Buldogue francês ou pug: qual é o melhor para as famílias? 

São duas raças de pequeno porte e ótimas para o convívio. Descubra qual é o melhor para as famílias: o buldogue francês ou o pug.

Tanto o buldogue francês quanto o pug são pequenos, ideais para apartamentos e casas pequenas, sem quintal. Nenhum destes cães precisa de muitos exercícios físicos – nem em quantidade, nem em intensidade. Ambos, por outro lado, são muito apegados aos tutores e exigem muita atenção, carinho e cuidados. 

As duas raças estão entre as mais populares no país. De acordo com a Confederação Brasileira de Cinofilia (CBKC), o buldogue francês é a segunda raça com mais registros em 2020 (último dado disponível), atrás apenas do lulu da Pomerânia (spitz alemão anão). O pug ocupa a quinta posição, à frente do golden retriever, do pastor alemão e do yorkshire terrier

Apresentamos a seguir as características principais das duas raças, os pontos positivos e negativos do buldogue francês e do pug e alguns aspectos da saúde, cuidados básicos, adestramento, para ajudar a decisão. Tudo depende, no entanto, do gosto pessoal dos tutores, já que os dois, apesar do tamanho, são campeões em charme e graça. 

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Buldogue francês

Semelhanças e diferenças importantes 

O buldogue francês e o pug são dois cães braquicefálicos – eles apresentam, como principal característica anatômica, o focinho encurtado. As origens das raças, no entanto, não poderiam ser mais diferentes. 

O pug se desenvolveu no Oriente (provavelmente na China, que é o país patrono da raça). Na região, os cães com trufa arrebitada, apontada para o alto, eram os preferidos dos criadores. Foi introduzido na Europa no século 16, por mercadores e aventureiros da Companhia das Índias Orientais e rapidamente se tornaram símbolos dos patriotas holandeses. 

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Pug

Até 1877, no Ocidente, só eram conhecidos exemplares de cor fulva. Nesse ano, um casal de pelagem preta foi trazido do Oriente. Atualmente, há também exemplares prateados e abricós, além dos pretos e de diferentes tons de bege. 

O buldogue francês descende de animais enjeitados pelos criadores ingleses, que, no século 19, desprezavam os cães mais frágeis. O interesse era por cachorros robustos: o buldogue inglês era empregado nas chamadas bull baitings (combates contra touros). 

Os menores eram abandonados ou abatidos. Um grupo de comerciantes franceses encontrou um grupo desses animais no porto junto ao canal da Mancha e decidiu levá-los para o continente. Em pouco tempo, os cãezinhos se popularizaram nos bairros proletários de Paris e, na segunda metade do século, tornaram-se mascotes de boêmios e artistas: consta que Edgar Degas e Toulouse-Lautrec sempre eram vistos na companhia de buldogues franceses. 

Os cães branquicefálicos

Os cães de focinho achatado sempre tiveram muitos fãs humanos no decorrer da história. Provavelmente, a cara amassada tornava a aparência dos animais menos perigosa e beligerante. Por isso, desde os antigos alanos europeus, diversas raças foram desenvolvidas com esta característica. 

No decorrer de séculos, criadores selecionaram artificialmente os cães braquicefálicos, em detrimento dos dolicocefálicos (de focinho alongado, mais parecido com o dos lobos). Os animais obtidos – buldogues, cavalier king charles spaniels, dogues de Bordéus, boxers, pug, etc. – podem ter um aspecto menos selvagem, mas tiveram de pagar um preço. 

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O pug tem o focinha achatado, igualmente ao buldogue frânces

Todas as raças braquicefálicas apresentam deficiências respiratórias. As narinas encurtadas também facilitam as infecções, uma vez que vírus e bactérias encontram portas abertas para atingir a laringe, a traqueia e os brônquios. 

Estas raças também são conhecidas pela expectativa de vida mais curta – entre oito e dez anos, sendo que o dogue de Bordéus é o menos longevo, atingindo de seis a oito anos de vida. 

Além dos transtornos respiratórios, os cães braquicefálicos também sofrem com problemas cardíacos e voluntários. No pug, os olhos esbugalhados também facilitam a ocorrência de traumas, inflamações e infecções oftálmicas. É importante ter isso em mente no momento da escolha. 

Prós e contras do pug 

O pug é um cachorro adorável. Ele é extremamente leal e muito apegado aos tutores – poderia ser descrito como um verdadeiro “chicletinho”, o que pode ser considerado um ponto positivo ou negativo, de acordo com o temperamento e as expectativas dos candidatos à adoção. 

A maioria dos tutores descreve o pug como amoroso e muito doce. Por outro lado, é também bastante brincalhão, apesar de não suportar jogos e exercícios muito intensos. O pequeno porte – 25 cm a 36 cm de altura na cernelha e peso entre 6,5 kg e 8,5 kg, sendo os machos um pouco maiores – é convidativo para muitos tutores. 

