A hora de passear é provavelmente o momento mais aguardado do dia pelos cachorros. Aprenda a passear com seu cachorro.
Além de ser ocasião para sair de casa e explorar o mundo, é um tempinho especial, de aproximação com o tutor. A caminhada, no entanto, pode ser um suplício para os humanos. Aprenda a passear e divertir-se com o seu cachorro.
Os passeios são importantes porque representam oportunidades, para o cachorro, de descobrir o mundo ao redor, entrar em contato com outros pets, contatar humanos, familiarizar-se com carros e motos. Além disso, muitos peludos só fazem o nº 2 quando estão na rua.
Os pets que passam muito tempo isolados tendem a ficar entediados e ansiosos, podendo desenvolver doenças físicas e emocionais. Eles também podem ficar gradualmente mais agressivos, uma vez que não têm contato com outros seres. Em outras palavras, os passeios são fundamentais.
Dicas de como passear com seu cachorro
Para os humanos, as caminhadas diárias com os peludos também são úteis. Elas podem significar o único momento do dia para realizar atividades físicas, que previnem o sobrepeso, fortalecem a capacidade cardiorrespiratória, melhoram o humor.
Os cachorros que moram em apartamentos podem ter, nos passeios, a única oportunidade de atividade física do dia. Mas, mesmo os que desfrutam de uma casa com quintal e com um ou mais parceiros de brincadeiras precisam sair diariamente. É na rua que os pets descobrem outros seres – e as maneiras de se relacionar com eles.
Quem não tem tempo, de maneira nenhuma, para passear com o cachorro, precisa considerar a possibilidade de contratar os serviços de um dog walker. As necessidades do pet estão garantidas, mas, neste caso, os tutores se privam de bons momentos de lazer e companhia.
É importante aprender a passear com o cachorro de maneira que a atividade seja prazerosa para a dupla. Um filhote – ou mesmo um adulto recém-adotado – precisa aprender algumas coisas antes de sair para a rua.
Em primeiro lugar, é preciso certificar-se de que as vacinas e vermífugos estão em dia. Os cachorros podem se infectar em contato com outros pets e mesmo apenas permanecendo em locais antes visitados por peludos doentes, portadores de doenças contagiosas.
É importante o uso de algum produto contra os parasitas, como pulgas, piolhos e carrapatos, sempre presentes nas ruas. Os tutores podem optar por coleiras, talcos, sprays, pour-on (para aplicar na cernelha), etc. Ninguém que voltar para casa com visitantes indesejados.
A coleira
Os cachorros precisam se acostumar com a coleira. Mesmo os animais muito mansos podem se assustar com um barulho inesperado (uma buzinada ou cantada de pneu, por exemplo) e disparar em correria, colocando-se em risco de acidentes e podendo comprometer a integridade dos outros passantes.
Escolha um modelo resistente, que não aperte o cachorro. Em algumas cidades brasileiras, é obrigatório o uso de focinheira e guia curta para passear com cachorros de raças consideradas perigosas, como pitbull e mastim napolitano.
As plaquinhas de identificação, apesar de serem bonitas, não servem apenas de enfeite. Em caso de perda ou acidente, elas são importantes para localizar os tutores. Em algumas cidades brasileiras, o cadastro no RGA (registro geral animal, que fornece a plaquinha) é obrigatório por lei.
Outro acessório importante para os passeios é o saco, plástico ou de outro material qualquer. Pode ser uma sacola de supermercado ou uma folha de jornal velho. O nº 2 não se recolhe sozinho e os tutores responsáveis sabem que precisam deixar as ruas limpas depois dos passeios.
A focinheira não pode impedir a movimentação da mandíbula. Os cachorros suam principalmente pela boca e, se não conseguirem abri-la, não serão hábeis para regular a temperatura corporal – e o superaquecimento é bastante prejudicial à saúde, tanto imediatamente quanto no médio prazo.
Na hora da compra, escolha um modelo funcional – existem dezenas nas pet shops. Sempre que possível, a coleira deve ser bonita e vistosa, mas a funcionalidade é o principal aspecto a ser considerado: ela não pode ser apertada, nem tolher os movimentos. Alguns pets podem ser alérgicos a alguns materiais sintéticos.
Coleiras de pescoço são contraindicados, porque podem inclusive causar estrangulamentos (um simples puxão mais forte pode causar danos a cachorros de pequeno e médio porte). Os modelos ideais são os que prendem o peito do animal, com presilhas confortáveis e resistentes. Pela mesma razão, os enforcadores não devem ser usados.
