Em primeiro lugar, vamos eliminar de uma vez por todas a expressão “donos de pets”. Cães, gatos e toda a companhia são seres vivos e, como tal, não devem ter donos. Os humanos que os recebem são tutores ou responsáveis, mas nunca são donos. Esta não é uma questão semântica: trata-se de uma modificação na forma de pensar e de agir.
Por acaso, alguém é dono de um bebê, ou de uma criança chamada Pedro ou Ana? Claro que não. Mas, mesmo trocando a nomenclatura, isto não é suficiente. É preciso trocar as atitudes, passando a respeitar as necessidades, interesses e desejos dos nossos cães e gatos. Os pets estão ao nosso lado para enriquecer a nossa experiência de vida, mas é muito importante que nós também possamos enriquecer a vida destes companheiros de jornada.
Os erros mais comuns dos responsáveis
Os donos (ou melhor, tutores) de pets devem adotar atitudes responsáveis. Mas, na maioria do tempo, eles adotam atitudes inadequadas ou mesmo erradas. Confira a seguir alguns erros que prejudicam os animais de estimação e podem inclusive se transformar em obstáculos para a vida dos que se predispõem a ser responsáveis por cães ou gatos:
• comprar ou adotar pets pela aparência: muitos “donos” escolhem o cão ou gato porque ele parecia ser o mais animado da ninhada. Isto, no entanto, pode significar adotar um macho alfa: ele é o “king of the hill”, ou o rei do pedaço, em bom português, e pode se transformar no dono da casa. Na natureza, animais gregários, como é o caso dos cães, sempre seguem um líder.
Isto é comum nas alcateias (bandos de lobos) e, por tabela, nas matilhas (bandos de cachorros, descendentes domésticos dos lobos). Em um grupo de huskies siberianos, por exemplo, existe sempre um chefe para conduzir os trenós.
Livre dos acessórios de trabalho, no entanto, estes cães (e todos os demais) entendem que podem se dedicar ao lazer e à brincadeira; no caso de um husky siberiano, isto pode significar arrastar o dono (tutor) em uma “caçada” de uma borboleta, por exemplo.
Animais alfa podem ser de difícil controle e são indicados para protetores experientes. Na hora da escolha, é importante verificar não apenas o comportamento do pet, mas também, se possível, de seus pais e dos demais filhotes da ninhada;
• bater nos pets para castigar os seus erros e traquinagens: esta atitude leva, no máximo, à geração de um sentimento negativo do cão ou gato em relação ao seu tutor. Os rancores podem permanecer por muito tempo, impedindo um relacionamento saudável.
O ideal é repreender os pets sempre que eles façam algo errado, como fazer as necessidades fora do local indicado ou apresentar comportamento agressivo em relação a visitantes ou prestadores de serviço. Outra medida é retirar a tigela de ração por alguns minutos, por exemplo. Isto leva o cão ou gato a entender que “pisou na bola”;
• deixar os pets sozinhos por períodos prolongados. Quem tem uma vida muito agitada precisa pensar em optar por ter um aquário ou um terrário de rãs – ou até mesmo de aranhas e escorpiões. Cães e gatos precisam de companhia.
Eles gostam de colo, de passeios (no caso dos cães) e de apoio em algumas situações limite, como uma queima de fogos em um dia de final de campeonato. Os pets mantidos isolados, sem companhia, tendem a se tornar tristes, saudosos e agressivos. As longas ausências dos tratadores podem determinar uma regressão a comportamentos primários e instintivos;
• optar por passeios muito longos. Gatos, em geral, não gostam de passear. Cachorros de pequeno e médio porte suportam caminhadas diárias de dez a 15 minutos (ida e volta). Mais que isto pode esgotá-los, provocando inclusive problemas de saúde.
Os cães braquicefálicos (de cara chata) quase sempre apresentam problemas respiratórios. Pugs, buldogues, shih tzus e boxers apresentam traqueia e narinas estreitas, além de um palato mole prolongado. As dificuldades respiratórias também afetam as trocas de calor (sujeitando os animais à hipertermia), causam problemas oculares (os olhos dos braquicefálicos são naturalmente saltados), dermatológicos e dentários.
