Os cães também podem desenvolver diabetes. Confira as causas mais frequentes da doença.
Assim como ocorre entre nós, o diabetes em cães é uma doença metabólica que afeta o pâncreas, uma glândula abdominal que exerce, entre outras funções, o controle da circulação de glicose na corrente sanguínea.
A doença congênita (tipo 1) é rara entre os cães – no tipo 1, o pâncreas é formado na gestação com deficiências que prejudicam a metabolização da glicose. Os nossos peludos, no entanto, são suscetíveis ao tipo 2 – a doença adquirida –, no qual a glândula gradualmente vai perdendo as funções.
O controle da glicose
O pâncreas é responsável pela produção de dois hormônios muito importantes para a manutenção da vida: o glucagon e a insulina. As duas substâncias são fundamentais pelo suprimento de glicose para as células.
No interior das células, a glicose é combinada com gás oxigênio e a reação química resulta de ATP (trifosfato de adenosina), uma espécie de combustível para todas as funções orgânicas. Nos cães portadores de diabetes, esta produção de energia fica comprometida.
A regulação da glicemia – o teor de glicose na circulação sanguínea – depende basicamente da ação dos dois hormônios secretados no pâncreas. Enquanto o glucagon estimula a produção de glicose pelo fígado, a insulina bloqueia esta produção.
As causas da diabetes em cachorros
Os diagnósticos de diabetes em cães têm aumentado sensivelmente nos últimos 40 anos. Em parte, este fato é devido à evolução da medicina veterinária, mas a maior parte dos casos está associada aos maus hábitos.
São poucos os animais (cães e gatos) diagnosticados com diabetes do tipo 1, que é causada pela má formação do pâncreas, que deixa de produzir os hormônios necessários para o metabolismo da glicose.
Cerca de 30% dos pacientes do diabetes adquirido, no entanto, apresentam pancreatite crônica como causa potencial da doença, mas diversos outros fatores podem contribuir para a geração do problema.
Outras causas relativamente frequentes para o diabetes em cães são as seguintes:
- inflamações agudas e reiteradas do pâncreas;
- obesidade;
- alterações dos hormônios sexuais (as fêmeas não castradas apresentam duas vezes mais chances de desenvolver a doença do que os machos);
- doenças endócrinas e metabólicas (disfunções da tireoide são as mais frequentes);
- infecções bacterianas;
- doenças renais crônicas;
- insuficiência cardíaca, entre outras disfunções do coração.
O diagnóstico da diabetes canina
O diabetes, caracterizado pela elevação da glicose no sangue, é uma das doenças mais frequentes entre cães e gatos, principalmente depois dos cinco anos de idade. A anomalia, que apresenta um componente genético, parece estar fortemente associada a hábitos sedentários e à alimentação inadequada.
Os nossos peludos parecem reproduzir os hábitos dos tutores. A falta de exercícios físicos regulares e o alto consumo de alimentos calóricos são os principais responsáveis pelo tipo 2 da doença nos humanos.
O diagnóstico depende da avaliação do veterinário, secundada por exames de laboratório. O médico verifica as condições gerais dos cachorros afetados, investiga o histórico de saúde e os hábitos cotidianos através da conversa com os tutores e pode solicitar exames de sangue e urina para constatar o diabetes.
A doença é mais frequente a partir da meia idade e entre os cães idosos. As fêmeas parecem ser mais propensas ao desenvolvimento do diabetes, que afeta algumas raças com mais frequência. É o caso do dachshund, poodle, schnauzer miniatura, beagle, pug e pinscher miniatura.
Animais maiores, como golden retriever, samoieda, doberman, sheepdog e springer spaniel inglês são mais afetados a partir da velhice. Entre os cães de grande porte, o sedentarismo e os maus hábitos alimentares parecem ser preponderantes para o desenvolvimento da doença.
Sinais e sintomas de diabetes em cães
Um sinal específico, que deve deixar os tutores em alerta, é o aumento da sede, com a consequente maior ingestão de água e maior volume da urina. Os cães afetados pelo diabetes quase sempre também passam a comer mais.
A gula, nestes casos, pode se revelar excessiva, causando quadros de sobrepeso e obesidade rapidamente. As alterações no apetite costumam ser repentinas e muito sensíveis. Os tutores precisam ser firmes e recusar os pedidos por comida, por mais insistentes que sejam.
