Não é excesso de fofura. Um cachorro gordo sofre uma série de malefícios. Conheça os mais comuns.
Um cachorro gordo pode até mesmo causar admiração. Os animais mais “cheinhos” parecem ser macios, fofos, feitos para acariciar e mimar. Mas o excesso de peso pode causar uma série de malefícios à saúde física dos pets e também comprometer a qualidade de vida.
Um cachorro gordo não consegue executar as mesmas tarefas de um animal que está no peso regular. Ele perde o fôlego com facilidade, rapidamente desenvolve problemas nas articulações, tendões e ossos (prejudicando mais ou menos seriamente a mobilidade) e pode desenvolver doenças sérias, inclusive com risco de morte.
Alguns cães apresentam tendência natural ao sobrepeso e à obesidade. Contudo, os tutores responsáveis devem reprimir a gulodice e servir exatamente a quantidade de ração necessária para repor os nutrientes, de acordo com o sexo, idade, nível de atividade física, situação de saúde, etc.
Entre os malefícios que podem prejudicar um cachorro gordo, podemos destacar:
- problemas cardiovasculares;
- diabetes do tipo II;
- problemas ósseos;
- disfunções renais e hepáticas, que podem levar à insuficiência;
- problemas respiratórios, com a gradual perda da capacidade de manter o sangue oxigenado;
- distúrbios da tireoide, que passa a funcionar pouco ou excessivamente.
Um cachorro gordo pode facilmente sofrer um infarto do miocárdio, uma trombose venosa ou arterial, ou um acidente vascular cerebral (AVC) hemorrágico ou isquêmico. Estas condições facilmente levam o animal a óbito.
Algumas raças são geneticamente mais predispostas ao desenvolvimento de alguns males (por exemplo, os cães de porte grande sofrem mais com problemas ósseos, como a displasia coxofemoral), mas todos os pets estão em risco quando permanecem com sobrepeso ou ficam obesos.
Mas, mesmo que o peso excessivo não cause doenças graves e limitantes, o problema compromete a capacidade física global, prejudicando o cachorro nos exercícios físicos, nas caminhadas e mesmo nos deslocamentos em casa. No caso de obesidade, até mesmo levantar-se para comer ou beber água pode se tornar uma situação dolorosa.
Como identificar a obesidade canina?
O peso ideal de um cachorro é definido por uma escala de 1 a 9, conhecida como escore de condição corporal (ECC), definida por critérios específicos. Cada cachorro é avaliado a partir de critérios bem definidos, levando em consideração as características do animal (um pug é relativamente mais troncudo que um whippet, por exemplo).
De acordo com o ECC, o cachorro pode estar subalimentado (níveis 1 a 3), com peso ideal (4 a 6) ou acima do peso (7 a 9). Nos cachorros gordos, os níveis são assim classificados:
• nível 7 – costelas pouco visíveis, mas sensíveis quando o cachorro é apalpado. Visto de cima, a reentrância do abdômen é pouco aparente;
• nível 8 – costelas palpáveis e não visíveis, sem gordura em excesso, com a linha da cintura visível, mas não muito acentuada;
• nível 9 – costelas não visíveis, com excesso de gordura, cintura pouco visível e a reentrância do abdômen é pouco perceptível.
Não existe um peso ideal para os cachorros. Tudo depende da constituição física, que varia de raça para raça (e também entre os vira-latas) e de outros fatores como idade, nível de sedentarismo, etc. Por isso, a avaliação veterinária é fundamental para determinar se o cachorro está gordo e quais providências devem ser tomadas.
O excesso de peso nos cachorros não é apenas um incômodo. Também não é apenas uma questão estética. Cachorros gordos vivem menos e com menos qualidade de vida. Ao perceber o problema, os tutores devem recorrer aos serviços médicos, para corrigir o problema e garantir o bem-estar e a saúde dos pets.
Cachorro gordo: Um problema comum
Não existem estatísticas sobre os cães brasileiros, mas, nos EUA, um terço dos cachorros sofre com sobrepeso, obesidade e os malefícios decorrentes destas condições. Estima-se que o total no país seja um pouco menor, mas tente a aumentar.
Um dos principais facilitadores do ganho de peso nos cães (e nos humanos também) é o sedentarismo. Mesmo considerando que o pet receba uma ração balanceada e na quantidade correta para as suas características, a falta de exercícios físicos favorece o surgimento de cachorros gordos.
Muitos tutores negligenciam os passeios diários, com as mais diversas justificativas: calor demais, frio demais, chuva, agenda lotada. Mas os cachorros precisam passear. Esta é a forma com que eles entram em contato com o mundo exterior, aprender a conviver com humanos e outros animais.
As caminhadas favorecem o desenvolvimento cognitivo, fortalecem os elos entre pets e cães e são fundamentais para a manutenção da boa forma física. Um passeio de 30 minutos garante uma silhueta elegante e a saúde em dia.
1 – Problemas cardíacos
Problemas que envolvem o coração do cachorro são mais comuns do que se imagina. Um cachorro gordo certamente sobrecarrega o músculo cardíaco, prejudicando o fluxo sanguíneo – e, consequentemente, todas as funções metabólicas.
O excesso de gordura pode determinar a formação de coágulos nos vasos sanguíneos, facilitando os infartos, AVC e tromboses. A gordura se deposita nas paredes de veias e artérias e gradualmente reduz a passagem do sangue, até o ponto de um total bloqueio.