Durante os passeios, é aconselhável levar água fresca para os cães e desenvolver a atividade antes das 10h ou depois das 16h (observe o horário de verão). Respeitar o horário é especialmente importante para cães de pelo curto ou de pelagem clara;
• estabelecer horários para as refeições. Não é conveniente deixar a tigela de ração permanentemente com alimento. Em primeiro lugar, cães e gatos entendem a comida como uma refeição – e tornam-se gratos por isto, mas, se a ração estiver sempre à disposição, eles provavelmente deixarão de respeitar os tutores por fornecer o alimento, que se torna uma condição trivial.
Outro ponto importante: a ração, exposta permanentemente, atrairá insetos, e alguns deles são bastante nocivos, tanto para o pet, quanto para o tratador. Depois de brincadeiras e exercícios, espere alguns minutos antes de oferecer alimentos: cães e gatos, quando comem, levam muito ar ao estômago e, por isto, a ração e a água só devem ser dadas depois que a respiração estiver normalizada;
• ter cuidado com as roupas. Cães e gatos não são bibelôs. Por isto, a menos que eles estejam sendo levados para um local muito frio, as roupinhas devem ser evitadas.
Seja como for, elas são indicadas apenas para as raças de pelo curto. Observe o seu pet. Ele tem o costume de dormir em pisos frios? Em caso afirmativo, ele é um “calorento”. No lugar das roupas, o mais adequado é providenciar um tapete frio;
• tome cuidado com os perfumes. Cães e gatos devem tomar banho regularmente (o prazo entre um e outro varia de acordo com a pelagem), mas o mais importante é a higiene, e não o aroma. Nós nos acostumamos a neutralizar alguns cheiros (como o cecê e o chulé), mas isto está longe de ser uma conduta natural.
Os pets têm o seu cheirinho peculiar, que pode não ser muito agradável para as nossas narinas. Estes aromas, no entanto, indicam que a pele e os pelos estão protegidos por algumas secreções. Apenas os bichos de pelúcia podem exalar perfumes.
Além disto, os nossos pets possuem memória olfativa. Isto significa que quem cuida de um cão ou gato por seis meses ou um ano será sempre reconhecido por ele – a menos que tenha o olfato (o principal sentido dos pets) seja prejudicado por aromas artificiais.
Lembretes importantes
1) Ofereça ração de qualidade, que por exemplo, pode ser encontrada na Zoobio.pt. A economia na hora da compra é mínima. Faça um teste: se os grãos forem muito secos (quebre alguns e verifique se eles se esfarelam), é muito provável que o pet terá problemas na digestão. No caso dos gatos, a ração muito seca será um estímulo aos problemas renais.
2) Castre o seu pet. Se o seu objetivo não é manter uma criação de cães e gatos, esterilize os animais. O procedimento cirúrgico, bastante simples, torna os pets mais tranquilos e menos territorialistas. Ao contrário do que muitos pensam, a castração não provoca sofrimento: os pets simplesmente deixam de sentir desejo sexual.
3) Utilize com regularidade produtos contra parasitas. Pulgas e carrapatos provocam incômodos indescritíveis aos nossos pets. Além disto, estes insetos podem ser vetores de doenças, algumas delas fatais, como é o caso doAncylostoma caninum e da Giardia canis, que afetam igualmente cães e gatos. Não deixe para usar os antipulgas apenas quando ocorrem infestações: prevenir é melhor do que remediar.
4) Ofereça petiscos. Não é necessário exagerar, o que apenas transformaria estes brindes em algo banal, mas oferecer biscoitos e chocolates específicos para pets são muito importantes para o adestramento. Além disto, o vínculo entre tutor e animal de estimação se torna mais estreito.
5) Leve o animal ao veterinário. Esta providência não deve ser tomada apenas quando o pet está doente: ela precisa ser uma rotina. A caderneta de vacinação precisa estar em dia e o médico precisa avaliar as condições gerais do cão ou gato, prevenindo doenças ou minorando os sintomas e o desenvolvimento de enfermidades comuns a determinadas raças e faixas etárias.