Mas é preciso estar atento: o pug é um cachorro guloso, pidão e avesso à atividade física. Ele precisa ser estimulado, com brincadeiras e passeios, a manter-se em forma, mas é frequente encontrar cãezinhos da raça com 10 kg ou mais e a obesidade compromete ainda mais os transtornos respiratórios. 

Veja também: A personalidade do pug

Por outro lado, o tutor pode estar procurando exatamente isso: um cachorro que não precise de atividades intensas, nem de longos passeios diários. Uma volta diária no quarteirão é suficiente e provavelmente ele voltará para casa no colo do melhor amigo. 

Algumas adaptações são necessárias. Por exemplo, um pug pode precisar de um degrau para alcançar o sofá e a cama – e ele passa muito tempo em cochilos e sonecas. Os cães da raça latem pouco e os sons são baixos, apesar de agudos. Quem mora em apartamento não incomodará os vizinhos com o barulho de um pug. 

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Pug

Um ponto importante: o pug é extremamente inteligente e curioso. Ele precisa ser estimulado com brinquedos inteligentes. O adestramento é fácil. Estes cãezinhos assimilam rapidamente os comandos básicos e podem surpreender com alguns truques, como rolar no chão, fingir-se de morto, etc. 

O pug dificilmente estranha visitas e quase nunca é visto tentando avançar contra desconhecidos. Ele também se dá bem com outros pets, mas pode ficar um pouco estressado com gatos e outros cães muito agitados. 

Ele adora colo, cafuné e sonecas ao lado dos tutores. É apegado e não gosta de ficar sozinho, sem atividades para se distrair. 

O principal ponto negativo da raça é o focinho achatado. Esta característica é mais pronunciada no pug do que em qualquer outro cachorro braquicefálico. Alguns especialistas chegam a afirmar que os acasalamentos entre pugs devem ser desencorajados ou, pelo menos, devem ser selecionados os espécimes mais “narigudos”. Seria uma alteração drástica na raça, mas os futuros descendentes certamente respirariam melhor e teriam melhor qualidade de vida. 

Prós e contras do buldogue francês 

Ele é muito simpático e sempre desperta compaixão com a sua carinha de desprotegido e carente. Apesar de o buldogue inglês ter sido trazido ao Brasil há muito mais tempo, o francês conquistou a maioria dos candidatos a tutores. 

Os cães da raça são verdadeiramente apaixonantes. Por outro lado, são também muito dependentes da família. Dóceis e tranquilos, eles podem desapontar os tutores com o baixo nível de atividade física. O buldogue francês é um dos mais populares no país, mas é também o campeão de desistências. 

Alguns problemas não passarão despercebidos. Por exemplo, o buldogue francês tem uma tendência exagerada à flatulência: ele solta muitos puns, especialmente depois de completar dois anos de vida. Isto não compromete a saúde, mas pode afetar o relacionamento. 

Apesar da pelagem curta, o buldogue francês solta muitos pelos – no Brasil, durante o ano inteiro, mas é possível observar o aumento da queda na primavera e no outono. Os pelos são finos e sedosos. São muito admirados, mas também estarão espalhados por toda a casa em muito pouco tempo. 

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Buldogue francês 

E, mais uma vez, as aparências enganam. Apesar do tamanho diminuto – de 28 cm a 35 cm de altura e peso entre 8 kg e 15 kg, tanto para os machos, quanto para as fêmeas –, o buldogue francês não gosta de colo. Ele é pesado e não se pode esquecer que descende de cães de briga, mantendo algumas características de dominância. 

Um buldogue francês não nasceu para viver em quintais. Ele precisa da companhia humana e, apesar de ser um pouco mais independente do que o pug, inclusive ficando sozinho por períodos mais ou menos longos, ele exige carinho e atenção dos tutores. 

Ao deixar um destes cães sozinhos, aliás, é preciso ter em mente que eles precisam sempre de atividades: nada muito elaborado. Basta uma janela semiaberta, um brinquedo novo ou um barulho diferente. Do contrário, ele pode se tornar destrutivo e todos os buldogues sabem muito bem usar a força da mandíbula. 

O buldogue francês apresenta uma resistência improvável, apesar de também ter problemas respiratórios. Ele é um cão rústico e bruto, mesmo durante as brincadeiras. É comum ver cães da raça pulando de lugares altos (em função do porte, uma altura de três degraus deve ser considerada alta), correndo pela casa e esbarrando em móveis. 

Ele é muito apegado à família, mas pode ser a causa de alguns acidentes com bebês, crianças pequenas e até mesmo adultos com dificuldades de locomoção. Definitivamente, ele não é um cãozinho sensível e frágil como faz parecer à primeira vista. 

O buldogue inglês é conhecido pela tranquilidade, mas este primo francês é bastante inquieto e agitado. Mas há um fato que parece cativar a todos: eles ficam tranquilos quando a família está tranquila e “pegam fogo” nos momentos de brincadeira. 

