Cachorro ciumento – Como resolver o problema?

A expressão não está correta, mas é possível corrigir o problema do cachorro ciumento.

Nós costumamos atribuir sentimentos humanos aos nossos pets. Por isso, muitas vezes descrevemos um cachorro ciumento para explicar determinadas atitudes. No entanto, cachorros não podem sentir ciúme – não no sentido de que eles acreditem que possam ser passados para trás por um rival. Mas eles podem ser possessivos e territorialistas.

Nossos cães são apaixonados e totalmente dependentes – características que podem conduzir a um ciúme doentio. Mas, na raiz, estas características são muito bem-vindas. Nós não podemos, no entanto, deixar que estas características extrapolem do normal, tornando-se doentias. Para o nosso bem e para o bem dos cachorros.

Confundimos cachorros ciumentos com cachorros territorialistas – o que, na verdade, todos eles são. Na natureza, os ancestrais dos cães modernos têm o hábito de estabelecer um território e, se necessário, lutar por ele. Em casa, eles tendem a entender como invasores todas as pessoas estranhas – visitas, prestadores de serviços, entregadores, pessoas que passam na nossa porta, etc.

O comportamento do cachorro ciumento pode esconder algo ainda pior: eles podem não confiar suficientemente na capacidade de liderança do tutor, geralmente entendido como o chefe, o alfa da matilha. Nestes casos, eles podem decidir tomar o lugar e, nestas situações, passam a disputar com os tutores a chefia do grupo.

Cachorro ciumento - Como resolver?

As sensações

É muito difícil definir o ciúme. Ele envolve certo sentimento de posse, mas, entre nós, pode ser considerado apenas um cuidado a mais. Quem usa, cuida, diz o ditado. Neste sentido, os cachorros não são ciumentos – eles não acreditam que possam ser passados para trás por um adversário, qualquer que seja ele.

Seja como for, o ciúme é um sentimento inerente a todos os animais gregários. Ele pode ser observado em animais tão diferentes como baleias e bodes monteses, por exemplo. Trata-se de uma estratégia natural para manter o grupo seguro e competitivo, em relação a outros bandos que partilhem a mesma região geográfica. “Quem está fora não entra, quem está dentro não sai”, como diz a letra do pagode.

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Cachorros podem, nesta medida, ter ciúme de outras pessoas (humanos e pets), mas não de objetos, por mais que gostem deles. Quando um cachorro “monta guarda” sobre um brinquedo ou a tigela de ração, ele está simplesmente garantindo a próxima refeição – e pode não querer dividi-la com ninguém, por mais próximo que seja.

Cachorro ciumento está demonstrando posse, territorialidade, exclusividade de recursos ou apenas tédio. Também pode ser apenas uma brincadeira – inadequada, talvez, mas apenas brincadeira. Os etólogos (biólogos especializados em comportamento animal) ainda não chegaram a conclusões definitivas sobre o assunto.

As características do cachorro ciumento

Um cachorro ciumento pode demonstrar a necessidade de “marcar território” em algumas situações. As mais comuns são as seguintes:

  • tentar chamar a atenção dos tutores, quando se sente ignorado;
  • tentar interromper uma interlocução do tutor com um possível adversário.

A forma de demonstrar o ciúme varia de cachorro para cachorro. É muito importante que todos os cachorros sejam socializados desde filhotes. Os passeios diários são fundamentais para que eles entendam que os tutores se relacionam com outros humanos e também com outros pets. Quanto mais comuns forem os inter-relacionamentos, mais naturais eles parecerão para os peludos.

Os cães ciumentos costumam ser aqueles que permanecem muito tempo isolados ou não recebem atenção adequada da família humana. Instintivamente, eles tentarão chamar atenção – e podem encontrar formas inadequadas de mostrar que estão se sentindo deixados de lado.

Os tutores, além de passear, precisam reservar uma parte do dia para simplesmente conviver com os pets. Alguns momentos diários de brincadeiras, correrias, adestramento, ou de intimidade – apenas ficar ao lado do tutor aumenta significativamente os elos de confiança.

Mas, se eles ficam sozinhos, se os tutores não encontram tempo, em meio às muitas atividades, para distraí-los e educá-los, eles demonstrarão a falta de educação: em resposta, eles podem:

• pular aflitivamente sobre os membros da família humana, a ponto de comprometer o movimento, especialmente quando os tutores chegam em casa, depois de um dia de trabalho ou estudos;

• desenvolver comportamentos destrutivos – quando ficam sozinhos por muito tempo, podem destroçar almofadas, pés de móveis, brinquedos, roupas, tudo o que tiver sido deixado ao alcance dos dentes e patas;

• tornar-se deprimidos ou ansiosos, com consequências emocionais e físicas para a saúde e o bem-estar;

• tornar-se medrosos, desconfiados de pessoas estranhas ou mesmo da família humana, já que não têm integração com ela;

• tornar-se agressivos, transformando-se no “terror da vizinhança” e até mesmo atacando a família. As agressões podem ser simbólicas – como latidos e rosnados, por exemplo – ou reais – como mordidas, recusa a brincadeiras, furtos, etc.

