Eles são vorazes e gulosos. Um cachorro sem apetite sempre desperta apreensões.
Pode ser apenas uma indisposição momentânea, mas observar um cachorro sem apetite sempre preocupa os tutores. Afinal, a voracidade é uma das características da espécie e boa parte dos peludos está sempre “implorando” petiscos.
A seguir, apresentamos as causas mais comuns da falta de fome e formas para corrigir o problema. Vale lembrar que a inapetência é um sinal preocupante, mas dificilmente um cachorro está gravemente doente quando apresenta apenas um sintoma.
Cachorro sem apetite: As causas possíveis
Os cachorros estão sempre sinalizando as suas necessidades, vontades e desejos. A maioria dos tutores costuma dizer que “só falta falar”, porque os peludos conseguem se comunicar com grande facilidade.
Portanto, um cachorro sem apetite está sempre querendo dizer alguma coisa. Felizmente, nem sempre isto é uma emergência veterinária: o peludo pode estar apenas demonstrando cansaço depois de uma brincadeira especialmente agitada.
A falta de fome também é relativamente comum nos dias muito quentes e secos. Os cães instintivamente reduzem as atividades e, com isso, o metabolismo também é reduzido. Com menor gasto energético, há menor necessidade de ingestão de calorias.
De qualquer maneira, a falta de apetite é motivo para acender o alerta amarelo: os tutores precisam ficar atentos para verificar o possível surgimento de outros sintomas. Conhecendo o cachorro, não é muito difícil descobrir quando alguma coisa está errada.
Apenas o veterinário, depois de uma avaliação cuidadosa (e, em alguns casos, da eventual análise de alguns exames de imagens e de laboratório), é capaz de identificar os motivos da falta de fome.
Os tutores devem acompanhar os sinais emitidos pelos peludos. Eles não podem passar mais de 48 horas sem se alimentar (no caso de animais adultos saudáveis). Os filhotes, que são mais frágeis e sensíveis, devem ser levados ao médico se recusarem alimento por 24 horas.
Este prazo evidentemente é reduzido na presença de outros sinais, como apatia, sonolência excessiva, desinteresse pelas atividade preferidas, enjoos e vômitos, diarreias, prisão de ventre e manifestações de dor, por exemplo.
01. Mudanças no ambiente
Os fatores mais comuns que contribuem para a falta de apetite podem não estar relacionados diretamente a um problema orgânico. O calor prolongado, com queda da umidade relativa do ar, é uma causa relativamente comum para a recusa.
As alterações na rotina quase nunca são bem-vindas pelos cachorros, mesmo os mais sociáveis. Quase nenhum deles gosta de reformas, trocas de móveis, vaivém de pessoas, especialmente estranhas.
Nesses casos, eles podem recusar comida, basicamente para não ter de transitar entre desconhecidos, com cheiros diferentes no ar e quase tudo fora do lugar. Apesar de este ser também um fator de estresse, os peludos “voltam ao normal” depois que tudo volta ao lugar.
A ausência de pessoas queridas também interfere no apetite dos cachorros. Quando o tutor viaja ou precisa ficar ausente por alguns dias, os peludos podem recusar alimento. Vale o mesmo para os primeiros dias das crianças na escola.
02. A dieta
Os cachorros são muito bem nutridos apenas com a oferta de rações de qualidade. Não há necessidade de suplementos, a não ser em caso de algumas doenças ou em treinamentos físicos mais intensos.
Por outro lado, os cães possuem excelente olfato e sempre conseguem identificar “novidades no ar”. Ao perceber que existe algo apetitoso em cima da mesa, na sacola ou mesmo no bolso do tutor, os peludos farão o possível para alcançar a iguaria.
Nestes casos, duas coisas podem acontecer: os cães conseguirem alcançar o pacote proibido e se fartarem com alguma guloseima, ou os tutores (principalmente os menos experientes) não resistirem e acabarem dividindo o petisco com eles.
Em casos assim, eles podem ficar saciados (empachados seria o termo mais correto) e, na hora da refeição, não mostrarão o apetite costumeiro. Em outras ocasiões, a lanche indevido chega a causar desconfortos e dores – bons motivos para deixar a comida de lado, pelo menos por algum tempo.
Alguns tutores ficam preocupados com a tigela cheia de ração, quase intocada, mas não percebem que os cachorros estão sendo muito bem servidos – até demais. Com estratégias diferentes, eles conseguem guloseimas com vários membros da família e passam a rejeitar a ração. É preciso estar atento a isto.
Por fim, alguns animais mais seletivos podem não gostar da ração ou até enjoar do sabor. Quando isto acontece, a solução é substituir o produto por outro mais agradável, lembrando de introduzir o novo alimento aos poucos, para não causar transtornos gastrointestinais.
03. Falta de estímulo
Além das alterações no ambiente e na temperatura, os cachorros podem perder o apetite por falta de estímulo – ou mesmo por excesso. Neste caso, eles recebem tantos petiscos e biscoitos que, na hora das refeições, não apresentam o menor interesse em se alimentar.
Mas o tédio é um dos principais motivos da inapetência. Na natureza, os lobos, ancestrais dos cães, são conhecidos por percorrerem longas distâncias diariamente, desenvolvendo velocidades de 10 km/h, que se aceleram a 65 km/h durante as capturas de presas.