O treinamento
Treine o uso da coleira em casa com o seu cachorro. Além de ser uma brincadeira divertida, ele precisa aprender a se comportar quando estiver andando nas ruas. Alguns comandos básicos, como “para”, “fica” e “do lado”, devem ser ensinados preferencialmente antes de começar a passear com o seu cachorro.
Nunca associe o uso da coleira a uma forma de castigo. Alguns tutores costumam colocar a coleira quando os pets se comportam mal – efetivamente, o acessório é incômodo nos primeiros usos. Mas, se ele relacionar ao castigo, dificilmente se divertirá quando for passear e tiver de usar a coleira.
O ideal é que os cachorros adorem a coleira e fiquem excitados e afoitos ao ouvir a palavra ou visualizar o tutor retirando o acessório do cabideiro (ou do prego detrás da porta). Os pets precisam ficar muito satisfeitos quando são “vestidos”: a ideia é que eles antecipem as aventuras que estão se aproximando.
Sempre coloque a guia em um local familiar, como o hall do apartamento ou o jardim da casa. Seja responsável: mesmo o cachorro mais amigável pode causar prejuízos com os dentes. Eles foram desenvolvidos pela natureza exatamente para esta função.
Os primeiros passeios
Devidamente paramentado, o cachorro pode finalmente ganhar as ruas. Ensine uma palavra de segurança para o seu peludo, como “vem”, “vamos” ou qualquer outra (o tom e o volume são mais importantes do que a palavra em si).
A técnica é simples: em um ambiente tranquilo, com pouco barulho, pronuncie a palavra diversas vezes, até que o cachorro se aproxime de você. Nestes momentos, é aconselhável que você tenha um petisco à mão para premiar o bom comportamento. Em alguns dias, as recompensas se tornarão desnecessárias.
Desta forma, quando o pet for solto em um parque ou em uma rua tranquila e amigável, bastará ao tutor pronunciar a “chave de segurança” para fazê-lo retornar a uma distância considerada aceitável.
Seja como for, jamais saia de casa sem guia e coleira. O cachorro pode ser dócil, estar e acostumado com o movimento dos transeuntes, mas um barulho inesperado, como o estouro de um rojão, pode ser o suficiente para causar uma disparada, com prejuízos mais ou menos sérios.
O pet pode ser solto momentaneamente em um canteiro, sempre com supervisão do responsável, mas não deve cruzar ruas e avenidas sem a proteção do tutor. Deixar o animal entrar e sair de casa a qualquer momento, então, é temerário.
O percurso
Nenhum cachorro, por mais inteligente que seja, nasce sabendo o que se espera dele, até mesmo porque cada tutor apresenta exigências diferentes. Os primeiros passeios na rua são uma pista de testes.
É importante que o peludo entenda quem está no comando da situação. Alguns, mais enérgicos (e teimosos), especialmente quando apresentam características de liderança e territorialidade, precisam perceber que é o tutor quem manda.
Caminhe alguns passos com o pet e não deixe que ele puxe a coleira: é você quem decide o trajeto, a intensidade da marcha, as paradas, os momentos de beber água. Sempre que julgar necessário, ofereça recompensas pelos acertos.
Mais uma vez, o tom de voz do tutor é importante. Caso o cachorro insista em tomar o controle, seja enérgico e abuse do “não”, uma palavra que ele consegue compreender desde filhotinho. Se ele pretende ir para a direita, vire para a esquerda. Se ele quer subir, desça.
Isto não significa que o pet não possa ter preferências. É natural que ele fique excitado quando se aproxima do parque em que pode jogar bolinha ou “conversar” com os colegas de quatro patas. Apenas, durante o treinamento, é importante que ele perceba quem é o líder – quem manda no pedaço.
Contudo, o adestramento está longe de ser um treinamento militar. Cachorros (e humanos) são curiosos e gostam de descobrir coisas novas, identificar os porquês, inclusive por questões de segurança: o cheiro deixado por um animal desconhecido em um poste pode ser muito importante para a vida da família – pelo menos, na avaliação dos pets.
Deixe o cachorro cheirar, observar, investigar. É importante treiná-lo para que ele não pegue coisas jogadas no chão, mas é muito difícil que isto não ocorra uma vez ou outra. Ele é um cachorro e se comporta como tal, não como um lorde inglês.