Alguns problemas oculares estão relacionados ao diabetes em cães. Os olhos dos peludos precisam ser inspecionados regularmente, em busca de alguma opacidade. A catarata, que pode levar à cegueira, pode ser constatada precocemente, ao notar que o cristalino está ficando embaçado.
O cristalino é uma lente situada atrás da íris (a parte mais visível e colorida dos olhos dos vertebrados), cuja transparência permite que os raios de luz a atravessem e alcancem a retina, onde as imagens são formadas.
A cetoacidose também é comum entre os cachorros diabéticos. Ela decorre da deficiência da insulina. O sintoma também ocorre quando o pâncreas deixa de produzir totalmente o hormônio e quando o organismo cria resistência à insulina, em um processo autoimune.
O organismo canino, em função da carência de açúcares e gorduras, passa a consumir proteínas para gerar energia. O problema também pode ser causado por desnutrição e até mesmo por jejum prolongado.
A síndrome de Cushing pode ser decorrente do diabetes e afeta principalmente cães idosos, sendo mais frequente em boxers, dachshunds, poodles e yorkshire terriers. A doença provoca o aumento da produção do cortisol.
Este hormônio atua no controle do estresse, fortalece o sistema imunológico, reduz inflamações, além de manter a glicemia e a pressão arterial constantes. A doença, quando negligenciada, pode levar o animal à morte.
A síndrome também se manifesta pelo aumento do apetite e da sede, do volume de urina, do ganho de peso e também pode causar distensão abdominal, distensão das veias do abdômen, escurecimento da pele e falhas na pelagem.
Outros sinais são inespecíficos e difusos, podendo ser causados por uma série de condições, mas também estão manifestos nos cães diabéticos, que chegam a apresentar letargia, cansaço sem motivo, pelos opacos e secos, etc. Quando o diabetes é acompanhado da cetoacidose, os animais podem perder peso.
O tratamento para diabetes canino
O diabetes não tem cura, mas pode ser sensivelmente neutralizado com o tratamento adequado, coadjuvado pela adoção de exercícios físicos e pela eliminação dos alimentos inadequados. Em alguns casos, as mudanças na rotina do cachorro permitem até a dispensa de medicamentos.
O acompanhamento médico é fundamental: os cachorros diabéticos precisam ser acompanhados pelo restante da vida, para garantir o bem-estar e evitar complicações. Em muitos casos, os pacientes precisam receber doses regulares de insulina sintética.
O tratamento para o diabetes canino deve ser seguido à risca pelos tutores; as negligências levam à morte. Em geral, o veterinário apresenta uma série de alterações na rotina dos cachorros, como aumento das atividades físicas.
Munido com o diagnóstico firmado, entre outras providências, o médico pode recomendar os seguintes métodos:
• insulinoterapia – é a base do tratamento. A aplicação do hormônio sintético quase sempre é diária e deve ser feita com seringas ou canetas. É muito importante seguir as dosagens indicadas pelo médico;
• acompanhamento terapêutico – veterinários e tutores precisam monitorar a ingestão de água, controlar o apetite e a quantidade de alimento (e consequentemente reduzir o ganho de peso) e verificar o volume de urina;
• monitoramento da glicemia – assim como está disponível para humanos, há aparelhos específicos para medir o teor de glicose no sangue. O procedimento pode ser feito em casa;
• acompanhamento nutricional – na maioria dos casos, é preciso substituir a ração por um produto com baixos teores de açúcares e gorduras. Biscoitos e petiscos também precisam ser avaliados e os “extras” – as pequenas porcarias oferecidas aos peludos – devem ser eliminados;
• prática de exercícios – a atividade física deve ser regulada de acordo com o estado geral de saúde do cachorro afetado. Em muitos casos, os tutores precisam apenas prolongar o passeio diário em alguns minutos.
O regime alimentar adequado é fundamental para o sucesso do tratamento. Os cães afetados devem receber rações com baixo teor de carboidratos simples e com maior volume de fibras solúveis e insolúveis.
O teor elevado de carboidratos simples aumenta a hiperglicemia pós-prandial (o teor de glicose uma ou duas horas depois da refeição). As fibras contribuem para normalizar a glicemia e são igualmente benéficas para reduzir os triglicérides em circulação.
Aviso importante: O nosso conteúdo tem caráter apenas informativo e nunca deve ser usado para definir diagnósticos ou substituir a consulta com um veterinário. Recomendamos que você consulte um profissional de confiança.