Poucos meses depois da adoção, esta cachorra salvou a vida do homem que a acolheu.
Sadie é um cão da raça pastor alemão de seis anos que sempre se mostrou amorosa e leal. Na noite em que foi adotada, o tutor Brian Myers tentou tirar uma foto: quando ele se aproximou, ela correu, apoiou as patas nos ombros e deu um beijo estalado no rosto. Mas, além de amorosa, Sadie é também uma heroína.
Com o abraço improvisado na hora da foto, ela parecia que ela estava dizendo “obrigada por me resgatar”. Cinco meses depois, ela teve a chance de retribuir o gesto de amizade, salvando a vida do homem que a recebeu em casa.
A adoção
Sadie foi entregue ao Refúgio Animal Ramapo Bergen, um dos principais abrigos em Oakland, no norte de Nova Jersey (nordeste dos EUA). Os antigos tutores se mudaram para um edifício que não permitia a permanência de cachorros de grande porte.
Ela passou pouco mais de um mês no abrigo. Felizmente, o Ramapo Bergen não pratica a eutanásia caso os cachorros acolhidos não encontrem uma família substituta, regra permitida e largamente adotada nos EUA.
De qualquer forma, as chances de um cachorro de grande porte, com seis anos de idade, vir a ser adotado são muito pequenas. Mas Brian Myers sempre foi um forte defensor da adoção de cães e quis dar a Sadie uma segunda chance.
Ao telejornal Today, da rede NBC, Myers disse que conheceu Sadie e que “em 20 minutos ela estava confortável comigo. Então, dez minutos depois, ela estava pulando no banco de trás do meu carro, indo para casa”.
Myers e Sadie desenvolveram um forte vínculo de amizade. Apesar do porte, a cachorra se acostumou a dormir na mesma cama com o tutor. “Ela apoia a cabeça na cama, como se estivesse pedindo permissão. Quando eu digo: ‘ok, vá em frente’, ela junta os brinquedos e pula na cama”, disse o tutor.
O elo entre os dois amigos se fortaleceu ainda mais no início de 2021. Myers contraiu covid-19 e passou longos dias doente, acamado na maior parte do tempo. Sadie ficou na cabeceira da cama durante todo o período de convalescença.
Recuperado, Myers retomou a rotina. O tutor e a cachorra correm mais de 6 km todos os dias e Sadie foi um excelente estímulo para Myers, que, aos 59 anos, já estava muito mais propenso ao sedentarismo. “Ela me tirou da zona de conforto”, conta Myers, divertido.
O AVC
Tudo parecia bem. Depois de algumas semanas de observação médica, Myers havia recuperado o fôlego e superado todos os sintomas da covid-19. Mas havia um problema oculto se desenvolvendo: coágulos estavam se formando nos vasos, comprometendo a circulação sanguínea do tutor.
Myers acabou sofrendo um acidente vascular cerebral isquêmico. O AVC surgiu durante a madrugada, enquanto o homem estava dormindo. Ele acordou com dor de cabeça e mal-estar. Tentou ir ao banheiro, mas caiu no chão no meio do caminho.
Ele não conseguia controlar os membros e não tinha forças para se levantar. Sadie saltou da cama no mesmo momento em que Myers tentou se levantar e, ao vê-lo caído, deitou-se no chão ao lado do tutor e ficou lambendo o seu rosto.
A cachorra estava preocupada, ansiosa e um pouco chateada. Ao tentar consolar Sadie, Myers resvalou a mão na coleira e pensou que poderia usá-la como contrapeso para tentar se levantar. Quando ele agarrou a coleira, Sadie instintivamente se pôs de pé e começou a andar para trás.
Ela puxou o tutor com muita determinação. Myers conseguiu reunir as poucas forças que ainda tinha e, arrastando-se e engatinhando, conseguiu alcançar o telefone. “Se não fosse por ela, eu estaria deitado no chão até agora”, lembra ele.
Myers foi socorrido a tempo, nos primeiros minutos depois do AVC, quando as chances de recuperação sem sequelas são muito maiores. Ele continua em tratamento, porque o derrame afetou a fala e o lado esquerdo do corpo.
No hospital, enquanto estava acamado, Myers recebia mensagens de vídeo do irmão, que o socorreu e responsabilizou-se por cuidar de Sadie na sua ausência. A cachorra enfiava o focinho na tela do celular, tentando alcançar o amigo,
O reencontro ocorreu em clima de total emoção. Myers não conteve as lágrimas ao rever a amiga, companheira e, agora, salvadora. Ele resgatou Sadie do abrigo, mas ela garantiu a sobrevida do tutor, graças à inteligência e tenacidade.
O tutor fez questão de postar nas redes sociais os vídeos da reunião com Sadie. Ele diz ser uma pessoa tímida, mas queria demonstrar toda a gratidão que sente pela coragem, lealdade e firmeza da pastora alemã.
A história do salvamento de Myers foi retransmitida nas páginas de amigos e conhecidos. O Abrigo Ramapo Bergen também compartilhou as imagens do reencontro, com votos de que esta amizade continue inalterada por muitos anos.