Comum nas mesas dos brasileiros, será que o cachorro pode comer tomate? Veja o que temos a dizer sobre isso…
O tomate é extremamente comum na mesa dos brasileiros. Ele está presente nas saladas, refogados e molhos – especialmente na macarronada de domingo. A fruta (sim, é uma fruta!) chega a ser banal na nossa dieta. Mas será que cachorro pode comer tomate?
O melhor é evitar. Existem outros alimentos mais seguros e saudáveis, que podem ser tão apetitosos quanto um tomate vermelho e brilhante é para nós. O problema não está no consumo – cachorro pode comer tomate – mas na quantidade e frequência com que a fruta é oferecida.
Os motivos
Boa parte dos cozinheiros do dia a dia ou de finais de semana conhece um truque, ensinado pelas nossas avós, para “cortar” a acidez do molho de tomate. Basta adicionar uma colherinha de açúcar durante o cozimento dos tomates.
Hoje em dia, poucas pessoas fazem o molho de tomate em casa, mas vale a pena avisar que o truque não funciona: apenas uma substância alcalina (como bicarbonato de sódio, por exemplo) seria útil para neutralizar a acidez – e o açúcar não tem essa propriedade.
O gosto doce apenas disfarça o sabor ácido do molho, que continua com todo o teor de ácido cítrico do tomate – aliás, o cozimento da fruta facilita a absorção dos nutrientes (ao contrário da maioria dos alimentos vegetais, que preserva melhor as características nutricionais quando consumidos in natura).
Toda a acidez do tomate, portanto, é enviada diretamente para o estômago – o nosso e o dos pets. Durante o processo de digestão, o ácido cítrico do tomate se combina com o suco gástrico, responsável por desmanchar os alimentos, para permitir a absorção adequada dos nutrientes.
O suco gástrico é rico em ácido clorídrico. A digestão dos cães (e de todos os carnívoros) é mais rápida do que a dos animais onívoros (que comem um pouco de tudo, como os humanos) e muito mais rápida do que a dos herbívoros.
Entre os macronutrientes, o organismo canino absorve basicamente as proteínas e ácidos graxos (as gorduras “do bem”); os cães sintetizam relativamente poucos açúcares e gorduras saturadas. O rápido processo leva o quimo (o alimento dissolvido pelo estômago) ao intestino com alto teor de acidez.
As consequências de dar tomate para cachorro
A acidez natural do tomate, aliada à acidez do suco gástrico, quando em excesso, pode prejudicar o estômago dos cachorros. O consumo prolongado pode levar ao desenvolvimento de gastrite e, em casos mais graves, de úlceras no estômago e no duodeno (a primeira porção do intestino).
O excesso de ácidos no sistema digestório é responsável por diversos problemas e desconfortos abdominais. O consumo prolongado de tomate, no entanto, pode ter consequências mais sérias:
- fraqueza;
- apatia;
- tremores;
- convulsões;
- falta de coordenação motora;
- alterações na frequência cardíaca.
Mais problemas
Quem já abusou de tomates verdes sabe do que eles são capazes. A ingestão da fruta ainda não madura causa diarreias, vômitos, flatulência e dores abdominais. Os efeitos não são imediatos: eles surgem, entre humanos, de dez a doze horas após o consumo.
A razão para isso é a presença da solanina, um alcaloide glicosado formado por solanidina associada a um carboidrato. As alterações adversas se fazem sentir mesmo quando a ingestão é mínima, entre dois e cinco miligramas por quilo de peso corporal. A solanina tende a ser metabolizada com o amadurecimento das plantas.
Casos de intoxicação aguda por solanina são raros em cachorros. Por isso, caso eles abocanhem um tomate num momento de descuido, não é preciso correr para o veterinário. Provavelmente, o organismo canino terá condições de digerir. De qualquer forma, é importante verificar o comportamento do animal nas horas seguintes.
A maioria dos casos pode acontecer especialmente quando os tutores mantêm tomateiros no quintal (ou em vasos: as variedades cereja e sweet grape podem ser cultivadas dentro de casa). A solanina se concentra nas raízes e no caule e também está presente na rama e nas folhas das batatas.
Como oferecer tomate para cães
O tomate pode trazer benefícios para os cães, desde que seja dado da forma correta. A fruta é altamente nutritiva, rica em vitaminas (A, C e do complexo B), sais minerais e alguns antioxidantes importantes. Além disso, o tomate fornece uma boa quantidade de água e fibras, importantes para regularizar o trânsito intestinal dos pets, evitando a prisão de ventre.
Um ponto importante a ser considerado: o tomate é fonte de fósforo, potássio e magnésio. Estes sais são importantes para o desenvolvimento dos filhotes e também são indicados para cães adultos com atividade física intensa, mas devem ser dados com moderação para os “cães de apartamento” (que se exercitam pouco) e para os animais idosos.
A vitamina A é um importante aliado da boa visão e da saúde da pele dos cachorros, sendo bastante útil para os animais suscetíveis a dermatites. O complexo B fortalece o sistema imunológico e reduz os riscos de infecções comuns, como gripes e resfriados.
Talvez a melhor contribuição do tomate seja a boa quantidade de água presenta na fruta. O impacto é bastante positivo no processo digestório. Além disso, os líquidos evitam a desidratação e fortalecem o sistema excretor (rins, ureteres e bexiga), sendo indicados especialmente para cães que se recusam a beber água ou bebem pouco.
Mas é preciso tomar alguns cuidados. Quem quer dar tomate para o cachorro precisa retirar as sementes. Elas podem causar obstruções intestinais. Além disso, durante a digestão, as sementes partidas liberam gases que causam desconforto.
É importante também retirar a pele dos tomates (a menos que sejam frutas orgânicas). Entre os alimentos para consumo humano, a pele do tomate é uma das estruturas vegetais que mais absorve fertilizantes e defensivos agrícolas.
Desta forma, percebe-se facilmente que dar tomate para cachorro é uma trabalheira danada. É preciso certificar-se de que eles estejam maduros, retirar as sementes e a pele e não exagerar na dose. É igualmente importante verificar se o tomate não é responsável por soltar o intestino dos pets.
O tomate é rico em betacaroteno, uma substância que combate os radicais livres e previne o envelhecimento precoce, o desgaste prematuro das células e está associado ao combate de alguns tipos de câncer.
No entanto, o betacaroteno está presente na maioria dos vegetais vermelhos, amarelos e laranja. Assim, há uma série de opções mais seguras para oferecer para o cachorro. Se ele gosta de tomate, pode-se oferecer um pedacinho, nas ocasiões especiais.
De qualquer forma, é importante lembrar que o tomate e outros vegetais são excelentes complementos para a dieta canina, com nutrientes fundamentais, mas não podem substituir as proteínas e ácidos graxos das carnes, também presentes nas rações de boa qualidade.