Enjoar no carro é comum entre nós. Um cachorro também pode passar mal. Entenda por quê.
O seu cachorro fica enjoado quando viaja de carro? Ele não é o único. Muitos pets, especialmente filhotes, enjoam e até vomitam quando se deslocam a grandes velocidades. Os tutores, no entanto, não precisam entrar em desespero: à medida que crescem, os cachorros – pelo menos a maioria –, deixam de sentir os incômodos.
Um cachorro fica enjoado em um passeio de carro em função da estimulação do sistema vestibular (ou sistema gravitoceptor), um órgão do ouvido interno em forma de três semicírculos não relacionado à audição, mas ao equilíbrio. Este aparelho responde por detectar os movimentos do corpo.
A cinetose
O sistema vestibular é responsável por receber do ambiente e enviar ao cérebro as informações do movimento. Quando ele se desequilibra, há uma demora de percepção entre a visão e a audição, e isso gera enjoo e vômito.
A cinetose é um fenômeno verificado em diversos mamíferos, entre eles os humanos, cachorros e gatos. Nesta condição, ocorre uma perturbação no reconhecimento do movimento pelo sistema vestibular, sempre que o corpo está parado e o ambiente, em movimento aparente.
Outros motivos
Mas não é só esta a razão por que um cachorro pode ficar enjoado no carro. O estresse também gera o desconforto, principalmente quando o pet associa a viagem de automóvel a uma sensação desagradável ou dolorosa.
Por exemplo, depois de várias visitas ao veterinário, com exames físicos e toques desconfortáveis (agulhas, aparelhos muito frios em contato com a pele, etc.), o cão começará a ficar estressado no momento em que entrar no carro. O estresse interfere no processo digestório, provocando náuseas.
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Alguns cães podem ter anomalias no sistema auditivo que levam ao desequilíbrio e ao enjoo no carro em movimento. Até mesmo o excesso de cera e algumas infecções, comuns principalmente nos cachorros orelhudos, como os cocker spaniels, podem motivar o desconforto.
Não são apenas sensações ruins que provocam o enjoo no carro. Depois de um passeio com atividades físicas intensas, alguns cachorros ficam muito ofegantes e isso pode causar desconforto gástrico. Com a tranquilidade da volta para casa, a sensação de náusea fica ainda pior.
Às vezes, o cachorro simplesmente não gosta de sair de casa. Os animais idosos e cães de algumas raças, como o pug e o buldogue inglês, preferem a tranquilidade do lar. Saber que estão indo passear e terão de correr no parque pode fazer com que estes peludos fiquem agitados. O ideal é encontrar maneiras de distraí-los e sempre seguir o ritmo do cachorro nas brincadeiras.
Os sinais de enjoo
Todo tutor conhece o sintoma mais evidente de um cachorro enjoado: o vômito. O pet passa mal, suja o estofado do carro, o tutor se irrita e tudo piora, porque o cachorro não consegue entender por que o tutor está bravo. Se pudesse, ele correria para se esconder.
Além do vômito, um cachorro enjoado pode ficar muito quieto, sem interesse em interagir com a família, ou agitado demais, em função das dores e do desconforto físico (da mesma forma, ele não terá interesse em afagos e brincadeiras nesses momentos).
O cachorro ainda pode ficar ofegante, acelerar as inspirações de ar, salivar demais ou bocejar demais. São mostras evidentes de um mal-estar gastrointestinal e o melhor a fazer é parar o carro e deixar o pet tomar um pouco de ar antes de seguir viagem.
Prevenindo o problema
A primeira providência quando o passeio de carro está previamente programado é alimentar o cachorro pelo menos duas horas antes de sair de casa, para que o alimento tenha tempo de chegar ao intestino.
Uma hora antes de sair, recomenda-se recolher a tigela de água. O pet se sentirá mais confortável se o estômago estiver vazio quando ele embarcar no carro.
Nas viagens mais longas, recomendam-se paradas a cada duas horas – os intervalos devem ser menores para os cães de pequeno porte. Pare o carro no acostamento, deixe o pet observar a paisagem e respirar ar fresco. Lembre-se de manter a guia sempre afivelada, para evitar acidentes.
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Nos dias quentes, sempre que possível, procure só levar o cachorro no carro nos horários de temperaturas mais amenas. Viajar à noite é uma boa pedida para os peludos, mas evite ao máximo os estímulos visuais. Os olhos dos cães são mais sensíveis à luz e, por isso, a visão noturna deles é muito melhor do que a nossa.
O estresse, causado por experiências negativas ou pela lembrança do enjoo e desconforto, pode ser gradualmente superado deixando o cachorro explorar o carro. Deixe a porta aberta quando o veículo está estacionado, permita que o pet vasculhe os bancos e o painel, elogie a “ronda” realizada. Aos poucos, ele se acostumará e deixará de se sentir mal com os deslocamentos.
Durante os trajetos, especialmente com os filhotes, o ideal é deixá-los no piso do carro, longe das janelas. Muitos tutores fazem o oposto e abrem os vidros na esperança de que o ar circulante melhore a indisposição física, mas o problema quase sempre está no movimento e no desequilíbrio – e a visão de “moças, flores, janelas e quintais” em movimento contínuo só piorará o quadro.
Em situações muito frequentes e drásticas, os tutores podem optar por ministrar antieméticos aos peludos, sempre com orientação veterinária. Existem comprimidos à disposição nas pet shops, que devem ser oferecidos duas horas antes da viagem.