Em locais com muita aglomeração de outros cães, é necessário tomar alguns cuidados. Nas primeiras saídas de casa, não é possível saber qual é o comportamento do pet em relação a outros animais – e nunca é possível como os outros se comportam.
Os tutores precisam observar a linguagem corporal dos seus cachorros nos primeiros passeios. Se os lamberem a trufa, bocejarem ou se sacudirem intensamente, como se estivessem saindo do banho, eles estão estressados e podem se envolver em brigas.
O ideal é mudar o trajeto e evitar o confronto. Opte por ruas mais tranquilas e, nas primeiras experiências, procure não dar atenção para outros cães, o que estimularia o ciúme do seu pet. Retorne aos locais com tráfego intenso de cachorros, aumentando o tempo a cada vez. Os cachorros são animais gregários e, com o tempo e a repetição da situação, eles se tornarão mais amistosos.
O tempo do passeio
Apesar de ser uma atividade obrigatória para a saúde e o bem-estar dos pets, passear com seu cachorro não pode ser encarado como uma “obrigação”, algo que fazemos de mau humor e do qual nos livramos assim que possível.
O tempo do passeio diário é de 30 a 40 minutos, respeitando-se sempre as condições do cachorro: fôlego, frequência cardíaca, cansaço, etc. Alguns animais se cansam mais rapidamente, outros parem incansáveis. Em um caso ou outro, eles precisam aprender que quem define a hora de voltar para casa é o tutor.
Lembre-se de que cachorros não se incomodam com a chuva. Eles não se importam se vão ficar com cheiro de “cachorro molhado” ou se as condições do tempo são propícias para uma gripe ou resfriado. Por isso, não se espante quando o seu pet não esboçar nenhuma reação à aproximação de uma chuva.
De qualquer maneira, os passeios precisam ser encurtados – mas não cancelados – em caso de chuvas fortes e também quando o calor (ou o frio) está muito forte. Não é aconselhável passear em calçadas superaquecidas, nem expor os cachorros a baixas temperaturas. roupas confortáveis para o frio, sapatos para os terrenos muito quentes e até guarda-sóis são acessórios bem-vindos.
No caso de sol forte, caso seja necessário, faça o teste dos dez segundos: coloque a mão no asfalto por esse tempo e não se mova. Se a sensação térmica estiver confortável para você, o pet pode andar descalço nesse trajeto. E não esqueça uma garrafa de água para hidratar o pet.
O tempo será definido pela dupla. Depois de encerrado (com sucesso) o período de treinamento, tutor e cachorro podem decidir em conjunto se vale a pena ficar “mais cinco minutos” ou se já está na hora de voltar para casa.
Insista!
Como diz o ditado, a prática leva à perfeição. Nas primeiras tentativas, passear com o cachorro pode ser uma experiência frustrante. Os pets podem se mostrar confusos, amedrontados, ansiosos, desesperados para voltar à segurança da casa.
Nas primeiras caminhadas, alguns cachorros também podem tentar assumir a liderança. Certos pets aprendem na primeira reprimenda, outros necessitam de “mais argumentos” para aprenderem a se comportar.
Para os marinheiros de primeira viagem – os que adotaram o primeiro cachorro poucos dias antes –, passear com o cachorro parece ser uma tarefa simples e rotineira, mas a caminhada é uma atividade ou pouco mais complexa e difícil, mas também é prazerosa e divertida.
Os passeios são fundamentais para a sociabilização. Ao entender que outras pessoas, cachorros e veículos vão e vêm (e também algumas pombas, gatos, ratos, etc.), eles começam a entender o mundo e descobrem que nem tudo que é desconhecido é necessariamente perigoso.
As caminhadas também são importantes para o desenvolvimento físico dos filhotes e para a manutenção das condições ideais dos adultos e idosos (estamos falando de cachorros e de humanos). Além disso, elas servem para praticamente todos os tipos de adestramento.
Mais saudáveis e sociáveis, os pets se mostrarão mais seguros e equilibrados, controlados e com a saúde emocional em dia. Os tutores, além de aprender a passear com os cachorros, também precisam se divertir – afinal, esta é uma atividade lúdica com dois (ou mais) participantes.
Os passeios se tornam melhores a cada dia. Os cães desenvolvem a inteligência, reconhecem os passantes mais frequentes (podem até fazer festa para alguns), superam obstáculos – como subir uma ladeira íngreme ou saltar sobre uma cerca do parque, divertem-se e fortalecem os elos com os tutores.