2 – Diabetes tipo II
O diabetes do tipo II se desenvolve principalmente a partir de maus hábitos alimentares. O alimento em excesso se transforma em gordura, que passa a ficar estocada no organismo. É como se fosse uma reserva estratégica para períodos sem alimento (na natureza, os animais podem passar dias sem encontrar uma presa).
O pâncreas, no entanto, continua na sua tarefa: estimular, com a produção de insulina, a glicose a penetrar nas células (a glicose, combinada com o oxigênio, se transforma na energia necessária para todas as atividades orgânicas). O órgão também produz outro hormônio, o glucagon, que inibe a penetração da glicose nas células.
Com “excesso de oferta”, no entanto – o organismo transforma os carboidratos em moléculas simples de glicose –, o sangue passa a circular com muita glicose, que não se transforma em energia. Esta é a definição do diabetes (que pode ser hereditário, mas, neste caso, os animais já nascem com deficiência de insulina).
O diabetes, além de prejudicar a produção energética do organismo, também pode causar complicações, debilitando o funcionamento do coração e dos rins. A maioria dos animais diagnosticados precisam receber doses diárias de insulina artificial.
O diabetes do tipo II também pode levar à cegueira e dificultar a cicatrização de feridas, facilitando o desenvolvimento de infecções oportunistas, uma vez que os cortes não se fecham com a rapidez necessária e deixam expostos alguns tecidos (como o sangue) que podem levar micro-organismos a todos os órgãos do corpo do cachorro.
3 – Distúrbios da tireoide
Hipotireoidismo e hipertireoidismo são doenças mais comuns em cachorros adultos, quase nunca afetando os filhotes. São enfermidades metabólicas, provocadas por alterações na produção dos hormônios da tireoide, que regulam o “pique” do cachorro.
No hipotireoidismo, o pet pode se mostrar apático, pouco interessado em brinquedos e correrias, com muito sono, etc. O hipertireoidismo causa picos de energia, em que o cachorro se mostra hiperativo, seguidos de pausas prolongadas de apatia.
Estas doenças só podem ser diagnosticadas através de exames laboratoriais, mas prejudicam bastante a qualidade de vida dos cachorros. A oferta exagerada de alimento por períodos prolongados pode comprometer o funcionamento da tireoide, que influencia o organismo, determinando o aumento ou perda do apetite, com a consequente perda ou ganho de peso.
Na verdade, é um vaivém. O cão engorda porque está com problemas na tireoide, exagera na quantidade de ração e prejudica ainda mais a glândula, que apresenta funções ainda mais anômalas, que alteram o apetite dos pets.
4 – Doenças osteoarticulares
São os malefícios causados pelo excesso de peso nos ossos e nas articulações. Muitas raças caninas são geneticamente predispostas a sofrer com transtornos osteoarticulares, mas qualquer cachorro gordo certamente terá problemas de locomoção no médio prazo.
Cães pequenos, como o yorkshire, lhasa apso, maltês e pinscher, são os que mais sofrem com problemas nas articulações, como a luxação medial patelar. Os peludos grandões, como o retriever do labrador, dogue alemão, golden retriever e quase todos os pastores e boiadeiros sofrem com a displasia coxofemoral, mas o problema também é comum entre cães obesos, inclusive sem raça definida.
Mas, mesmo sem o surgimento de problemas nos ossos, todos os cachorros gordos apresentam dificuldade de locomoção. O motivo é simples: o esqueleto dos pets precisa suportar uma carga muito maior do que a normal. Eles literalmente carregam gordura o dia inteiro.
5 – Problemas renais
O excesso de toxinas da alimentação obriga os rins do cachorro gordo a trabalhar muito mais. Com o passar do tempo, os órgãos passam a não dar conta de filtrar todas as substâncias residuais (não aproveitadas pelo organismo).
Cachorros gordos apresentam forte tendência para desenvolver a doença renal crônica. Poucos animais, no entanto, apresentam sinais visíveis nos primeiros estágios da doença (como o aumento da sede), que geralmente só se manifesta quando mais de 70% da função renal estão comprometidos.
A doença renal crônica pode exigir que o cachorro tenha de se submeter a sessões frequentes de hemodiálise, um procedimento ambulatorial que filtra o sangue no lugar dos rins. O problema é degenerativo e fatalmente causa a morte do animal doente.
6 – Distúrbios hepáticos
O fígado é outro órgão afetado pelo excesso de gordura. O órgão chega a estocar gordura, deixando de realizar as suas funções, ou executando-as de forma inadequada. O fígado é corresponsável por filtrar o sangue carregado de impurezas e também exerce funções importantes na digestão dos alimentos – é o órgão que produz e excreta a bílis, fluido responsável por digerir gorduras e ajudar a captar nutrientes no intestino delgado.
Cães das raças schnauzer e dobermann são especialmente suscetíveis a disfunções do fígado, mas as doenças podem surgir em qualquer raça canina. Os sinais iniciais são difusos (perda de apetite, cansaço, perda de peso, etc.), mas é possível identificar problemas hepáticos na urina (que se torna alaranjada) e nas fezes (que ficam cor de cinza).
Hereditariedade, Inflamações, infecções, como a cinomose, por exemplo, e até mesmo traumas podem ser responsáveis pelas doenças do fígado, mas a obesidade é um dos fatores mais comuns. O fígado, no entanto, é capaz de regeneracao completa. Vale a pena ficar de olho na dieta e nas manifestações clínicas.