Macho ou fêmea: qual o melhor? A resposta é: depende. Veja qual cachorro escolher.
Especialmente nas primeiras experiências, os tutores ficam em dúvida sobre qual cachorro escolher: macho ou fêmea? De raça ou sem raça definida? Não existe uma opção correta, tudo depende do que se pretende com o novo companheiro.
Cachorros machos e fêmeas diferem em estrutura física, comportamento e fisiologia. Nas raças pequenas, a diferença de tamanho é quase imperceptível, mas, entre os grandões, a escolha do sexo pode determinar um pet com alguns quilos a mais ou a menos.
Diferenças principais
As fêmeas não castradas podem apresentar alterações de humor. Já os machos, íntegros ou esterilizados, costumam ser mais fortes e maiores – são alguns centímetros mais altos e vários quilos mais pesados, especialmente entre os molossoides, como dogue alemão, weimaraner e bloodhound.
Entre os grandões, os machos também apresentam cabeça maior e mais massuda, mas sempre seguindo as características do padrão da raça.
Não existem diferenças comprovadas cientificamente no comportamento de machos e fêmeas, mas os criadores são unânimes em dizer que as fêmeas são mais afetuosas e dóceis enquanto os machos são mais corajosos e atrevidos. Mas as fêmeas também podem se revelar independentes, enquanto o comportamento “chiclete” é mais comum entre os machos.
Na adolescência (entre seis meses e um ano de idade), no entanto, a produção maior de testosterona entre os machos torna-os mais ativos, agitados e também mais suscetíveis a quedas e acidentes.
Isto não significa, no entanto, que as cadelas sejam mais “paradas”: nenhum cachorro é “paradão” enquanto está se desenvolvendo fisicamente. Mesmo entre os adultos, é difícil encontrar cães tranquilos. O sossego costuma chegar apenas com a idade, depois dos sete ou oito anos.
Todos os cães, no entanto, independente de sexo, raça ou idade, são extremamente zelosos com toda a família, bons companheiros, brincalhões e muito ativos. O comportamento é definido pelos genes, mas também pelo modo como os pets são tratados.
Todos os cães se incomodam com a organização da casa, mas as fêmeas parecem dar maior importância a alguns aspectos. A maioria não tolera uma cama desarrumada ou sujeira perto do comedouro. Todos são bagunceiros, mas os machos são mais compreensivos.
Com exceção dos cães de guarda, as fêmeas quase sempre latem mais do que os machos. Entre os de pequeno porte, a diferença é notável até mesmo por estranhos. Para as fêmeas, parecer haver um número maior de situações consideradas anormais – e isto pode ser o trânsito mais intenso na rua, uma comemoração com fogos de artifício mais demorada, uma ausência mais prolongada, etc.
Territorialidade
Na natureza, as tarefas de defesa do bando são exercidas principalmente pelos machos, que mantiveram características de dominância e territorialidade. Esses aspectos foram aproveitados no desenvolvimento de algumas raças, que se tornaram especialistas como pastores, boiadeiros, guardiães de patrimônio, caçadores (em grupo e solitários), etc.
Apesar de todos os cães serem territorialistas e algumas cadelas poderem se tornar dominantes – eles tendem instintivamente a defender o espaço da matilha – os machos exibem os comportamentos de forma mais evidente. Urinar nos limites, por exemplo, é muito frequente.
Para demarcar o território, os machos podem fazer xixi nos muros e cercas do quintal, o que não chega a ser um problema. Mas, se eles decidirem escavar, podem destruir canteiros pacientemente cultivados.
Em apartamentos, o comportamento não se modifica. Para os pets, os perigos continuam rondando – por exemplo, os vizinhos insistem em circular pelos corredores do prédio, carros passam no “abismo” buzinando ou cantando pneus, etc.
Os machos continuarão definindo o território, urinando em tapetes, cortinas, portas, etc. Quando não são adestrados de forma adequada, eles podem tentar conquistar novos espaços, fazendo xixi e “locais interditados”, como sofás, camas, ambientes reservados, etc.
As fêmeas também são territorialistas, especialmente quando se tornam guardiãs – e isso pode acontecer quando chega um bebê na família e elas entendem ser necessário protegê-lo. Mas o comportamento é sensivelmente mais atenuado do que o observado entre os cães machos.
A obediência
Machos e fêmeas são animais obedientes e a maioria reage bem ao adestramento. As diferenças são mais notadas entre raças diferentes. Enquanto um border collie aprende com facilidade uma série de truques, um afghan hound quase sempre se limita ao aprendizado dos comandos básicos.
