sujidades. Escolha uma escova com cerdas macias, para não irritar nem lesionar a pele.
05. Os idosos
Mesmo os pets mais resistentes, ágeis e fortes apresentam uma queda natural da vitalidade quando atingem a terceira idade, por volta dos sete ou oito anos. Os pequenos se tornam idosos mais tarde, enquanto os grandões, por volta dos seis anos, já podem ser considerados como pertencentes à categoria “sênior”.
Com o avanço da idade, o sistema imunológico se enfraquece, mesmo que o pet não sofra de nenhuma doença crônica. É o desgaste natural da máquina biológica, que ocorre com todos os seres vivos. Por isso, os cães idosos são mais suscetíveis a viroses e infecções bacterianas.
Além das doenças respiratórias comuns no inverno, os cães mais velhos precisam ser protegidos também nas articulações. O surgimento de artrites e artroses é relativamente comum – e é uma condição bastante dolorosa.
A artrite não tem cura – trata-se de uma doença degenerativa. O veterinário pode receitar analgésicos (e mesmo antitérmicos, porque algumas crises são tão intensas que chegam a provocar febre). Os tutores também podem procurar tratamentos alternativos, como a acupuntura.
Em qualquer caso, é importante deixar os cães idosos em casa, movimentando-se no próprio ritmo (sem muita correria, mas também sem imobilidade total), aquecidos, bem alimentos e protegidos de correntes de vento.