Saboroso e nutritivo, o feijão está na mesa dos brasileiros. Mas será que cachorro pode comer?
O compositor Gonzaguinha já cantou: “Dez entre dez brasileiros preferem feijão”. A leguminosa está presente na mesa dos brasileiros nos mais diversos pratos, da feijoada ao baião de dois, passando pelo cotidiano feijão com arroz. É um excelente nutriente para os humanos. Mas será que cachorro pode comer feijão?
Antes de falar do feijão, é importante considerar que os cachorros que recebem rações de boa qualidade, na quantidade ideal para a idade, sexo e porte, não precisam receber suplementos alimentares.
Qualquer novidade no cardápio deve ser considerada como petisco, ou um agrado em ocasiões especiais. Seja como for, não devem ser feitas alterações na dieta alimentar sem antes uma consulta com o médico veterinário.
Pode ou não pode dar feijão para o cachorro?
Especialistas afirmam que, em princípio, não há problema em oferecer feijão para o cachorro. O alimento tão apreciado, que também reúne adeptos entre os peludos, não representa perigo para a saúde canina.
Mas há riscos. Dificilmente pode-se pensar em preparar feijão sem alguns temperos clássicos, tais como alho e cebola. Os dois bulbos (que são da mesma família) são ricos em alicina, uma substância tóxica para cães e gatos: ingerida crua, a alicina provoca crises de vômito e pode até mesmo levar à morte.
O cozimento elimina quase totalmente a alicina, mas, se o cachorro come pequenas porções diariamente (ou mesmo algumas vezes por semana), no médio prazo, pode desenvolver anemia hemolítica, que é a destruição precoce das hemácias, os glóbulos vermelhos do sangue responsáveis pelo transporte de oxigênio para as células.
O feijão deve ser oferecido cozido e em pequenas quantidades. Os grãos crus são ricos em lectina, que é uma forma de defesa das plantas: quando alguns animais ingerem o feijão, a lectina provoca dores abdominais e desarranjo intestinal. A substância se dissolve no cozimento.
De qualquer forma, para os cães não acostumados, o feijão deve ser dado com muita moderação e os eventuais efeitos precisam ser observados: caso o animal demonstre dor, distensão abdominal ou excesso de gases, a oferta do grão deve ser suspensa.
Se o cachorro gosta muito de feijão, o tutor pode deixar os grãos de molho, imersos em água de oito a doze horas antes do cozimento (a água do molho não deve ser usada para o cozimento). Outra solução é comprar feijão partido, porque a lectina está presenta no miolo do grão, entre as duas metades.
Prepare o feijão sem nenhum tempero. Além dos “maléficos” alho e cebola, os grãos dos pets não devem ser temperados com sal, que causa retenção de líquidos e, em excesso, provoca náuseas e vômitos. A quantidade diária de sódio para os cachorros já está presente nas rações de boa qualidade.
E arroz com feijão, o prato mais popular do país? Cachorro pode comer? Também pode, desde que a refeição seja preparada exclusivamente para os peludos, sem temperos nem condimentos. Os restos da nossa mesa devem ir para o lixo, passando longe das tigelas dos pets.
Quem pensa em oferecer restos da mesa humana para os cachorros deve refazer as contas: sai mais barato reaproveitar as sobras (o bife que vira picadinho, o arroz amanhecido que vira bolinho, etc.) do que alimentar o cachorro com comida humana.
Existem rações boas e baratas, acessíveis à maioria das pessoas. Os tutores precisam se conscientizar de que cachorros dão trabalho e pesam no orçamento. Eles são totalmente dependentes de nós em assuntos financeiros; pensar em poupar na comida dos pets pode pesar nas contas do veterinário e da farmácia mais tarde.
Os nutrientes do feijão
O feijão é um alimento rico em carboidratos, nutrientes fundamentais para fornecer a energia necessária a todas as funções orgânicas. Por outro lado, o excesso de carboidratos na dieta, principalmente quando combinado com a ausência de exercícios físicos, leva rapidamente ao sobrepeso e à obesidade. É preciso ter moderação.
Os grãos também fornecem lisina, um aminoácido que reduz a osteoporose e contribui para o reparo muscular e para a atividade dos hormônios de crescimento secretados pela tireoide. A lisina contribui para a sintetização da cartinina, uma amina fundamental para a geração de energia no interior das células.
A lisina também reduz os níveis de estresse e ansiedade, fortalece o sistema imunológico, entra na composição do colágeno (em combinação com a vitamina C) e alguns estudam indicam que o aminoácido contribui para evitar catarata e combater a doença instalada.
O feijão ainda fornece as vitaminas A, B1 e B2 e os sais minerais cálcio, ferro, fósforo e potássio, nutrientes fundamentais para o bom funcionamento do organismo, melhorando a circulação sanguínea e controlando os níveis de colesterol e glicose no sangue.
As vitaminas do complexo B são fundamentais para o bom funcionamento do sistema nervoso; o potássio equilibra a acidez do organismo e auxilia na transmissão dos impulsos nervosos; o fósforo atua na reprodução celular e fortalece os músculos; o ferro tem ação fundamental na formação de hemoglobina, substância que transporta oxigênio para as células.
Desta maneira, desde que preparado da maneira correta, o feijão pode ajudar bastante na preservação da saúde dos cachorros. Ele é especialmente indicado para suplementar as refeições de cães com anemia ferropriva, causada pela carência de ferro no organismo.
Por fim, o feijão é uma boa fonte de fibras, estruturas vegetais que não são aproveitadas pelo organismo, mas regularizam o trânsito intestinal, aumentam o bolo fecal e tornam as fezes menos secas. Se o seu cachorro tem problemas com prisão de ventre, algumas colheradas de feijão podem ajudar bastante.
Todas as variedades de feijão apresentam componentes nutricionais semelhantes. Desta forma, pode-se oferecer qualquer tipo para os cachorros: carioquinha, rosinha, roxinho, jalo, preto, branco, vermelho, etc.
A composição nutricional é semelhante em todas as leguminosas que usamos para preparar as nossas refeições, como lentilha, ervilha partida e grão-de-bico. Todas elas podem fazer parte do cardápio canino.
Os cachorros não dão muita atenção para o sabor dos alimentos: eles apresentam proporcionalmente muito menos papilas gustativas do que nós: as nossas são cerca de nove mil, enquanto os peludos têm apenas 1.700.
Papilas gustativas são os receptores do paladar. Os cães percebem os mesmos sabores que nós (salgado, doce, azedo e amargo), mas em menor intensidade. É por isso que, antes de comer qualquer coisa, eles cheiram o petisco. Para eles, o olfato é muito mais importante na identificação dos alimentos.
Por isso, não há motivo para acreditar que “a comida do cachorro está insossa”. Nós e eles temos necessidades diferentes. E, no caso do feijão, a necessidade canina é que o prato seja servido sem sal, nem cebola, nem alho.