Em tudo, a atitude dos tutores se mostra como matriz dos comportamentos inadequados. Para se sentir seguro, um cachorro precisa estabelecer uma relação vertical com a família humana: nós mandamos, eles obedecem. É assim que funciona em uma matilha – não são todos os membros que podem dar opinião ou discordar das decisões do líder.

Portanto, quem convive com um cachorro ciumento pode ter certeza de que fez alguma coisa errada na educação do pet, seja quando filhote, seja na adoção de um adulto. Felizmente, cachorros aprendem rápido e querem fazer parte do bando. Por isso, é fácil reverter a situação.

Cachorros ciumentos: Veja os motivos:

  • Ansiedade

São diversos os motivos para o desenvolvimento da ansiedade. Se o seu cachorro se atira avidamente para você assim que percebe a chave na maçaneta, ele provavelmente não é ciumento, mas ansioso. Para corrigi-lo, além de providenciar uma boa dose de afeto – ingrediente essencial para o bem-estar da maioria dos seres vivos –, procure ignorá-lo ao chegar a casa.

Guarde as compras, tome banho, troque de roupas, confira a correspondência e só então permita que o peludo faça a festa. Inicialmente, ele ficará afoito, inseguro, desesperado por atenção. Em poucos dias, no entanto – desde que receba a atenção de que precisa e merece –, ele se acostumará com o novo ritual de entrada.

  • Agressividade

Se o seu cachorro é agressivo com estranhos, a melhor solução para corrigir o problema é exatamente expô-lo a estranhos. Os passeios mais longos e com mais frequência e a própria exposição a fatores estressantes – buzinas, escapamentos abertos, pessoas correndo, motocicletas, grande fluxo de carros, etc. – farão com que ele perceba o movimento com naturalidade.

Quando um cão é criado isolado dentro de casa, com pouco ou nenhum contato, é evidente que ele encarará qualquer mudança na rotina como uma invasão, uma ameaça. Faça-o perceber que o movimento, o tráfego e os ruídos são naturais. Eles podem ser inclusive desagradáveis, mas fazem parte do nosso “cenário” e não há nada que possamos fazer para modificá-los.

Caso o cachorro avance nos outros (mesmo as visitas), rosne e tente impedir o contato, seja firme: diga claramente que ele deve parar. Um simples “não” quase sempre é suficiente, desde que seja dito em um tom de autoridade. Não use castigos corporais, nem gritos. A postura firme do tutor é tudo de que o cachorro precisa para obedecer às ordens e comandos.

  • Troca de liderança

Muitas vezes, acostumamos os nossos pets com carinhos, afagos, brinquedos, recompensas que eles não fizeram nada para merecer. A intenção é louvável, mas o resultado é um tipo especialmente complicado de cachorro ciumento: aquele que acha poder tomar a posição de comando.

A troca de liderança também acontece na natureza, mas apenas quando o chefe deixa de exercer a autoridade. Isto pode ocorrer por velhice, fraqueza, doenças, um trauma que prejudique a mobilidade, etc. Em casa, o cachorro poderá tentar ser o “alfa” se entender que o tutor não é firme o suficiente. Para ele, este chefe não garante segurança, bem-estar, conforto, alimento, etc.

Pode parecer paradoxal: muitos tutores oferecem mimos e agrados muito além do necessário. Ocorre que os cães não sabem que nós podemos comprar quase tudo no mercado da esquina. Para eles, a força e a autoridade são necessárias para um “grande caçador”. Eles imaginam que nós devemos assumir este papel de vanguarda.

  • Situações específicas

Os cachorros não gostam de mudanças. Se a rotina garante o necessário para uma vida de qualidade, eles não entendem qualquer tipo de mudança como algo positivo. Por isto, em caso da presença de hóspedes, prestadores de serviços (como o encanador que vem fazer um reparo na torneira) e até mesmo mudanças reais de casa, os pets reagirão mal. É preciso dar tempo para que eles se acostumem.

Outra situação comum é a chegada de um bebê – que pode ser humano, canino ou felino. Nossos cachorros não gostam de rivais por perto, mas geralmente os acolhem e acabam tornando-se grandes amigos.

Porém, nós podemos, de alguma maneira, deixar o pet de lado para receber um serzinho novo em casa. Um bebê humano é o novo rei do lar, todas as atenções se voltam para ele. Mas é preciso deixar espaço para o cachorro. Em poucos dias, ele naturalmente identificará a posição do novo membro da família na hierarquia doméstica, mas terá dificuldades em aceitar ser ignorado pelos tutores.

Conclusão

Para resolver o problema do cachorro ciumento, talvez nós tenhamos de corrigir alguns defeitos em nós mesmos. Ter um cachorro significa tornar-se responsável por ele – desde a ração diária, até o cafuné do finalzinho da tarde.

Ser um tutor, no entanto, pressupõe assumir a posição de chefe, de orientador. Cachorros precisam da presença de um líder. Eles seguem a voz da autoridade, que não precisa ser violenta, nem agressiva, mas a atitude firme é fundamental, inclusive para o bem-estar dos pets.

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