Apesar de toda esta febre, o buldogue francês não é indicado para quem quer um companheiro fitness. Ele se cansa com facilidade e o programa ideal para os cães da raça é um curto passeio na praça, com várias paradas para recuperar o fôlego. 

O buldogue francês também late muito pouco: apenas no meio de uma brincadeira, quando estão excitados, ou em situações excepcionais e muito inusitadas. O latido é fino e agudo, mas reservado para poucos momentos do dia. 

A saúde do buldogue francês e do pug

Nas duas raças, as afecções respiratórias são os fatores de maior preocupação. O buldogue francês também é bastante suscetível a alergias e dermatites e provavelmente preocupará os tutores com otites e conjuntivites. 

Outro ponto comum às duas raças é a facilidade de desenvolver problemas ortopédicos. Pugs e buldogues franceses estão entre os pacientes mais frequentes nos casos de displasia de cotovelo, além de luxações e fraturas causadas por choques. 

O pug também é bastante suscetível a problemas ópticos. Os olhos destes cães são esbugalhados, com as órbitas projetadas para fora. Esta condição facilita tanto a ocorrência de complicações em traumas, quanto o desenvolvimento de alguns problemas oftalmológicos graves, como glaucoma, ceratoconjuntivite e catarata. 

A convivência em família

O pug costuma se dar bem com a família inteira, mas é capaz de se adaptar com facilidade à convivência com apenas um humano ou dois. Ele também gosta de dividir espaço com outros pets e raramente se mete em confusões. 

O buldogue francês é mais reservado e prefere ser filho único. Os genes responsáveis pelos excelentes lutadores do século 19 ainda estão presentes no genoma da raça. O ideal é que não haja outros pets em casa, mas ele prefere viver com gatos. 

Por outro lado, ele adora os adultos da família, a quem costuma ser extremamente devotado. O buldogue francês também se diverte com crianças, mas ele pode ser um pouco bruto: nas brincadeiras com bebês e crianças pequenas, é necessária a supervisão de um adulto. 

Na convivência com estranhos, nem o pug nem o buldogue francês costumam dar trabalho. O pug tende a ser amistoso, enquanto o buldogue francês é mais reservado e desconfiado, mas raramente ataca. O grande problema dos tutores é que, nos passeios, terão de parar inúmeras vezes para que desconhecidos possam admirar os cãezinhos, que angariam novos fãs por onde quer que passem. 

A atividade física das duas raças

Nenhuma das duas raças é indicada para tutores atléticos, que querem um companheiro para corridas. Especialmente quando se trata de atividade física intensa, o pug e o buldogue francês se cansam com facilidade. 

De qualquer maneira, é preciso encorajá-los, para evitar problemas com os quilos extras e também para socializá-los: se ficarem sempre em casa, podem se estressar na presença de estranhos. O buldogue francês é abrutalhado, mas resiste a apenas alguns minutos de brincadeiras. O pug pode perseguir uma bolinha por alguns instantes, mas é preciso cuidado com o fôlego. Para os dois cães, não se deve forçar o sistema respiratório. 

O adestramento do buldogue francês e pug

No ranking da “Inteligência dos Cães”, elaborado pelo psicólogo e etologista americano Stanley Coren, o buldogue francês ocupa a 55ª posição (das 79 possíveis) e o pug vem um pouco atrás, na 57ª colocação. Isto indica que a inteligência para o trabalho é mediana. 

Mesmo assim, o pug se destaca neste quesito. Ele aprende rapidamente os comandos básicos, quase não dá trabalho para descobrir o lugar do banheiro, da cama e da cozinha. O buldogue francês muitas vezes “erra” o lugar o xixi e cocô e, aparentemente, não fica muito preocupado com o desapontamento dos tutores. 

O pug é capaz de aprender alguns truques, como dar a pata, mas o tutor precisa ser persistente nas sessões de adestramento. Das duas raças, o pug é o que mais gosta de agradar e, por isso, está mais acessível ao treinamento e às repetições. 

A melhor escolha: Buldogue francês ou pug?

Os cães das duas raças apresentam diversas semelhanças e algumas diferenças que podem ser fundamentais no momento de escolher qual raça adotar. 

Se a ideia é correr, pular e vencer obstáculos, nem o pug nem o buldogue francês são indicados. Nas atividades mais amenas, o pug tem menos exigências. É preciso considerar também que ele é recomendado para bebês e crianças pequenas. Mas tudo permite exceções: com a pouca vitalidade do pug, talvez as crianças prefiram a vivacidade do buldogue francês. 

Nem o pug nem o buldogue francês exigem técnicas sofisticadas de adestramento. Eles não costumam ter problemas digestórios de grande monta e, por isso, fica fácil escolher a ração e os petiscos. A despesa com a alimentação também não interfere na escolha.

Em função das limitações respiratórias, contudo, podemos afirmar que o buldogue francês pode ser considerado a escolha certa para a adoção de um cão de pequeno porte. Mas o pug fica apenas um pouquinho atrás. 

Mas, queremos saber sua opinião.

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