Alguns cachorros são flagrados destruindo tudo que veem pela frente. Veja como resolver o problema.
Cachorro destruindo tudo, o que fazer? Deparar cachorros roendo mastigando e destruindo almofadas, pés de móveis, rolos de papel higiênico, calçados e outras coisas que encontram pela frente não é nada agradável: além do prejuízo, há também o trabalho para colocar tudo no lugar.
Além de desagradável, o hábito também não é normal: quando um cachorro se torna destrutivo, ele está enviando sinais de que alguma coisa está errada. Para encontrar uma solução para este problema, os tutores precisam descobrir os motivos.
Causas físicas para o cachorro destruir tudo
Na quase totalidade dos casos, cães destruindo tudo são um sinal de que o ambiente é pobre de estímulos, o que provoca distúrbios comportamentais que vão da agressividade exacerbada à ansiedade de separação.
Os tutores, portanto, precisam atuar sobre estas causas para corrigir o problema. Mas é preciso lembrar que pode haver motivos físicos para a destruição. Antes de procurar formas de enriquecer o cotidiano dos peludos, é importante investigar algumas causas físicas.
Roer, mastigar e destruir são hábitos que podem indicar problemas bucais, como inflamações na gengiva, problemas na dentição ou mesmo ferimentos decorrentes de choques e quedas. O cachorro também pode estar desenvolvendo transtornos gastrointestinais.
Um veterinário pode identificar eventuais problemas neurológicos ou até mesmo metabólicos – neste caso, a destruição vem acompanhada por outros sinais, como sede excessiva (com aumento da micção), perda de apetite ou fome exagerada, alterações súbitas no peso, etc.
Troca de dentes e “mastigação furiosa”
Os filhotes ficam mais ou menos incomodados durante a troca de dentes, que tem início entre os quatro e os seis meses de vida: cães de pequeno porte tendem a perder os dentes de leite mais tarde e os tutores devem ficar atentos, porque é comum que a primeira dentição não caia e o “sorriso” fique uma mistura de dentes de leite e permanentes encavalados.
Muitas vezes, é preciso extrair os dentes iniciais. O problema não é apenas estético: os dentes encavalados prejudicam a mastigação e até mesmo a respiração dos peludos. A troca costuma levar até dois meses e a maioria dos peludos já apresenta a dentição permanente aos sete meses de vida.
Enquanto os dentes estão sendo substituídos, as gengivas coçam, ficam irritadas e inflamadas. A troca pode ser bastante incômoda ou pelo menos desconfortável: os filhotes nascem com 28 dentes e, na maioria das raças caninas, a dentição completa é formada por 42 dentes permanentes.
Para garantir o alívio necessário, os tutores podem providenciar mordedores, ossos sintéticos e brinquedos resistentes, para ajudar os cãezinhos na superação desta etapa. Os objetos devem ser resistentes, já que, caso se quebrem em pedaços pequenos, estes podem ser engolidos, causando danos graves.
Se os filhotes não tiverem alguma coisa à disposição para morder, naturalmente eles procurarão outra estratégia para se livrar do desconforto. Neste caso, eles usarão o que encontrarem pela frente: o resultado é muita bagunça e destruição.
Os cachorros podem apresentar falta de apetite e até recusa a se alimentar durante a troca. Com os mordedores, eles massageiam as gengivas e os dentes de leite se soltam com mais facilidade. É preciso muito cuidado para que toda a dentição inicial seja eliminada, para evitar problemas com o tártaro e a formação da placa bacteriana.
Cães destroem tudo devido ao tédio
Os cães adultos, quando apresentam comportamento destrutivo, quase sempre estão “informando” aos tutores que estão passando muito tempo à toa, sem nada divertido e útil para fazer. É o caso dos peludos que passam muito tempo sozinhos e isolados do convívio com a família.
Os cachorros são animais muito ativos. Na natureza, há alguns milhares de anos, eles passavam boa parte do tempo procurando comida, vigiando o território, ensinando os filhotes, namorando e até mesmo limpando o local do acampamento. Quando humanos e cães se uniram em uma parceria estratégica, as tarefas caninas se multiplicaram: eles passaram não apenas a caçar, mas também a defender o grupo, vigiar aldeias, guardar rebanhos e até lutar em guerras.
Atualmente, muitos cães continuam desenvolvendo atividades sofisticadas, como participação em ações policiais, guarda de patrimônio, trabalhos de busca e resgate e até ajuda em terapias para crianças, idosos e portadores de doenças físicas e emocionais.
A atividade está registrada no DNA dos cachorros. Por isso, passar o dia inteiro (ou apenas algumas horas) isolado, sem nada para fazer, é sempre prejudicial. Alguns cães se tornam agressivos e violentos, outros ficam amedrontados, muitos demonstram muito mau humor e quase todos acabam mastigando e destruindo objetos da casa, inclusive na tentativa de chamar a atenção dos tutores.
Confundindo mimos com falta de atividade
Mesmo os cães mais pacatos e bonachões podem ficar entediados com a falta de atividade. Vale lembrar que, há apenas algumas décadas, eles eram “profissionais”: um tranquilo buldogue inglês, por exemplo, tem entre os antepassados muitos campeões dos chamados “esportes sangrentos”: as lutas entre cachorros e até com outros animais maiores, como lobos e ursos.
O yorkshire terrier, considerado atualmente um cão de colo e companhia, foi desenvolvido, há menos de 200 anos, para a caça de roedores em galerias profundas das minas de carvão inglesas. O yorkie gosta de colo, mas também precisa de exercícios físicos.
Mais um exemplo: o beagle é um dos cães preferidos por quem tem pouco espaço, mas não quer se privar da companhia de um cachorro. Mas os cães da raça se especializaram na caça em grupos – eles eram usados especialmente para caçar raposas e texugos.