A mata é um ambiente muito rico, repleto de informações que ocupam boa parte do tempo dos peludos. A estrutura das alcateias, altamente sofisticada, exige atenção, rapidez e agilidade. Mas, quando um cachorro passa o dia sozinho, deitado no sofá sem fazer nada, todo o planejamento da natureza vai por água abaixo.
Não importa o tamanho: um pinscher miniatura ou um dogue alemão são dignos representantes dos lobos e evoluíram para executar uma série de tarefas mais ou menos complexas de forma satisfatória.
A falta do que fazer e o isolamento são verdadeiros desperdícios de vitalidade e energia, que comprometem seriamente o organismo canino. A falta de apetite pode ser a ponta do iceberg de uma série de problemas físicos e comportamentais.
As soluções para a falta de apetite
Se for este o caso da falta de apetite do cachorro, a solução está justamente no enriquecimento do ambiente, para garantir um cotidiano mais estimulante e desafiador. Providenciar brinquedos ou ocultar petiscos para que sejam encontrados com o faro e as patas ocupa o tempo, incentiva a inteligência e a criatividade e pode resolver a recusa a comer.
Um cachorro também pode ser estimulado a comer em brincadeiras. Em uma brincadeira de esconde-esconde no quintal (que pode ser adaptada e realizada na sala de estar e até mesmo no quarto), o peludo pode ser incentivado a encontrar guloseimas escondidas.
A atividade física em si já garante a estimulação do apetite. Brincadeiras envolvendo cheiros aliados a sons e texturas também convidam os peludos a brincarem, consumirem calorias e ficarem mais predispostos para as refeições.
Associar a ingestão de alimentos a bons momentos é uma boa opção para os cães mais exigentes, que recusam comida. Os tutores podem oferecer alguma guloseima durante o passeio (ou imediatamente ao voltar para casa), na soneca da tarde, no descanso enquanto a família assiste à TV, etc.
Cada cachorro desenvolve o seu próprio repertório de preferências. Alguns preferem se alimentar enquanto os tutores estão sentados à mesa de jantar. Outros preferem o aconchego do colo ou do sofá, em uma tarde fria, por exemplo. Os tutores podem aproveitar esses momentos para que os peludos associem a alimentação a ocasiões que valem a pena.
Problemas físicos
Algumas condições de saúde prejudicam o apetite dos cachorros ou dificultam a alimentação. Quadros de ansiedade e depressão podem demandar um atendimento profissional, mesmo que a causa tenha sido uma reforma em casa ou o afastamento de um membro da família.
Uma causa relativamente comum da falta de apetite é a ingestão de objetos estranhos, como brinquedos e utensílios encontrados no caminho. O diagnóstico é feito com raios-X e tomografias; em alguns desses casos, a única correção possível é a cirurgia.
O ideal é evitar ao máximo estas ocorrências, evitando dar brinquedos pequenos (ou montados com peças pequenas), não deixando objetos “diferentes e engraçados” ao alcance das patas (e da boca), etc. Ossos de aves, geralmente ocos, devem ser evitados. O melhor é oferecer ossos sintéticos ou então ossos maiores e rombudos.
Os cachorros que comem demais, assim como os que comem em intervalos muito curtos, e principalmente os que comem alimentos indevidos podem desenvolver problemas gastrointestinais mais ou menos graves.
Algumas substâncias irritam a mucosa gástrica. Quando isto acontece com frequência, podem surgir feridas no estômago, levando a gastrites e úlceras. O tratamento, de longo prazo, envolve medicação oral, reeducação alimentar e exercícios.
Nos acidentes, quando o cachorro come e bebe o que não deve, ele pode sofrer com arrotos, enjoos, regurgitações, vômitos, diarreias e prisões de ventre – os efeitos variam de acordo com a substância ingerida (em qualidade e quantidade). O veterinário pode ser obrigado inclusive a realizar uma lavagem intestinal. Em casos leves, os peludos ficam de cama, com alimentação controlada e muito desconforto na região abdominal.
O consumo prolongado de alimentos inadequados também pode favorecer o desenvolvimento de problemas no fígado ou nos rins. Os órgãos ficam sobrecarregados e não é incomum o desenvolvimento de insuficiências.
A falta de higiene bucal facilita o desenvolvimento da placa bacteriana, que compromete e inflama as gengivas – em alguns casos, os dentes são abalados a ponto de terem que ser extraídos. No caso de gengivites e outras doenças bucais, os cães podem parar de comer porque a mastigação e deglutição se tornam dolorosas demais.
A inapetência pode ser causada também por problemas locomotores, nos ossos ou articulações, quando o cachorro deixa de caminhar (ou reduz a marcha drasticamente) para não sentir dor. Sem exercícios físicos, o organismo exige menos energia e a fome desaparece. A insuficiência respiratória e cardíaca também compromete a movimentação adequada dos peludos.
Algumas doenças infectocontagiosas, como a cinomose e a parvovirose, também prejudicam o sistema digestório e prejudicam o apetite. Infestações por carrapatos também chegam a causar inapetência e apatia.
Apenas o veterinário pode diagnosticar estas condições e propor o tratamento mais adequado. Em muitos casos, a falta de apetite é determinada por uma série de condições e, mais uma vez, o profissional de saúde é o mais indicado para orientar os tutores.