Como regra geral, as fêmeas mais tranquilas respondem melhor a adestramentos complexos, como a participação em competições esportivas, de beleza, etc. Isto, no entanto, não é uma garantia total: as fêmeas dominantes, assim como os machos, precisarão de um adestrador experiente para atender às ordens e comandos.
Por serem um pouco mais dóceis, as fêmeas podem ser uma opção melhor para os marinheiros de primeira viagem: tutores que decidem adotar o primeiro cão. Seja como for, é importante observar o comportamento dos filhotes, que já exibem características de dominância e territorialidade desde pequenos.
O estro
O ciclo estral é a grande diferença fisiológica entre os machos e fêmeas. As cadelas não castradas entram no cio duas vezes por ano, com alterações comportamentais e físicas. Elas se tornam, alguns dias a cada semestre, sexualmente receptivas e os tutores terão muito trabalho para vigiá-las e impedir fugas e ninhadas indesejadas.
Além disso, logo no início do cio, as cadelas perdem um pouco de sangue e isso dura vários dias. O sangue quase nunca gera desconforto, mas pode ser um problema, especialmente para as fêmeas de pequeno porte, que circulam pela casa inteira, sobem em móveis, etc.
A gravidez psicológica é relativamente comum entre as cadelas. Na natureza, nem todas as lobas são “autorizadas a cruzar”, mas acabam exibindo os sintomas de gestação, ao fim dos quais começam a produzir leite – desta forma, elas ajudam as lobas líderes na tarefa de amamentação.
Em casa, a gravidez psicológica gera problemas. As cadelas ficam mal humoradas, irritadas e até mesmo um pouco agressivas. Elas costumam “adotar” um brinquedo ou até um paninho como filhote.
As cadelas são mais pacientes com crianças, especialmente as muito pequenas. Elas encaram os bebês como filhotes que precisam de proteção, calor e defesa. Mesmo assim, não é difícil encontrar um macho com “ares paternais” cuidando dos pequenos e brincando muito com eles.
Desejos sexuais
Machos e fêmeas não castrados tentarão atender aos apelos fisiológicos. A partir dos seis meses de vida (cães de raça, especialmente de grande porte, demoram um pouco mais para atingir a maturidade sexual), eles farejarão feromônios – substâncias produzidas pelo organismo que promovem algumas reações entre os indivíduos da mesma espécie – e buscarão satisfazer os seus desejos.
Os machos são potencialmente ativos durante toda a vida adulta, enquanto as fêmeas só se mostram receptivas durante o cio. Especialmente considerando os machos, eles tentarão fugir de casa sempre que sentirem a oportunidade de acasalamento.
Machos em busca de parceiras sexuais tornam-se mais agressivos. Na natureza, apenas os líderes têm direito de procriar. Nas cidades, eles podem se envolver em brigas sérias com outros cachorros ou contrair doenças infectocontagiosas, além de terem muito mais chances de se envolverem em acidentes e atropelamentos. Além disso, muitos não sabem voltar para casa depois que seguiram os instintos.
A castração
Tudo isso, no entanto, pode ser evitado com a castração. Os cachorros não sentem nenhuma diferença e a esterilização evita o cio, os sangramentos, a gravidez psicológica e muito sofrimento para as cadelas.
Os cachorros não deixam de exibir as características sexuais depois da castração. Os machos continuam protetores e as fêmeas, cuidadoras. A remoção de testículos e ovários não altera o sistema nervoso dos pets, que continuam demonstrando o mesmo temperamento de antes da cirurgia.
Provavelmente, os animais castrados se mostrarão um pouco mais tranquilos, até mesmo bonachões, já que a cirurgia interrompe a produção dos hormônios sexuais (testosterona, progesterona e estrogênio). Um ligeiro aumento das atividades físicas, no entanto, impede que os pets ganhem peso e possam desenvolver problemas de saúde.
Parceiros
Que já tem um cachorro em casa deve optar preferencialmente por outro do sexo oposto, se decidir adotar mais um peludo. Dois machos ou duas fêmeas tendem a competir pelo território; um casal, mesmo que a ideia não seja acasalar, compete menos por espaço, alimento, etc.
Quando a fêmea é o animal mais antigo da casa, no entanto, a situação se modifica. Se o companheiro for filhote, é possível que ela assuma um comportamento maternal, mas será a líder na casa – e isso pode se tornar um problema se o nº 2 for de grande porte.
No entanto, os cachorros evoluíram e tornaram-se animais sofisticados e complexos. Desta forma, o dimorfismo sexual não é um decreto comportamental: é sempre possível encontrar fêmeas dominantes e machos dóceis. Além disso, a educação oferecida pelos tutores faz toda a diferença no comportamento dos pets.