Por isso, um beagle é sempre muito ativo e barulhento: ele precisava latir com muita vontade para chamar a atenção dos caçadores – humanos e outros cachorros da matilha – para um rastro ou a visualização de uma presa. Os cães da raça podem ser criados em apartamentos, mas eles precisam de passeios e estímulos.
Demarcando território
Um cachorro pode desenvolver o hábito de destruir objetos por ter características territorialistas mais evidentes. Os peludos estabelecem relações próprias com as pessoas com quem convivem – e podem gostar ou não delas.
É comum ver um cachorro arrancando a grama junto ao muro ou a cerca da casa, roendo portões ou tentando afastar cortinas (e outros anteparos) das janelas, com os dentes e as garras, naturalmente.
Enquanto desenvolvem estas “tarefas”, os cães territorialistas quase sempre urinam no local, para marcá-lo com o próprio cheiro – uma das funções dos feromônios é justamente assinalar os “domínios dos peludos”.
Mais motivos para destruir tudo
O isolamento frequente gera solidão, tédio, ansiedade e frustração. Nada mais natural que o cachorro tente preencher os longos momentos com alguma atividade e, quando os tutores não oferecem desafios físicos e cognitivos, os peludos ocuparão o tempo com o que tiverem à mão (ou às patas).
O comportamento destrutivo pode ser apenas a única opção. Os cachorros não entendem o valor financeiro dos objetos: um tapete caro, por exemplo, para eles serve apenas para escavar, roer as pontas, enxugar a baba, etc.
Na mente canina, destruir um tapete (ou um pé de mesa, ou uma cortina), é uma forma adequada de ocupar as horas vagas e talvez seja a única opção. O cachorro certamente não entenderá as broncas, porque ele apenas encontrou uma solução eficaz para a solidão.
Incentivando mordidas
Muitos tutores se divertem ao observar os cachorros brincando de atacar. Muitas vezes, eles estimulam o comportamento, achando graça quando os peludos, furiosos, investem contra um brinquedo velho ou um traste inútil.
Para os cachorros, no entanto, não existe diferença entre um pedaço de pano velho e um edredom caríssimo recém-adquirido. Se eles forem estimulados a atacar o pedaço de pano, naturalmente investirão contra qualquer tecido que encontrem, uma vez que receberão reforço positivo quando dilaceraram o trapo que ia ser jogado no lixo.
As regras precisam ser claras. Os comandos básicos devem ser ensinados desde o primeiro dia da convivência, para que os cachorros entendam o que podem ou não fazer. Ao ouvirem um “sim” ou um “não” pronunciados de forma clara e firme, os peludos saberão o que se espera deles.
É importante lembrar que cada cachorro tem a sua própria individualidade e aprende a partir dos estímulos recebidos na família e no ambiente. Para alguns pets, um grito pode ser uma advertência suficiente para que eles interrompam um gesto qualquer.
Para outros – especialmente os que vivem com pessoas que falam alto e têm o costume de gritar –, a elevação da voz não faz nenhum efeito. Ela é a forma de comunicação mais usada pela família e não é entendida como advertência. As crianças pequenas reagem de maneira muito semelhante.
O que fazer quando seu cão destrói tudo?
Quando os cachorros começam a morder e mastigar o que não devem, os tutores precisam ser firmes, advertir os peludos e retirar os objetos do alcance. Os filhotes, na troca da dentição, tendem a morder tudo que encontram (inclusive os nossos dedos), mas nunca devem ser incentivados. Felizmente, esta etapa do desenvolvimento é bastante curta.
Os cães adultos que se tornam destrutivos precisam de atividades com mais intensidade. Ao deixá-los sozinhos, os tutores podem providenciar:
• brinquedos novos – não é preciso comprar objetos toda semana: basta fazer um revezamento e apresentar os brinquedos a cada dez dias, para que eles sempre tenham cara de novidade;
• alimentos e água – se os cães sentirem fome e sede, naturalmente procurarão aliviá-las. Antes de sair de casa, os tutores devem deixar bebedouros e comedouros. Existem alguns comedouros em que os cachorros precisam descobrir a forma de abrir (uma bola recheada de petiscos, por exemplo). Eles resolvem dois problemas: matam a fome e estimulam a inteligência canina;
• uma torre de vigia – os cachorros precisam ter acesso ao exterior. Os tutores podem deixar uma janela semiaberta para que eles possam vigiar o movimento da rua (ou das nuvens e passarinhos, no caso de morar em apartamento). Os cães organizam rondas para garantir que está tudo certo e, com isso, ocupam o tempo;
• um cheirinho do tutor – muitos cães ficam ansiosos quando estão sozinhos. Além de destruir objetos, eles podem revelar essas carências tornando-se ansiosos, amedrontados ou apáticos. Deixar uma peça de roupa ao alcance dos peludos faz toda a diferença: como eles são dotados de excelente faro, o cheiro familiar alcança as narinas caninas várias vezes no dia, deixando-os mais tranquilos e seguros.
Ao chegar em casa, os tutores precisam dedicar algum tempo para conversar com os filhos de quatro patas. Eles esperam o dia inteiro e o reencontro é um momento de alegria e festa. Alguns minutos de brincadeiras, seguidos por um pouco de mimo e aconchego, tornam os cães equilibrados e mais saudáveis.
É importante lembrar que os cachorros, independentemente da agenda dos tutores, precisam de caminhadas diárias e atividades físicas e cognitivas, de acordo com o temperamento e as condições de saúde. Viver com um cachorro gera uma série de obrigações, mas elas são fartamente compensadas pela lealdade, amor e afeto que só os peludos sabem oferecer.