Cachorro não aguenta a saudade e vai para lar de idosos para morar com tutora

O cachorro não aguentou as saudades. Ele foi para um lar de idosos, para ficar ao lado da tutora.

No início de fevereiro de 2022, Mara Gonçalves Ern, uma idosa de 74 anos, transferiu a residência para um lar de idosos em Itajaí, no litoral norte de Santa Catarina. O cachorro desta senhora mostrou um comportamento inesperado: ele não aguentou as saudades e também se mudou para a casa nova.

A admissão do cachorro no lar de idosos não foi imediata, mas Bob mostrou toda a persistência de que é capaz: durante 17 dias, ele permaneceu na calçada, à frente do quarto da idosa, até que foi finalmente autorizado a conviver com a tutora adorada.

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Bob e Mara

Mara resolveu morar no lar de idosos quando percebeu que as forças físicas já não eram suficientes para dar conta de todo o trabalho doméstico. Bastante independente, ela não quis ser “um peso para a família” e encontrou um local para morar de forma mais tranquila e segura.

Havia, no entanto, um problema: Bob vivia com Mara desde que era um filhote e não gostou nem um pouco do novo arranjo. De maneira surpreendente, ele encontrou o novo domicílio da tutora e mostrou-se decidido a viver também no asilo.

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Durante 17 dias, ele ficou do lado de fora do lar de idosos, encarando fixamente a janela onde sabia que a tutora passava grande parte do tempo. O cachorro choramingava, tentando chamar a atenção de Mara.

Bob tinha sido levado para a casa de um primo de Mara, mas conseguiu escapar e voltou para a moradia antiga. A idosa ficou sabendo da fuga e pediu que uma vizinha cuidasse do cachorro até que a família fosse buscá-lo.

A senhora pediu que os primos prendessem Bob no quintal, para impedir que ele escapasse novamente, mas de uma forma ainda não muito bem explicada, ele farejou o rastro da tutora e instalou-se na calçada em frente ao asilo.

Antes de descobrir o paradeiro de Mara, Bob chegou a avançar contra os parentes que tentaram capturá-lo. A idosa contou à reportagem local que tudo era muito esquisito, porque o cachorro nunca tinha mordido ninguém e era naturalmente tranquilo e pacato.

Problema resolvido

Mara recebia notícias esporádicas e incompletas sobre a situação do cachorro. Alguém dizia que Bob tinha escapado. Dias depois, chegava a informação de que a vizinha estava cuidando dele, para logo após saber que ele tinha tentado atacar os primos, para não se afastar da casa antiga.

A idosa entrou em um acordo com a administração do lar de idosos. Bob passou a viver no canil do asilo, onde recebe diariamente a atenção e o carinho da tutora. O arranjo deixou todos felizes. A família não precisava mais se preocupar e os funcionários do lar de idosos não precisavam lidar com o cachorro choramingando na entrada.

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Em entrevista ao portal G1, Mara disse que está muito satisfeita: “Não tem dinheiro no mundo que pague o valor do Bob. Já tentaram comprar, mas eu não vendo, não troco nem dou. E também não vou mais deixar o cachorro ficar sozinho”.

A psicóloga que atende no lar de idosos, Bruna Innocenzo, viu com bons olhos a chegada de Bob: “A proximidade com o animal empresta algumas características da antiga casa da idosa ao novo ambiente. Isto melhora a autoestima e confere uma sensação de segurança e estabilidade à tutora”, avaliou a profissional.

Para Mara, é como se o lar de idosos passasse a ser concretamente um “novo lar”, com algumas semelhanças com a casa antiga. Bruna completa a análise: “O animal junto à idosa atua como um suporte terapêutico, psicossocial”.

Os demais moradores do lar de idosos também ficaram satisfeitos. Bob traz uma lufada de ar fresco ao ambiente, está sempre brincando, interagindo, pedindo atenção dos novos “colegas”. Todos se beneficiaram com a presença do cachorro.

A administração, por sua vez, vê com bons olhos o fato de Bob ter se adaptado rapidamente ao canil e à rotina da casa. O cachorro respeita as normas e raramente quebra as regras. Ele quer apenas estar ao lado da amiga da vida toda, inclusive porque se sente responsável pelo bem-estar de Mara.

Vale lembrar que o cachorro não circula pelas áreas comuns e, desta forma, não representa uma ameaça aos demais moradores, alguns dos quais sentem medo de cães – e esta sensação não pode ser menosprezada.

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