Um cachorro vomitando amarelo é uma grande preocupação para os tutores, e nem poderia deixar de ser de outro modo, uma vez que o vômito é sempre um sinal de desconforto: algo pode estar errado com a saúde do animal.
Geralmente, o cachorro vomita uma espuma amarela, indicativa da presença de excesso de bílis no aparelho digestório. A bílis é um líquido produzido pelo fígado e armazenado na vesícula biliar, cuja função principal é quebrar as moléculas de gorduras ingeridas na alimentação, permitindo o aproveitamento destes nutrientes.
Nos casos de jejum prolongado, o vômito se apresenta líquido, sem a presença de alimentos semidigeridos. Nestes casos, é necessário identificar a causa do problema, ou seja, descobrir por que o cachorro está se recusando a aceitar a ração.
A bílis
A bílis é uma secreção amarelada, que é liberada lentamente pela vesícula biliar, passando pelo intestino, antes de os cães se alimentarem. A gordura começa a ser quebrada em partículas menores, que servirão como um estoque de energia para os períodos de jejum.
No organismo, a gordura é depositada sobre os músculos e, sempre que necessária, é transformada em glicose, nutriente que permite a respiração celular – juntamente com o oxigênio aspirado, é a glicose que fornece energia para todas as células.
O excesso de bílis é a responsável, por exemplo, pela icterícia, doença que determina a pele amarelada, especialmente entre recém-nascidos humanos. Nos cachorros, além do vômito amarelo, esta condição também altera as fezes, deixando-as mais claras e menos consistentes.
Nos seres humanos, a bílis é liberada no momento em que os alimentam chegam ao estômago. Nos cães, ao contrário, esta liberação é praticamente contínua. Por isto, está sempre presente no trato gastrointestinal, o que causa irritação na mucosa gástrica e os quadros de refluxo quando os animais não estão se alimentando de forma adequada.
O que fazer se o cachorro vomitar amarelo?
A primeira providência dos tutores é observar atentamente o animal que está vomitando: verificar a frequência dos vômitos, a consistência e a eventual presença de outras substâncias:
• verifique a frequência dos vômitos. Alguns episódios de vômito amarelo, quando são esporádicos, não costumam ser sinais de que o cachorro esteja doente. No entanto, se o vômito ocorre diariamente (mesmo que seja apenas pela manhã, após um período de jejum mais longo), é necessário ficar atento;
• no caso de surgirem outros sintomas, como diarreia, apatia, febre e recusa do animal em se alimentar, é preciso levá-lo ao consultório do veterinário;
• verifique os sinais depois que o episódio acontecer. Cães doentes podem demonstrar estar sentindo náuseas, indicando que o problema não foi um fato isolado. Eles também podem salivar em excesso, recusar brincadeiras e febre;
• normalmente, os cães, depois do vômito, procuram ingerir alguns vegetais. Se possível, plante erva-cidreira para que eles mesmo se mediquem (se esta erva não estiver disponível, a tendência é a de que eles comam qualquer planta verde, inclusive grama; certifique-se de que não haja plantas tóxicas no jardim ou varanda);
• continue atento aos sinais, porque nem sempre os remédios caseiros funcionam de maneira adequada. Na maioria dos casos, depois de comer plantas, os animais as vomitam quase inteiras, misturadas com secreções do estômago. Se as crises de vômito continuarem, é provável que esteja ocorrendo uma emergência veterinária;
• hidrate o seu pet. Depois de vomitar, todos nós ficamos desidratados. Você pode oferecer água gelada, soro fisiológico ou mesmo água de coco. Se o cão recusar, é possível hidratá-lo com o uso de uma seringa;
• o soro fisiológico pode ser feito de forma caseira. A receita é: três colheres (sopa) de açúcar, uma colher (chá) de sal, meia colher (chá) de bicarbonato de sódio e sumo de meio limão, diluídos em um litro de água. Ofereça o soro de acordo com o porte do animal;
• alguns cães são muito esfomeados, devoram a ração do dia em poucos minutos (ou segundos). Se o seu peludo é deste tipo, convém dividir a quantidade diária em pequenas porções, para evitar que o aparelho digestório fique sobrecarregado.
Causas emocionais dos vômitos amarelos
Além dos jejuns prolongados, principal causa do vômito amarelo, cachorros podem apresentar este quadro quando estão ansiosos ou estressados. Eles podem não gostar de ficar sozinhos e, nestes casos, alguns não se alimentam até que os tutores voltem para casa.
Nestas condições, que podem se prolongar por períodos consideráveis, os cães podem desenvolver doenças gastrointestinais, além de passar a desenvolver comportamentos inadequados, como hábitos destrutivos ou agressividade excessiva.
É preciso estar atento ao estado geral da saúde dos cães: física, mental e emocional. Cães que recusam a ração quando ficam sozinhos podem ser estimulados a comer com algumas brincadeiras, como oferecer o alimento oculto em brinquedos e bolinhas. Também existem no mercado ossos nutritivos, que atenuam o quadro.
O estresse e a ansiedade podem ser combatidos com hábitos saudáveis: os passeios e brincadeiras devem ser diários e os momentos de aconchego dos cachorros com os seus tutores, bastante generosos, mesmo que o tempo disponível seja reduzido.
As doenças que causam vomito amarelo
Cachorro vomitando amarelo com muita frequência pode ser sintoma de uma série de doenças mais graves, tais como pancreatite, gastroenterite, obstrução intestinal e diversos tipos de câncer. Por isto, é importante não negligenciar a rotina de consultas com o veterinário, o profissional especializado para identificar problemas de saúde.
Quando é vômito é constante, lembre-se de identificar possíveis outros sinais, como desinteresse por atividades que antes eram as preferidas, diarreia, cansaço sem causa aparente (alguns cães chegam a ficar ofegantes), etc.
Estas informações também serão importantes para que o veterinário possa chegar a um diagnóstico preciso e rápido:
- o intervalo entre os vômitos;
- o aspecto e consistência dos vômitos;
- presença de salivação excessiva;
- recusa à alimentação.